Prelúdio
O sorriso de Pryh não
poderia ser maior, ela estava sentada a mesa com seus quatro melhores amigos,
dois deles que não imaginava ver juntos tão cedo. A garota chegava até a ficar
meio perdida sem saber com quem falar primeiro, porém com tantas novidades de
todas as partes a conversa acabou fluindo por sí.
– A propósito, Bell se
você não se lembrou ainda, esse é o Henry, agente sempre estava grudado na
faculdade. Henry essa é a doida que dividia o apartamento comigo na época de
faculdade, e que, quase não era vista porque ficava escondida atrás dos livros.
– É eu me lembro disso
agora. – disse ele rindo – Acho que nos falamos bem pouco naquela época.
– Também acho, a única
coisa que me recordo é de você arrastando a Pryh do quarto pra ela tomar um
pouco de sol.
– Ela já tinha esse mal
habito há tempos então. – disse Ryo enquanto terminava de ajeitar a travessa de
nhoque na mesa, Pryh havia ido até a cozinha para pegar mais uma taça, prato e
talheres para Henry.
– Henry, acho que você
vai ter que fazer isso com ela outra vez. – comentou Lele baixo pra que Pryh
não ouvisse.
– Sem problema. – disse
ele sorrindo um pouco triste – Ela se jogou outra vez no trabalho depois que
foi me visitar?
– Infelizmente. –
comentou Ryo.
– Não tem problemas,
com nós dois aqui vai ser impossível ela se concentrar apenas em trabalho. –
Anabell tentou confortar as duas.
Pryh voltou da cozinha
colocou os talheres, prato e taça no lugar, e se sentou novamente entre Bell e
Henry que trataram de mudar o assunto para algo mais alegre assim que ela
chegou. O jantar seguiu, a toda hora eles se lembravam de alguns episódios
engraçados da faculdade e até mesmo de coisas que aconteceram depois do termino
da mesma. Bell aproveitou para conhecer Ryo e Lele e as duas relembraram a
época em que Pryh foi morar com elas.
– Bom agora que todo mundo
já jantou vocês dois devem esta querendo descansar não é?
– Não estou cansado
não... – comentou Henry
– E, além disso, ainda
tem louça pra lavar...
– Bell poder parar,
você não vai lavar louça nenhuma... E você também não Henry.
– Mas... – os dois começaram
juntos.
– A Pryh está certa,
além disso, temos uma surpresa para você Bell. – disse Lele sorrindo como uma
criança que aprontou.
– Surpresa? – perguntou
a menor confusa.
– GOD é o dia das
surpresas ou o que? – Henry brincou.
– Foi ideia da Pryh.
– Não seja modesta Ryo,
vocês duas também ajudaram muito.
– O que vocês
aprontaram? – perguntou Bell um pouco temerosa, quando a sua antiga companheira
faculdade inventava algo geralmente não era nada simples.
– Você vai descobrir
logo Bellzinha. – Pryh sorriu diabolicamente
e a mais nova ficou ainda mais receosa.
– Henry vem com a
gente, se a Bell desmaiar você segura ela também. – brincou Luana fazendo com
que Henry seguisse atrás das quatro meninas um pouco sem graça, ele havia
segurado Pryh por puro instinto, era sempre assim desde a faculdade, ele sempre
a ajudava quando ela estava precisando, mesmo quando não queria isso.
– Nem ligue, depois
desses anos eu me tornei a prova de desmaios. – comentou Bell fazendo todos
rirem.
– Bell agora fecha os
olhos, e os mantenha assim até eu dizer que abra. – a advogada interrompeu.
– Okay, mais olha lá o
que vai aprontar em Pryh!?
Priscila conduziu a
amiga até o centro do quarto para que ela pudesse ter uma vista ampla do mesmo.
Deu alguns passos para trás e disse: – Pode abrir agora, e seja bem vinda ao
seu novo quarto.
