O jantar com Cary se provou um dos melhores e piores dos últimos meses, melhor, pois há tempos a advogada não se sentia tão à vontade em fazer uma refeição e jogar conversa fora com algum companheiro de trabalho. Sentia falta de Agos desde que o mesmo "a abandonara" em Vancouver. E tê-lo ali novamente e perceber que mesmo distantes o vinculo dos dois ainda se mantinha forte era uma das coisas que mais a deixava feliz. Mas por outro lado existia DongHae. Seu rosto naquela tarde e seu convite ficaram martelando no fundo de sua mente o tempo todo, e às vezes ela se dispersava por alguns segundos imaginado o que ele estaria fazendo.
Até mesmo o loiro percebeu isso, o que lhe rendeu alguns comentários e alfinetadas. E depois do mesmo fazer com que ela contasse-lhe o que a deixava tão aérea Agos portou-se com sua típica falsa indignação de homem traído, arrancando risos de Priscila. Eles passaram então a falar do contrato da casa, discutiram ideias e estratégias. O que acabou levando a um assunto sobre a posição da esposa dor Sr. Smith para com a casa, que ela ficou sabendo por um e-mail alguns dias antes, mas ainda não tiver tempo de investigar melhor. O amigo então prometeu auxiliá-la no que precisasse, tranquilizando-a o máximo que pode para a forma como procederia dali para frente.
Esse era um dos pontos que sempre deixavam Pryh encantada por ele, desde os tempos de estagiária, quando ela achava que tudo estava desmoronando e que não conseguiria uma solução para os casos ou perderia um cliente Agos a fazia diminuir o ritmo e pensar com coerência. Ele era um ótimo estrategista, e com uma sutileza admirável conseguia contornar as mais diversas situações revertendo-as de forma que o beneficiassem. E isso não só no campo profissional. Santos o conhecia bem e sabia que com um de seus sorrisos fáceis e instigantes e sua personalidade envolvente ele poderia conquistar qualquer pessoa. Não era atoa, que até mesmo as mais duronas se rendiam a ele, nem mesmo ela – embora de maneiras peculiares – era imune a isso.<br>
O jantar terminou com a promessa de um próximo encontro, dessa vez na residência dos Agos, onde ela ficaria hospedada em um futuro não muito distante para um evento que fora convidada. Provavelmente seria mimada demais, mas nesse caso abria uma exceção.  Talvez por estar tão envolvida na áurea alheia enquanto caminhavam por uma praça perto do restaurante em que estiveram Santos não notou que era observada de longe.
DongHae sabia que estava sendo idiota. Afinal, quando saíra de casa planejava se distrair. Porém escolher assistir sozinho ao espetáculo que iria levar Priscila, fora um erro. Por fim, ao invés de se distrair e aproveitar o trabalho dos dançarinos ele acabou se sentindo pior do que já estava. O local, como já era esperado, estava cheio de casais que mais se agarravam do que prestavam atenção em alguma coisa. Depois de sair de lá acabou dirigindo pelas ruas até que sem notar estava parado em frente ao restaurante favorito da advogada. Sim, ele sabia qual era, lembrava-se perfeitamente de tê-la ouvido comentar sobre sua preferencia algumas semanas antes e acabara procurando saber mais sobre o local. Almoçara no mesmo uma vez só para conhecê-lo. O bistrô não era muito afamado ou dispendioso, e isso rendia um clima agradável ao local. Era aconchegante, e seria o local perfeito para leva-la após a apresentação. Sendo assim Lee fez reservas para aquela noite.  Reservas essas que não lhe serviram para nada.
Ele já estava irritando pensando sobre isso e porque havia ido parar no local quando avistou a ultima pessoa que esperava encontrar caminhando pela praça no quarteirão em frente ao restaurante. E claro, na companhia do loiro aguado. Lee bufou, o que ele esperava? É claro que não seria o único a pensar em leva-la ao restaurante favorito, isso provavelmente contava muitos pontos a favor de quem quer que fosse. Determinado a tirar a imagem da cabeça o bailarino acelerou a motocicleta sumindo em um instante no final da rua. Dessa vez iria cumprir o propósito  que tinha ao sair de casa.



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Nota da Autora: Apresento a vocês minha versão boazinha que por falta de DongXPryh no anterior resolveu adiantar ao menos essa cena do capítulo 15. *apedrejada* Eu sei que é uma cena pequena, mas ainda assim é melhor que nada. Logo eu atualizo aqui.



Nota da Autora:Músicas do capítuloMichael Bublé – Quando, Quando, Quando (Feat. Nelly Furtado)LeeTeuk – She (Cover de Charles Aznavour – SS4)Apareceram links no momento de dar Play em cada música


Ao abrir a porta tudo que DongHae pode fazer foi olhar o carro já seguindo para a rua. Sua visão correu para o suporte que continham as chaves do próprio veiculo. Cogitou ir atrás da garota, já estava com as mãos levantadas para pegar o chaveiro quando a voz de Cho o assustou.
– Hey cara você tá ok?