Quando ela abriu os
olhos não pode crer no que via. O quarto estava lindo, e se fosse ela quem
tivesse escolhido não teria saído tão perfeito. A parede atrás da cama possuía
um tom de roxo não muito escuro, cortados por duas faixas brancas. As outras três
paredes tinham o mesmo padrão, porém com as cores invertidas. A cama era de um
material metálico escovado de cor prata, assim como os puxadores do closet
branco que ficava paralelo à mesma. Essa estava com um lençol de um tom lilás e
branco muito cleen, flanqueada por dois criados. Próximo à porta havia uma
cômoda que poderia ser usada como penteadeira, visto o tamanho do espelho que
havia em cima desta. Um divã de estofado num tom escuro entre roxo e cinza foi
posicionado próximo à janela, e para finalizar o quarto possuía um tapete de tom
roxo escuro, bastante felpudo, que ocupava metade do cômodo.
– Pryh! Não acredito
que vocês fizeram isso. É lindo, perfeito! Ai meu Deus eu tô sem fala. – as
palavras saíram num jato, enquanto a médica abraçava Priscila que agora sorria
aliviada – Meninas todas vocês muito
obrigada mesmo, eu nem sei o que dizer.
– Então não diga, só
abrace – falou Ryo rindo enquanto se juntava a Pryh, Bell e Lele num abraço em
grupo.
Henry apenas se
recostou ano batente da porta observando a cena, ou melhor, observando o
sorriso e a o brilho dos olhos de uma delas, fazendo com que ele mesmo sorrisse
involuntariamente. Depois que se soltarem Bell foi até o painel passando a mão
pela superfície do mesmo. Ela percebeu que era um painel de metal, mas a
riqueza de seus detalhes fazia parecer uma pintura.
– Eu realmente queria
poder dizer algo pra agradecer. – ela comentou ainda analisando as flores.
– Não precisa dizer
nada, já vimos que você gostou.
– Se eu goste Ryo? Eu
amei! Esse painel é lindo, o quarto tem minha cor favorita e os moveis são tão
a minha cara que acho que nem eu poderia ter escolhido melhor.
– A pintura foi ideias
da Pryh, Ryo fez o painel e eu ajudei a escolher os moveis. – Explicou Kelle se
sentando na cama ao lado de Ryo que sorria orgulhosa do próprio trabalho.
– Vocês juntas são
realmente um caso sério! – Bell falou enquanto balançava a cabeça.
– Isso é pura verdade –
confirmou Henry rindo ainda encostado na porta.
Pryh olhou de um para o
outro fazendo careta e disse para Bell terminar de arrumar suas coisas e depois
tomar um banho.
– Tá bom mãe! Mas, antes me deixa babar mais um pouco. – disse ela se
jogando de costas na cama como se tivesse oito anos de idade. Ryo e Lele saíram
do quarto e seguiram para a cozinha lavar a louça. Pryh puxou Henry pela mão levando-o
para o quarto de hospedes.
– Acho que vai ver que
seu quarto mudou um pouco.
– Você ainda insiste na
ideia de chamar o quarto de meu?
– Que culpa tenho eu se
ele é a sua cara? – disse abrindo a porta e o empurrando pra dentro. – E ai
melhor ou pior?
– Hum... – Henry
observou cada detalhe do quarto.
O cômodo realmente
havia mudado um pouco, a parede próxima à cama agora tinha uma textura cinza um
pouco mais escura. A porta que dava acesso a um pequeno closet agora parecia
mais a continuação da parede, pois havia ganhado uma textura diferente. A cama de
solteiro também havia sido substituída por uma cama de casal e a poltrona que a
ladeava foi trocada por uma maior, era cinza chumbo com alguns detalhes
coloridos. No lugar da antiga raque
agora havia um estante um pouco maior que tinha algumas miniaturas de carros
adornando-a. – Até isso você lembra? – disse ele apontando para um dos
carrinhos. >Foto
1< >Foto2<
– São só detalhes. –
disse ela sorrindo.
– Que fazem uma grande
diferença. – ele comentou e depois sorriu olhando para ela de um jeito sapeca.
– Adorei que você tenha deixado o mesmo carpete e os criados, eu gosto deles, mas
a cama ficou bem melhor, tem muito mais espaço agora.
Pryh não aguentou e deu
um pedala na cabeça de Henry que resultou nele enchendo a de cócegas. Os dois
começaram a rir e acabaram se desequilibrando e caindo na cama.
– Sentia falta disso. –
comentou ele ofegando um pouco, ele havia caído por cima de Pryh.
– Eu também, apesar de
você ser muito besta.
– Quer mais cócegas é?
– Henry ameaçou prendendo os braços de Pryh.
– Okay, tudo bem retiro
o que eu disse. Você não é nem um pouco besta.
– Você mente tão mal. –
disse ele rindo e dando um beijo na testa da amiga.
– Hey eu não minto mal.
– Pryh concentrou todo seu peso e conseguiu virar ficando por cima de Henry,
prendendo os pulsos dele da mesma forma que fez com os dela momentos antes. –
Agora você que vai morrer de cócegas. – ameaçou ela com uma cara de diabinha.
– Vocês dois tranquem-se
aqui ou parem de se pegar! – disse Lele aparecendo na porta e rindo da cena.
– Está tão bom aqui...
– disse Henry sorrindo travesso.
– Pryh para de atacar o
Henry e vem lavar a louça, anda logo menina. – Lele virou as costas e voltou
pra cozinha ainda rindo, o que fez com que a advogada olhasse feio para o rapaz
que estava prendendo. Kelle começaria com as antigas insinuações novamente.
– Sorry docinho de leite ninho, terei de acabar com você mais tarde.
– disse a garota saindo de cima dele.
– Quero só ver, você
nem aguenta uma sessão de cócegas e já tá levantando bandeira branca.
– Cocegas pode não ser
a pior punição que eu imagino. – respondeu ela indo para a cozinha.
O resto da noite foi todo acompanhado de um ar leve, regado por
lembranças da faculdade, que ainda não haviam sido citadas no jantar. Já eram
quase duas da manhã quando eles se retiraram para seus quartos, isso porque se lembraram
de que no dia seguinte alguns ainda teriam de trabalhar, visto que era sexta
feira.
-X-
-X-
-X-
Lele
acordou com um barulho estranho vindo da sala, se levantou rapidamente pensando
que alguém poderia ter invadido o local, ao passar pela porta do quarto de Ryo
quase trombou com a mesma que também havia se levantado após escutar algo
metálico caindo.
– Hey, ouviu algo
anormal? –a fotografa perguntou, os olhos já puxados pareciam duas mínimas
fendas devido ao sono.
– Sim. – respondeu Lele
– Sabe se a Pryh ou o resto dos meninos acordou?
– Pryh tá dormindo feito um anjo, agora os outros eu não
olhei, sei lá como o Henry anda dormindo e não queria incomodar a Bell.
– Se a Priscila não tivesse dormindo no próprio quarto
diria que o pior que poderia encontrar era os dois dormindo abraçado feito duas
crianças.
– É isso seria bem provável... Ou não.
A risada baixinha das duas foi interrompida por outro som. Parecia que
alguém estava derrubando as panelas do armário. Elas se entreolharam e seguiram
cautelosamente para ver quem estava no cômodo. Quando chegaram lá encontraram
Henry e Bell fazendo o café da manhã.
– Eu disse que iríamos acabar acordando elas, sou muito desastrada. –
a menor reclamou enquanto terminava de fazer algo que parecia ser calda para
panquecas.
– Não se preocupa Bell já estava quase na hora de nós acordarmos.
Geralmente nós ficamos deitas lutando com a preguiça... – explicou Luana.
– Nós íamos acordá-las quando tudo estivesse pronto. – comentou Henry
enquanto colocava mais uma panqueca na bandeja que já estava bem cheia.
– Não se preocupe Mochi... E ai quer ajuda? – perguntou Lele já se
encaminhando para perto dele.
– Não! – respondeu ele direto.
– Tivemos a ideia de fazer o café para vocês então não atrapalhem. –
Bell emendou no mesmo tom.
– Credo Bell você parece até a Pryh falando. – reclamou Kelle com os
olhos arregalados, ela estava começando a ficar com medo da convivência
daquelas duas no apartamento.