– Porra, você quer me matar? – vociferou o bailarino virando-se para o outro.
– Foi mal, mas eu estava falando e você todo alienado ai com esse olhar de doido.
– COMO É QUE É?
– É cara, você estava aí com a maior cara de possuído, quem te mordeu? – questionou Kyu alheio ao temperamento homicida de Lee.
– Vê se me erra! E você veio cheirar o que aqui? – Ignorou completamente as palavras do mais novo, já indo em direção à escada para que pudesse ir até seu quarto, lugar de onde não deveria ter saído naquela noite.
– Pryh me mandou um SMS mandando olhar o aparador e encontrei o endereço do lugar que Isis e Jennifer foram. Sabe se a Pryh foi nessa festa também? Vi que ela estava se arrumando, e cara... Estava muito gata! – Os passos do mais velho cessaram, seus punhos se fecharam automaticamente. Lee sentia seu corpo esquentar de raiva. Será que o maknae falava aquilo por pirraça como Jennifer fizera anteriormente?
– Não sei pra onde ela foi! – e graças a KyuHyun não teria como descobrir. – Se anda tão grudado nela você quem deveria saber!
– Cara você tá com ciúmes?
– Kyu você deu pra falar asneira agora é? Já disse, vê se me erra. – ralhou subindo batendo os pés nos degraus de forma barulhenta, segundos depois que desapareceu no topo da escada Cho pode ouvir o mais velho bater a porta de um jeito furioso.

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LeeTeuk passou um bom tempo trancando no próprio quarto, depois de um filme qualquer que estava tão bom que o fez dormir. Ao menos ele estava mais calmo. Saiu do quarto procurando pelos rommies, como tinham a casa só para eles seria a ocasião perfeita para uma “noite dos garotos”, assim ele poderia se manter de olho nos outros dois que não devia estar em seu melhor humor. O mais velho pegou um baralho e se dirigiu ao quarto de Kyu que provavelmente estaria envolvido em algum jogo. Bateu na porta e após ouvir um “entre” genuinamente animado adentrou no local.
– Hey cara que tal jogarmos... Aonde você vai? – se espantou com toda a produção do gamer. Que usava terno chumbo quase negro, o blazer de um botão só. Os tecidos das duas peças que o compunham tinham um acabamento acetinado opaco, que fazia com que a calça, que marcava suas cochas, lembrasse um pouco a textura de couro, porém de um jeito bem suave graças à maleabilidade do pano e corte social. Kyu optara por camisa e sapatos pretos,  e, para contrastar com a demais cores, gravata chocolate.
– Sair, descobri onde é a festa das garotas, tá a fim de ir? – o mais novo respondeu mostrando um envelope azul marinho.
– Onde conseguiu isso? Acha mesmo que vai conseguir entrar?
– Vou sim, já ganhei uma dica, e acho que consigo por você para dentro também. – o garoto sorriu como se bolasse um plano maquiavélico. – Então tá afim?
– Sei não... E vai lá para que? Espiar as garotas?
– Ah, vamos lá! Ao menos é melhor que ficar jogando a noite toda... – Cho apontou para o baralho. – Além do mais, é uma festa de qualquer forma, e pelo naipe do convite se não quiser encontrar com a Jennifer acho que consegue fazer isso.
Park ponderou como se considerando a ideia.
– Mas, e o DongHae?
– Há essa ora aquele lá deve está no quarto puto de ciúme por ter visto a Pryh com o promotor amigo dela.
– O que? Você sabia que com quem ela ia sair?
– Estava junto quando ela aceitou o convite, e agora pouco ele deu o maior surto. – O rapaz deu de ombros e então explicou rapidamente o que acontecera antes. – Anda logo vai trocar de roupa, se quiser checa se o outro lá tá a fim de ir.
LeeTeuk balançou a cabeça em afirmação e saiu do quarto, mas ainda insistiu em passar pelo aposento de DongHae. Como um bom amigo, buscava levantar o astral alheio. Bateu a porta e entrou.
– Tá tudo bem? – perguntou meio hesitante fitando Lee, que estava sentado sobre a cama com o olhar um pouco perdido, tudo o que recebeu em resposta foi um aceno afirmativo pouco convincente. – É... Kyu me chamou pra ir naquela festa que as garotas foram você não tá a fim de ir?
DongHae piscou, como se a pergunta despertasse outra coisa em sua mente.
– Vocês vão à mesma festa que as duas? Pelo que eu entendi elas estavam querendo distancia, não? – questionou franzindo o cenho.
– Eu também pensei nisso, mas podemos apenas nos divertir, o local parece grande e tal. Anda, para de ficar ai feito um bebê chorão... Se anime, uma distração vai lhe fazer bem!
Ás últimas palavras de Park poderiam ser um tanto quanto doloridas, mas ainda assim eram verdades. DongHae não podia mudar nada ali sentado, pensando, se torturando. Ele realmente gostaria de estar na companhia da advogada, mas se isso não havia dado certo, paciência. Seu mundo não acabaria só por isso, ele não deixaria. Ninguém tinha o direito de lhe fazer sentir-se mal, nem mesmo ela. Revigorado, mas ainda com resquícios de irritação e provavelmente ciúme, levantou-se dizendo que não também ficaria em casa e rumou para o banheiro.