– Falando nela, quero que me expliquem direito o que aconteceu depois
que saiu da faculdade, ela nunca contou o que ouve com o Bryan, todas as vezes
que eu tento tocar no assunto recebo uma desculpa.
– O básico você já sabe. Ele é um canalha imbecil. – proferiu Henry
rispidamente deixando sua áurea alegre ser consumida por um ódio mortal. – Mas
acho melhor ela te contar, agora que estão juntas novamente talvez seja mais
fácil, esse não é um assunto que levantaria em uma conversa por telefone.
Henry se virou novamente para a o grill tirando a ultima panqueca
deixando as três meninas de boca aberta. Vê-lo quase explodir de raiva só de
tocar em um nome não era algo comum.
– Acho que agora está tudo pronto. – comentou Bell depois de alguns
minutos de silêncio.
– Então vou acordar a minha pipoquinha
doce. – disse Henry depois de lavar as mãos.
– Você não tá mesmo pensando em acordar a Pryh tá? – perguntaram Lele
e Ryo ao mesmo tempo.
– Não estou pensando, eu vou,
por quê?
– Até eu lembro que ela odeia ser acordada. – disse Bell – Ela fica
com um humor terrível, eu sofria horrores na faculdade.
– É porque vocês não sabem como acordar ela com jeitinho. Agora me
deem licença. – Henry simplesmente deu as costas as três e saiu rumo ao quarto
de Pryh sem se abalar pelas palavras das garotas.
– Isso não vai dar certo. – Bell ainda balançava a cabeça
negativamente.
– Na verdade, da outra vez em que ele veio para cá, quando a gente
acordava os dois sempre estavam rindo no sofá ou no próprio quarto da Pryh,
então acho que ele a acordava antes de nós sequer levantarmos. – comento Ryo
após refletir um pouco.
– Isso é verdade, ela sempre estava animada pela manhã. – concordou
Lele.
– Ele bem que poderia ter me avisado isso na época de faculdade, assim
eu teria levado menos tapas na cabeça pela manhã.
– Henry é egoísta Bell, ele guarda o segredo de “como acordar a Pryh mantendo-se ileso” só para ele. – Ryo não pode
deixar de fazer uma piada depois de ver a cara de indignação da mais nova.
-X-
Henry entrou no quarto de Pryh,
mas não a despertou imediatamente, antes ficou vendo-a dormir, ele sempre dizia
que ela parecia um anjo quando dormia, pois mesmo nas épocas difíceis ela
mantinha uma serenidade inabalável durante as horas de sono. E isso não pareceu
ter mudado apesar dos anos que se passaram.
Após dar um beijo em sua testa
ele se levantou da cama, deu uns dois passos para trás e em seguida pulou bem
perto da garota adormecida que acordou instantaneamente puxando um travesseiro
para acertar em seu “agressor”. Henry, porém foi mais rápido a puxando pela
cintura enquanto desviava da travesseirada que levaria da amiga. Os dois mais
uma vez se viram cair de costas na cama, feito duas crianças enquanto ele a
atacava com cócegas, mordidas e beijinhos estalados no pescoço e rosto.
– Tá bom! Já acordei. Agora, por favor, para. – disse ela ainda
rindo.
– Certeza? Acho que você ainda
está com cara de sono. – ele continuou fazendo cócegas.
– Por favor, docinho de leite
niiiinho... – pediu ela tremula de tanto rir
– Okay já acordou. – respondeu
ele deitando-se do lado dela e a abraçando enquanto sorria angelicalmente como
se não tivesse feito nada – E ai dormiu bem?
– Dormi sim seu pestinha, e
você? A cama nova é boa? – Pryh também jogou os braços em torno do amigo.
– Ótima, pude me esparramar
todo, e ainda sobrou espaço.... – disse ele sorrindo pentelho, e caindo na gargalhada junto a Pryh – Bom Pryh
agora vai, levanta, a Bell e eu fizemos uma surpresinha para vocês como forma
de agradecimento.
– E quando é que combinaram
isso que não vi?
– Ontem à noite quando vocês
três foram apara a cozinha, a Bell que deu a ideia, acho que ela lembrou-se dos
tempos de faculdade...
– Como assim?
– Você já vai entender, agora
vem. – disse ele se levantando e puxando-a consigo.
-X-
– Aposto que ela vai bater
nele... – comentou Ryo
– Pelas risadas acho que se
enganou ele conseguiu mesmo. – disse Lele franzindo o cenho.
Nesse momento Pryh e Henry
entravam na cozinha, ainda abraçados e rindo de alguma besteira que ele falou
no corredor. Bell, Lele e Ryo ficaram paradas olhando a cena, aquilo era tão
estranho quanto ter acordado e dado de cara com Pryh preparando o café da manhã
anterior.
– Eu não disse que conseguia. –
disse ele sorrindo vitorioso para as três meninas em forma de estatuas.
– Agora pode explicar como você
consegue isso. – falaram as três ao mesmo tempo enquanto Pryh balançava a
cabeça rindo.
– Hum... Não vou é um segredo
que vou levar para o tumulo. – disse Henry sorrindo travessamente de depois
começando a gargalhar das caras de frustração das três meninas.
– Você é muito mal Mochi, eu
levava um tabefe na cabeça toda manhã na faculdade, e você nem para ajudar. –
disse Bell fazendo bico.
– Minhae Bell, mas, você nunca me perguntou isso.
– Mas agora estamos perguntando
e você não quer dizer. – protestou Luana.
– Não tem por que saber agora,
talvez quando eu voltar para Toronto eu digo para vocês. Só não sei se vai dar
certo... – rebateu ele olhando para Pryh e rindo.
– É pouco provável. – disse
fazendo uma cara estranha só para deixar as amigas ainda mais curiosas. – De
qualquer forma fui acordada para tomar café, e eu realmente estou com fome,
então vamos deixar a discussão para outra hora.
– Corram porque ela tá com fome
e se chegar primeiro não sobra nada! – gritou Ryo, só para implicar.
Aquele foi um dos melhores
cafés da manhã que os cinco já tiveram, tudo era motivo para piada. Pryh voltou
a desenhar em seus waffles com uma mistura de caldas, coisa que só fazia quando
estava extremamente feliz. Depois de todos terem se alimentado Bell e Henry
insistiram em lavar a louça tendo quase expulsado Pryh, Lele e Ryo da cozinha.
Não tendo mais o que fazer, e estando faltando cerca de uma hora para o horário
em que as três iriam trabalhar cada uma das garotas foram fazer algo, Ryo
selecionava algumas fotos, Lele analisava o script da nova peça e Pryh se
acomodou no sofá e foi chegar seu e-mail, havia duas mensagens, uma era do
escritório avisando que houve de imprevisto que causou o cancelamento de suas
reuniões, ou seja, ela teria o dia livre, já a outra era da Thêmis.
– Ai Meu Deus! – gritou ela
aflita após ler a ultima mensagem.
– O que houve Pryh? – Henry
apareceu na sala correndo encontrando uma Pryh jogada no sofá ao lado do
notebook.
– Isso. – respondeu ela
apontando para o computador com uma cara quem andava assistindo drama de novela
mexicana. Henry se dirigiu ao notebook, Bell, Lele e Ryo chegaram nesse
momento, então ele resolveu ler o e-mail em voz alta.
“Prezada Srtª Santos,
Através deste venho lhe comunicar
que ouve uma mudança na data de sua entrevista, esta foi remarcada para a próxima segunda feira as
10:00 horas.
Aguardamos sua presença.
Tenha um bom dia.
Liz Brandom.
Diretora do núcleo de contratações.”
– Isso é bom não é? – perguntou ele sem compreender a fisionomia
preocupada da amiga.
– Depende do que você entende por “bom”. Esse é um dos tipos de testes
da Thêmis. Eles sempre confundem os candidatos com imprevistos desse tipo.
Tenho que dizer que estou surpresa por essa tal de Liz não ter marcado a
entrevista para hoje à tarde, ou me mandado o e-mail na segunda feira de manhã.