Meia hora depois os três estavam prontos, Teuk optara pelo  estilo “esporte fino” calça Jeans de lavagem escura, camisa branca e blazer marfim de corte despojado e lapela levantada que deixavam o detalhe alaranjado e preto da parte interna na altura da nuca aparecendo. As mangas foram puxadas na altura do antebraço e dobradas para trás dando mais um ponto de cor azul bebê ao look. E para finalizar grava com listras brancas e pretas.  DongHae era o que tinha as vestes mais alternativas. Jeans de lavagem escura, e um grosso casaco predominantemente preto cuja parte da frente possuía uma faixa cinza vertical centralizada quase que de uma extremidade a outra no peito. Assim como um blazer tinha lapela, mas essa era mais volumosa, sua parte esquerda seguia de encontro a um zíper diagonal, dando um efeito sobreposto. Na altura do coração havia outro zíper de uns dez centímetros, dessa vez horizontal, que escondia um bolso. Da camisa em um tom rosa bebê apenas o colarinho, mangas e uma pequena parte inferior frontal eram vistas sob o casaco. Essa tinha três botões abertos deixando uma correntinha de pingente circular à mostra.
Ao contrário do que possa pensar, o bailarino se recusou a acompanhar os dois amigos, decidiu fazer seus próprios planos para aquela noite e eles não incluíam o coquetel de Josh.
– Tem certeza de que não quer ir com a gente? – Teuk questionou-o pela décima vez.
– Já falei que não! Tenho outras coisas em mente, aproveitem a festa vocês. – respondeu ele dando partida na Kawasaki Ninja ZX-14 negra, e desaparecendo pelos portões.
– Acha que isso vai dar certo? – Park perguntou enquanto afivelava o cinto.
– Sei lá, mas ele já é bem grandinho para se virar, e nós temos mais o que fazer. – KyuHyun rebateu enquanto engatava a ré e manobrava o carro.

Não levou muito tempo para que os dois encontrassem o endereço escrito em letras prateadas no convite. O clube em questão, não muito longe do centro de Vancouver, tinha uma pequena fila do lado de fora, visto que, para adentrar no local era necessário passar por um segurança que checava por um tablet se o nome das pessoas estava na lista de convidados. LeeTeuk ficou dizendo para o programador que eles não conseguiriam entrar, já que o convite era originalmente para Santos. Cho já estava para perder a paciência com o pobre ator e dar lhe um safanão quando o homem alto de voz de trovão chamou-lhes a atenção, repreendendo-os por tumultuarem a fila.
Os dois se aproximaram, além do Sr. Voz de Trovão – um negro robusto, de lábios grossos, porte de boxeador e cabeça raspada –  que conferia a lista, havia mais dois seguranças. Juntos eles pareciam um trio de armários. Ombros largos, porte físico avantajado com músculos visíveis mesmo sobre as camisas sociais, e uma altura exagerada para um ser humano normal. O da direita era loiro e o cabelo cortado bem baixo como a de um militar, o da esquerda moreno, ainda mais intimidador que os outros, pois tinha um rosto estranho, a falha que tinha em uma das sobrancelhas não deixavam Park ou Cho muito mais a vontades com a situação.
– Nomes, por favor. – pediu o Sr. Voz de Trovão.
– KyuHyun Santos. – Começou Cho ganhando um olhar enviesado de Teuk. – Estou representando minha irmã, Priscila Santos... Ela não pode comparecer devido a um imprevisto.
O homem encarou Kyu por alguns segundos, tentando entender o vinculo daquele asiático com a garota, conferiu a lista e havia um aviso feito pela própria Priscila de que seria representada. Não supondo qualquer irregularidade o homem deu de ombros e se afastou dando passagem ao programador. LeeTeuk que estava meio petrificado tentou seguir atrás do outro mas foi barrado.
– E o senhor quem é?
– Oh! Eu...
– Querido, ele está comigo... – Kyu disse em um tom pouco masculino enquanto sorria de lado enlaçando o braço no do amigo.
LeeTeuk o encarou sem jeito, entretanto, aos olhos dos seguranças, apenas pareceu embaraçado pela demonstração de afeto publica de seu ‘companheiro’. Por fim soltou um grunhido nervoso, que supostamente deveria parecer um riso, e pousou a mão livre sobre os dígitos do outro que se enlaçavam ao seu braço direito. Os três homens encararam o estranho casal, o loiro deu sinais de que riria, mas seu profissionalismo o impediu que o fizesse.
– Entendo... – o segurança que estava com a lista afastou-se um pouco. – Aproveitem a noite! – saldou-os por fim liberando a passagem, já se voltando aos próximos da fila.
– Essa foi por pouco. – KyuHyun comentou quando se afastaram.
Park tratou de se desvencilhar do amigo e então o fitou indignado.
– Quer fazer o favor de me explicar que porcaria foi essa? – vociferou o ator.