– Você deve ter algum anjo dentro daquela empresa. – disse Lele
tentando animar à amiga.
– Talvez. – disse Pryh ainda fazendo bico enquanto Henry a abraçava.
– Não se preocupe pipoquinha doce você vai se sair bem.
Bell e Ryo apenas trocaram olhares questionadores ao ver aquela cena.
– Eu quero docinho de leite
ninho. – Pryh agora parecia um bebê olhando para o amigo com uma cara digna de
gato de botas do Sherek.
– Mas o Henry já tá aqui. – Ryo disse sem entender.
– Ela quer que eu faça, esse é um dos motivos de eu ter esse apelido.
– disse ele dando um beijo na bochecha da amiga e já se dirigindo para a
cozinha.
– Mochi faz o melhor docinho de leite ninho que eu já comi na vida. –
disse Pryh com os olhos brilhantes – Melhor até do que o meu, e olha que foi eu
quem ensinou ele fazer.
– Hey Lele, pode me mostrar
onde estão os ingredientes?
– Claro Mochi. – disse ela se levantando e seguindo atrás dele.
Ryo e Bell ficarão na sala tentando acalmar Pryh, enquanto Lele e
Henry seguiram para a cozinha.
– Ela ficou muito nervosa depois que recebeu o primeiro e-mail. –
comentou enquanto procurava pelos materiais.
– A Pryh sempre quis entrar na Thêmis, é normal ela ficar assim,
apesar disso ainda me deixa preocupado. É inevitável que ela se lembre da época
em que perdeu o estágio por conta do que aconteceu com o Bryan. – Henry cuspiu
a ultima palavra.
– Ela perdeu o estagio por causa dele não é?
– Infelizmente, foi uma época difícil, ela parecia outra pessoa.
– Mas felizmente ela tinha você. – disse Lele confortando-o.
– É talvez isso tenha ajudado. – Henry sorriu se lembrando de algo,
Lele percebeu que sua teoria estava certa. Aquela amizade tinha mais coisas do
que aparentava. – Mesmo agora ela não está cem por cento bem, mas vou vê-la
feliz ainda. – aquilo era visivelmente uma promessa que Henry cumpriria custe o
que custasse.
O resto do tempo em que eles permaneceram na cozinha foi tomado pelo
silencio, tanto Henry quanto Lele tinham coisas em mente. Quando voltaram para
a sala, Pryh tinha uma fisionomia um pouco melhor, mas seu rosto se iluminou
quando viu o prato de doces que Henry trazia nas mãos, esse por sua vez sorriu
ao ver a empolgação da amiga, ela seria sempre a mesma meninona. Ele sentou ao
lado de Pryh que já estendia as mãos para o prato, porém Henry o afastou, a
menor voltou a fazer bico enquanto o olhava com uma expressão confusa.
– Tem que me prometer que vai se animar, e vai encarar essa entrevista
com toda a sua garra. E nada de pensamentos pessimistas, todos aqui sabemos que
você é uma candidata de peso.
– De peso nada, mais pareço um palito – disse Pryh tentando mudar de
assunto mais parando assim que recebeu um olhar de desaprovação dos quatro –
Tudo bem eu prometo, mas você também tem que considerar meu ponto de vista,
depois de algumas recusas as pessoas ficam com pouco animo. – disse ela
sorrindo triste.
Henry segurou o rosto de Pryh fazendo com que ela olhasse em seus
olhos, lançando lhe um olhar significativo. – Não perca a esperança, como pode
saber se será recusada sem nem mesmo tentar novamente?
Ryo, Bell e Lele se entreolharam rapidamente, seria impressão ou
aquela frase tinha uma mensagem subliminar? Pryh suspirou e o abraçou Henry e
logo em seguia tirou o prato de doce de leite ninho das mãos dele.
– Hey! – disse ele fingindo raiva.
– Você fez para mim não foi? – questionou ela com cara de anjo, Henry
apenas balançou a cabeça desistindo. – Amoras vocês querem?