– Eu disse que te colocaria para dentro. – Cho ria descaradamente, claramente se divertindo com o caso. – Esse foi o jeito mais rápido.
Park ainda continuou a exteriorizar e esbravejar seu descontentamento com aquilo, mas calou-se por fim. Eles estavam dentro, e era aquilo que importava.
– Anda vamos socializar, parados aqui só levantamos suspeitas. – o programador puxou Teuk para uma mesa de aperitivos. Enquanto caminhavam até a mesma alguns pessoas cumprimentaram LeeTeuk o que fez Kyu questioná-lo – Você conhece essa gente?
– Alguns sim. – o ator respondeu acenando para um homem de meia idade que passava por eles. – Já contracenei com alguns, e aquele era um diretor conhecido.
– Ah! – Kyu às vezes se esquecia de que embora Jenny, Hae e Teuk trabalhassem em especializações diferentes todos tinham artes cênicas em comum no seu currículo, e às vezes alguns atores transitavam entre os trabalhos na TV e musicais do teatro, bem como o contrário. –Se soubesse que conhecia tantas gatas assim tinha me convidado para uma das festas do meio há mais tempo – comentou com cara de safado, arrancando uma risada do outro.
– Sr. Santos?
A voz masculina veio de trás dos dois que ainda riam. KyuHyun precisou ser cutucado pelo ator para se lembrar de seus disfarce. Joshua McQueen os encarava com uma fisionomia intrigada. O homem conhecera o irmão da advogada e se lembrava dos traços de seu rosto, e claramente, os dois rapazes não poderiam ser comparados ao mesmo.
– Her... Olá! – Cho respondeu um pouco nervoso.
– Não sabia que a Srta. Santos tinha mais de um irmão. – Josh foi direto ao ponto, não gostava de ser enganado.
O programador abriu a boca para falar, mas nada saiu de seus lábios. Vendo que estavam a vias de fatos de serem expulsos, o que certamente faria Park passar vexame na frente de seus conhecidos ele se adiantou em responder.
– Somos os roommates dela, e, irmãos por consideração por assim dizer. – LeeTeuk achou melhor dizer a verdade, ao menos nesse primeiro momento. – Muito prazer, sou Park JungSoo.
Cho permaneceu calado, amaldiçoando o amigo por não manter o plano. Já estava esperando que o homem chamasse os seguranças e lhes chutasse dali. Todavia, ao notar a sinceridade na face do mais alto, Josh se deteve a retribuir seu cumprimento, e então estendeu a mão para que o programador apertasse.
– Cho KyuHyun. – disse ele, um tanto mais calmo.
– Pryh não pode vir à festa por tinha um jantar de negócios. – LeeTeuk continuou. – Mas achou que seria uma desfeita não estar aqui de alguma forma, então pediu que nós a representássemos, e mandou desejar-lhe felicitações e sucesso nessa nova fase de sua carreira.
Park completou, por sorte havia visto o convite antes de se dirigirem ao local. KyuHyun o encarou escondendo a surpresa pela forma como ele contornara a situação. Realmente o amigo era bom atuando.
– Oh! Muito amável da parte dela. – Josh sorriu para os dois que respiraram aliviados. E então se voltou novamente para o mais velho. – Por acaso não o conheço de algum lugar?
Teuk então começou a falar sobre os trabalhos que havia feito, descobrindo mais conhecidos em comum com o anfitrião. Cho ficou um pouco irritado por não poder colaborar com a conversa então começou a varrer o salão com os olhos em busca do motivo de estar ali. Como ela não estava em nenhum dos locais que ele podia observar pediu licença aos dois que discutiam animadamente e foi circular pelo lugar.
A conversa com Josh fluiu maravilhosamente bem. LeeTeuk e sua simpatia pareciam capazes de conquistar qualquer um a sua volta. Além disso, um grupo de garotas que conhecia de locações de trabalhos anteriores juntou-se a eles em uma mesa, o que acabou em mais conversa sobre as similaridades e disparidades do mundo do teatro com o cinematográfico e televisivo. Tudo corria muito bem até que uma delas se lembrou das habilidades de Park ao piano.
O ator enrolou, deu mil e uma desculpas, mas depois de muita insistência e um ultimato da parte do anfitrião da noite acabou aceitando a proposta de tocar para eles. Joshua então foi até os músicos e combinaram que assim que encerrassem aquela seleção Teuk tocaria.

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Isis e Jennifer estavam sentadas numa mesa afastada com um dos colegas de trabalho da bailarina sentado entre as duas. Ele ria de lembranças nostálgicas, tirando sarro de Jennifer por algum vexame de um musical antigo. A bailarina tinha um sorriso falso estampado na face, como quem também se divertia com a situação, mas a verdade é que estava imaginando como poderia afogar o “amigo” na água do arranjo ornamentado do centro da mesinha, ou enforca-lo usando o tecido prateado que pendia de alguns pontos estratégicos do teto.
Aishi se divertia em dobro, tanto por ver a amiga sendo zombada, quanto pela reação interior da mesma, que ao menos para ela, era bem fácil de reconhecer. Empenhada em não se afogar com o coquetel que tinha nas mãos enquanto ainda ria, ela passou os olhos pelo local, dando de cara com o maknae que abria caminho por entre os convidados. A risada parou no meio, e ela xingou baixo, fazendo com quem Jennifer também procurasse o que causara aquela reação na maknae.
– Mas será possível?
– Como? – o rapaz ao seu lado perguntou não entendendo nada.
– Ãm?... Nada, pensei ter visto alguém, mas... Hey aquela alí é a Cindy. – Apontou para uma loira de corte Chanel que acenava em direção a eles, melhor momento impossível.
– Oh! É mesmo, Ladys se me dão licença, à tempos que não converso com ela... Foi ótimo falar com vocês, aproveitem a festa, e nos vemos daqui a pouco... – o ator e bailarino beijou a bochecha das duas e se seguiu rumo à loira.
As duas continuaram em silêncio até estivem fora do alcance dos ouvidos alheios e então se viraram uma para outra, ambas com olhares nada bondosos.
– O que ele faz aqui? – Jennifer perguntou, mas a outra ao invés de responder saiu andando de encontro ao penetra.
– Quer me fazer o favor de explicar que diabos faz aqui? – Isis foi direto ao ponto enquanto usava sua clutch para acertar o braço do rapaz que se virou surpreso.
Jennifer estava parada logo atrás da designer e apenas acenou para o rapaz.
– Ganhei o convite. – Cho respondeu, apanhando uma taça da bandeja de uma garçonete que lhe sorriu sensualmente.
– Ganhou o convite? Sem nem conhecer o dono da festa? – Isis praticamente rosnou a pergunta.
– Eu não disse de quem ganhei... Apenas que ganhei. – Cho chegou perto da garota passando os braços por trás de sua cintura, e se aproximando de seu ouvido. – Eu disse que queria sair com você essa noite, não disse?
Jennifer também ouviu a pergunta do rapaz e revirou os olhos. Ótimo, agora ela iria segurar vela? No entanto, após lhe ocorrer-lhe o pensamento notou que a situação não era assim tão ruim. Afinal, Isis estava protelando demais para o seu gosto.
– Preciso beber alguma coisa mais forte, aproveitem a festa vocês dois! – avisou já seguindo até o local em que haviam montado um mini bar.
– Quer fazer o favor de parar de joguinhos e me dizer o que realmente veio fazer aqui? – Isis indagou o afastando.
– Como não aceitou meu convite, tive de me infiltrar no seu.
– Mas eu não o convidei! E duvido que Josh o tenha... Ah! Claro! – Aishi ligou os pontos na sua mente, só podia ter sido Priscila.
Cho riu com a expressão da garota e antes que essa começasse a dizer mais alguma asneira saiu rebocando-a para o meio dos casais que dançavam no meio do salão.
– Vamos dançar enquanto conversamos. – explicou ele ao ver a expressão confusa da garota.
– Mas eu não danço em publico! – protestou tentando dar um passo na direção contrária, mas Kyu que já lhe havia segurando sua mão direita e depositado a esquerda sobre o próprio ombro, aproximou-se de uma forma perigosa, depositando os dígitos nas costas femininas, na altura da cintura.
– Sempre há uma primeira vez para tudo não é? – retrucou o rapaz já começando a se mover – Além do mais, essa musica é fácil de acompanhar, vai se sair bem.
Isis se focou na melodia, um dueto de Michael Bublé e Nelly Furtado com notas calmas, ritmo suave e relaxante no estilo bossa. Os movimentos eram fáceis de acompanhar, e mesmo que ela não costumasse dançar, muito menos numa situação evento como aquele, lhe parecia quase natural a forma como seu corpo o acompanhava.
Os corpos se moviam em sincronia, bem próximos um do outros e às vezes as maçãs do rosto dele tocavam as dela. Aishi fechou os olhos por alguns segundos, inebriando o cheiro de colônia que dele emanava. O balançar ditado pelo tom dos acordes era vagaroso de forma que eles pudessem sentir os movimentos, e quase se desligar totalmente de onde estavam, focando apenas na presença um do outro e na letra da canção, totalmente propicia para a ocasião.
– Não é assim tão difícil. – Aishi deixou escapar quase num suspiro, se arrependendo disso logo depois, com a resposta alheia.
– É porque está sendo bem conduzida. – Kyu respondeu no seu típico jeito presunçoso.
Isis se afastou abrindo revirando os olhos ao deparar-se com o sorriso torto na face masculina.
– Então me convidou para dançar apenas para se vangloriar? – rebateu ela com uma expressão reprovadora, mas com a voz ainda em tom delicado.
O programador riu e então a girou pela pista para finalmente incliná-la para trás, de forma que Isis se calou tanto pelo susto pela forma repentina – porém ainda graciosa – com que ele fez o ultimo movimento, quanto pela proximidade de seus lábios nos poucos segundos em que tudo o que separava de uma queda eram os braços dele.