Mesmo depois de ter tomado um generoso café da manhã Priscila devorou
todo o prato de doce que Henry lhe entregou. Aquela garota realmente era um
buraco negro. Por fim Kelle e Luana saíram para trabalhar. Bell disse que teria
que acertar os últimos detalhes de sua transferência para a filial da clinica
de cirurgia plástica e também saiu pouco depois de praticamente ordenar que a
advogada ficasse em casa para fazer companhia a Henry.
-X-
– Está mais calma? – perguntou o moreno ainda acariciando os cabelos
da garota que estava aninhada em seu peito, mas prestando atenção na TV que
havia ligado momento antes para supostamente ver jornal.
– Se eu falar que estou você vai me fazer sair daqui? – perguntou ela
ainda com os olhos fechados o fazendo rir.
– Você sabe que eu não faria isso.
– Então estou sim.
O garoto ficou em silencio, apenas observando-a. Por mais que tentasse
não demonstrar ela parecia cansada e mais estressada do que nunca com a
entrevista de emprego, O rosto parecia tenso e os ombros rígidos, mesmo agora
que ela tentava parecer serena. Além disso, ele poderia aposta qualquer coisa
que ela não tirava férias a cerca de um ano e maio, data em que ela foi
visitá-lo no Canadá. Apenas para ter certeza ele resolveu tirar sua teoria a limpo.
– Pryh há quanto tempo você não descansa?
– Estou fazendo isso agora não estou?
– Não estou falando disso. Do seu trabalho, a quanto tempo não tem um
tempo de folga, de verdade?
A advogada começou a imaginar onde o amigo queria chegar, já que
provavelmente ele sabia perfeitamente qual foi a data de suas ultimas férias. E
ela tinha de confessar, teve um mês realmente relaxante, apesar de todos os
acontecimentos.
– Nem precisa responder.
– Henry, eu não estou precisando de folga agora, além disso, não da
para tirar férias agora.
– ‘Não dá’ e ‘não quero’ é bem diferente. Eu aposto, que sua equipe
não anda precisando de supervisão. Pelo menos foi isso que me contaram.
Priscila supervisionava o trabalho dos novos contratados da quarta
maior associação de advogados de L.A., sendo que a ultima turma de “iniciantes”
já estava com quase um ano de experiência. Os processos que ela levava para
casa eram apenas para ser vistoriados, pois os novos advogados seriam quem
realmente trabalhariam neles. Claro, os casos mais complicados exigiam uma
atenção maior, mas atualmente não havia nada que necessitasse de seu olhar
constante. Se ela quisesse poderia sim sair de férias.
– Não começa Mochi! – A garota o olhou por um breve segundo, um pedido
implícito de que ele não continuasse a falar disso pelo menos por enquanto.
Depois voltou a se aninhar confortavelmente do mesmo modo que estava antes.
Henry bufou balançando negativamente a cabeça, mas não havia nada que pudesse
fazer, não ainda.
Pouco depois do fim do jornal matinal o rapaz começou a sentir suas
pálpebras pesarem. Ele não havia dormido o suficiente para descansar da viagem,
havia passado parte da noite perdido em pensamentos e lembranças. Quando olhou
para Priscila percebeu que ela também adormecera. Levantou-se lentamente
carregando-a nos braços e caminhou em direção ao corredor. Iria levá-la para o
quarto, mas não queria se separar dela, a saudade que sentira durante o tempo
em que não a viu pareceu falar mais alto, então ele seguiu para o próprio
aposento. Depositou-a na cama, foi até a janela, fechou as cortinas e se deitou
ao lado de Pryh a abraçando. Não demorou muito e ele também adormeceu.
-X-
N/A: Voltando a postar depois
de um tempo, não tenho absoluta certeza de quando sairá o próximo capítulo,
pois quero terminar de escrever o doze primeiro, já tenho metade pronta, mas
deve levar algum tempinho ainda. Anyway, quem passar por aqui não esqueça de comentar
e dar animo pra essa autora continuar a escrever.
P.S. Antigo capítulo dez foi juntado ao nove depois da revisão devido ao tamanho e a linearidade. Os outros capítulos foram renumerados.
[Leia o Capítulo 10]