– A convidei pelo simples motivo de querer sua companhia. – afirmou KyuHyun fitando-a enquanto voltava os corpos a posição inicial. A declaração valendo não somente para aquela pergunta em si, mas por todos os planos daquela noite.

~~~~*~~~~

Jennifer conversava com o bartender enquanto observava de longe Isis e KyuHyun ainda dançando, estava feliz pela atitude, e em prévia de comemoração quando um burburinho chamou sua atenção. Poderia ter jurado ouvir o nome Park JungSoo saindo da boca de umas das mulheres que passaram por ela. Contudo Jenny não achava que a presença dele fosse algo possível.
“Acho que você já bebeu demais Jennifer, tá até ouvindo coisa. Onde já se viu aquele maltrapilha aqui? Ele nem conhece o Josh!” – pensou, brigando consigo mesma mentalmente.  Resolveu então pedir por uma água com gás e ir dar uma volta para ver se ao menos encontrava um conhecido que valesse a pena.
Toda a sua calma foi por agua abaixo quando a coletânea de músicas tocadas foi trocada por uma execução totalmente diferente do que estava sendo apresentado até então. Quando ela olhou para o pianista quase deixou seu copo cair. LeeTeuk dedilhava as teclas agraciando a todos os presentes com uma das composições de Chopin. Ele parecia concentrado, mas ao mesmo tempo se divertindo, e quando terminou essa assentiu para si mesmo, como que aprovando o instrumento. Uma breve salva de palmas repercutiu no local, e ele olhou para os convidados sorrindo envergonhado, até que seus olhos se cruzaram aos da bailarina, que estava embasbacada pela a presença alheia.
Park então sorriu, da forma mais doce que ela já vira até então, sorriso esse que era claramente direcionado a ela e então voltou-se novamente ao piano. A fisionomia concentrada voltando a marcar presença, suspirou e passou a dedilhar uma nova sinfonia. Dessa vez mais lenta e enternecedora, Jennifer reconheceu quase de imediato à melodia de uma das criações de Charlez Aznavour.
LeeTeuk, definitivamente não poderia ser tratado como apenas um rosto bonito, ela já o vira nos ensaios que ele fazia ao passar o roteiro e sabia do profissionalismos dele, mesmo que não admitisse. Mas, agora, o vendo cantar, e mais que isso, vendo quão bela e comovente a voz dele podia ser ela não sabia nem ao menos como reagir. Pela primeira vez Teuk havia deixando-a sem reação alguma, tudo que Jennifer conseguia fazer era observá-lo hipnotizada. Park parecia sentir cada silaba dos versos que cantava, transmitiam em seu timbre os sentimentos de uma das mais belas canções que ela conhecia.
Antes que pudesse se quer perceber, ou evitar, lágrimas atrevidas escaparam de seus olhos, ela não podia controlar. Era como se a voz dele reverbasse em seu coração, o fazendo bater daquela forma descompassada com que estava pulsando, como se as emoções lhe fossem grandiosas demais para ser apenas sentidas, e precisassem de provas palpáveis de sua existência.
As pessoas costumam dizer que boas musicas nos fazem arrepiar e as melhores nos causam choro; mas não é simplesmente isso. Somente aquelas que apresentam um real significado na mente das pessoas que a ouvem, e atrevo-me a dizer, das que a interpretam é que são capazes de fazer com que tal reação seja alcançada. É preciso sentimento para tal êxito. Principalmente de uma maneira tão intensa como estava acontecendo.
Por um segundo, apenas pelo tempo em que LeeTeuk, que também tinha os olhos brilhantes, a observou, sustentando seu olhar, enquanto deixava que só a melodia ecoasse, ela teve certeza de que a escolha da musica não fora aleatória. De que o motivo de ele encará-la daquela forma era porque queria que Jenny realmente prestasse atenção à letra. Que talvez devesse entender o que as entrelinhas estavam tentando lhe contar. Então Park voltou a cantar, com uma entrega tão grande ou maior do que antes. E a cada verso Jennifer ficava ainda mais presa a aquele sentimento. A cada nota mais perdida em um mundo que ela achara que não voltaria a visitar.
Perguntou-se então se aquele "ela" da canção tratava-se dela, Jennifer, a bailarina que só fazia implicar com LeeTeuk. Será possível apesar de todos os transtornos de convivência que eles tiveram ela poderia causar-lhe tais sentimentos, e que aquilo tudo não fosse apenas uma dramatização que o ator fazia?
Park cantou o ultimo verso da canção, mais uma vez sorriu envergonhado e então voltou a encarar a garota. Daquela forma que fazia de vez enquanto, transmitindo calor com os olhos. Palmas ecoaram pelo local e ele fez uma mesura em agradecimento, e então deixou o piano, indo em direção à bailarina.
– Você está bem? – perguntou ao perceber que ela chorava. Limpou-lhe as lágrimas com os polegares, passando os braços pela cintura dela e a levando até uma mesa. – Jennifer?
– Eu... Estou. – disse por fim, olhando para as próprias mãos. Queria dar-lhe uma das respostas de sempre, mas nem isso estava conseguindo. Havia coisas demais em sua mente. Pensamentos e anseios demais para uma noite só.
Park ficou preocupado, não era normal, e ironicamente, não lhe parecia certo ter uma versão dócil de Jennifer.
– Quer alguma coisa? Talvez tomar um ar? Aqui está abafado e calor com tanta gente junta. Quer se sentar no jardim eu te levo até lá... Se quiser nem fico perto. – ele falava rápido. Não pensara numa reação como aquela quando estava cantando.
Jennifer acenou e então eles caminharam juntos até a área externa. Um jardim de inverno anexo ao salão em que estavam. Havia mais duas pessoas no local, mas logo se dispersaram. Teuk sentou-se com Jennifer num dos bancos e depois que essa se acomodou fez menção de sair, mas foi impedido por um reflexo involuntário da garota que o fez sentar-se ao seu lado.
– Porque cantou aquela música? – a pergunta saiu dos lábios dela sem que pensasse direito sobre. Aparentemente Park era bom em deixá-la pouco racional.
– Eu... Foi a primeira que veio a minha mente... Lembrei quando te vi. – ele deu de ombros, confessando. Não era o único que sofria tinha problemas com o filtro cérebro-boca por causa da presença alheia.
– Então...?
Jennifer o encarou, não conseguia verbalizar uma questão especifica, ou algo coerente. Provavelmente por nem ter ideia de quais eram as perguntas a serem feitas. LeeTeuk também não disse nada, apenas manteve-se observando os olhos da garota. Não tinha o que dizer, ou ao menos não sabia como deveria dizer. Palavras podem ser complicadas demais para definir coisas quem nem mesmo ele compreendia. Talvez gestos pudesse ser uma melhor saída. Então, lentamente ele foi se aproximando do rosto dela, deixando que seus olhos se fechassem enquanto os lábios se chocavam.
Jenny não ficou surpresa ao notar o que ele faria, havia previsto o momento assim que a pergunta fora feita. De alguma forma tinha consciência que depois daquela musica o beijo aconteceria mais cedo ou mais tarde. Logo, entreabriu os lábios deixando que a língua de Teuk se juntasse a sua, experimentando e descobrindo o gosto dele, enquanto os róseos se moviam de forma lenta. Um se adaptando ao ritmo do outro.
Os braços dele a puxaram para junto de si, fazendo com que a garota sentasse sobre seu colo, enquanto ela por sua vez entrelaçava os dedos pelos cabelos adoravelmente macios dele. Ambos sentindo uma maior necessidade do sabor um do outro, se provando com mais avidez e desejo. Separando-se apenas o necessário para respirar e chocando as bocas novamente, para mais uma rodada de sensações.

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Nota da Autora: As leitoras Team Bailarino de plantão. Antes que queiram me mata por ter tão pouca presença desse couple no capitulo, eu me justifico. O cap já estava com praticamente 10 páginas só com as outras cenas! E os outros dois casais mereciam ser bem explorado, além disso acho que também andaram suspirando pelo ator lindo tocando, porque eu realmente morri com ele. Como disse as meninas no inbox, nem parece que fui eu que escrevi kkk
Agora para as Team Mr. Perfeição. Vocês ainda tão viva? Jennifer o coração tá batendo? Alguém chorou? Pergunto isso porque essa musica me leva a lágrimas sempre, é linda, e uma das que eu mais gosto. Quase tive um infarto quando vi que “She” era o solo do Teuk do SS4, sério.
E por ultimo mas não menos importante. Quem adorou as cenas do monstrinho medonho? Escolhi outra musica amorzinho pra vocês, espero que tenha gostado. Isis dê sinal de vida pfvr!
Pois bem garotas vou ficando por aqui, a próxima att já ta com a parte do casal principal escrita, só não entrou nessa porque eu precisava – e ainda preciso terminar de – desenvolver o plot dos outros dois casais. Quero agradecer a @LeleChou por ter paciência de ficar me dizendo se as cenas tão boas e aguentar toda o açúcar da fic e ainda gostar disso. Thanks Omma ♥ Agradecimento especial também as Thaila  linda que me atura surtando sempre e ainda ajuda com os erros que eu deixo passar. E um super beijos as leitoras fofas que vem falar comigo no Twitter, Ask e Face. Adoro interagir com vocês ♥
Okay, parei com o testamento. Até a próxima, me amem ou me odeiem no Ask ou Twitter!! 





Jennifer não podia acreditar que estava fazendo aquilo, seu orgulho era mesmo uma droga. Mas o que ela poderia fazer? Dar o gostinho da vitória a aquele três que ficavam lhe provocando não era uma opção. Escolhera provar que eles estavam errados, e para isso enfrentaria as aulas; que graças a qualquer coisa, Pryh aceitara lhe dar. A bailarina estava verdadeiramente comovida por sua boa ação, embora uma vozinha no fundo de sua mente a advertisse de que isso não a fosse comover mais tarde.
Ademais, contar a Teuk havia sido uma das situações mais constrangedoras desde o pedido de desculpas. Como naquela ocasião ela precisara enrolar para conseguir finalmente dizer que iria testar aprender algumas coreografias com a mais velha das moradoras. Antes mesmo que dissesse que era apenas um teste e se não gostasse não continuaria, Park estava rindo como Pryh fizera, e claro, passou o café da manhã a provocando, e como se não bastasse, recebera algumas mensagens de texto com detalhes não muito interessantes sobre obrigatoriedades a serem aprendidas no decorrer do dia de trabalho. “Achei que atores fossem mais ocupados” pensava ela depois de lê-las em seu intervalo e responder malcriadamente cada uma.
E ainda tinha DongHae. Aquela não era a primeira vez que a bailarina se perguntava o que havia feito de tão ruim em sua vida para merecer o rapaz como parceiro de dança e roommate. Devia ser algo muito grave para merecer um ser tão azucrinante no seu pé. E agora aparentemente a chatice era contagiosa e estava passando para sua unnie que se juntaram a clube do "vamos atormentar a Jenny" e passara o café e caminho quase todo falando sobre a aula que lhe daria aquela tarde. O que só dava mais corda para Hae lançar olhares que valiam mais do que qualquer provocação verbal a bailarina. Priscila por sua vez, nem sequer notava isso e continuava a tagarelar animadamente. Ela realmente estava ansiosa e feliz por fazer aquilo. Talvez ela mudasse de ideia depois de ver a cara de poucos amigos de Jennifer que se refletia no espelho da sala de dança.
– Boa tarde! – a advogada, ainda radiante, entrou na sala de dança seguida por uma Isis mal humorada.
– Porque que mesmo eu preciso estar aqui? – questionou a designer.
– Porque nada me tira da cabeça que você estava de complô com aqueles dois vadios para me manipular a aceitar isso. Então queridinha você vai dançar sim! Além disso, vai ser bom para largar de ser sedentária. – comunicou Jennifer.
A advogada apenas lançou um olhar de esguelha para a outra e seguiu para a aparelhagem de som. Plugou o pendrive deixando a pasta que queria pronta para ser executada.
– E então, vamos aquecer? – disse sorridente.
– Eu já fiz isso. – comunicou a bailarina sentando-se em posição de índio perto dos espelhos. Priscila encarou-a com a sobrancelha levantada, daquele modo como questiona se era verdade ou não. – Que foi? Não tenho culpa das duas serem lerdas.
Isis deu um tapa no rosto na típica “palmface”, e a advogada revirou os olhos encarando Jenny e depois um ponto fixo no espelho e então revirando os olhos mais uma vez. Em seguida ela e a designer fizeram os devidos exercícios de aquecimento, ouvindo vez ou outra os palpites de Jennifer.
– Então podemos começar? – perguntou a que estava sentada numa impaciência visível.
– Na verdade não. – Pryh se abaixou pegando dois conjuntos de vestes, um azul claro e outro rosa e jogou um para cada uma. – Vistam isso. – disse apontando para o banheiro que havia na sala.
– Por quê? Olha o tamanho disso! – Jenny desdobrara os tecidos e descobrira que se tratava de uma calça de malha com um cinto cheio de bordados dourados alguns lembrando pequenas moedas e uma blusa de amarar de um ombro só. Até ai estava tudo bem, não fosse o fato de que a blusa era curta deixando pele demais a mostra. As vestes de Isis eram iguais as dela, porém ao invés de rosa tinham uma tonalidade clara de azul.
– Ah Jenny você já vestiu coisa bem menor em apresentações tenha dó! – reclamou Priscila já olhando pra Aishi que pensava em abrir a boca. E depois se voltando para a bolsa retirando um sinto igual ao delas só que com a base de tecido no mesmo tom de azul royal da calça que ela usava por baixo de um blusão. – E se for pra dançar que seja usando a roupa certa, então não comecem.
– Já usei sim, mas isso em uma apresentação! Não vejo porque tenho que me vestir assim só para aprender!
As orbes da mais velha reviraram mais uma vez, o que aparentemente se tornaria um hábito durante as aulas. – Se quer saber, o cinto é uma das partes que ajuda a dar o efeito legal quando você está dançando, conta metade do seu esforço, e a blusa faz parte do conjunto  ué.
Isis fez um bico e então deu de ombros indo para o pequeno cômodo que era uma mistura de quarto para guardar coisas que a bailarina usava e vestiário com um banheiro no fundo. Jennifer cerrou os punhos e rumou atrás da outra pisando duro. Nem havia começado a “aula” e tudo que ela queria era se trancar no quarto.
Malditos sejam você e o Park! – reclamou antes de bater a porta.
Santos que ficou para trás apenas abafou um riso com as mãos mirando o espelho e piscou travessa par o próprio reflexo. Estava animada para ver se amiga e toda sua marra seria aprovada no primeiro dia, e como ela mesma lidaria com sua fúria.
– Pronto. – Jenny apareceu bicuda seguida de uma Aishi que já brincava com o barulho que o cinto fazia.
– Isso é legal! – disse a mais nova.
– Você se conforma muito rápido! – reclamou a bailarina olhando feio para a menor e então se voltando para a mais velha. – E você não vai se trocar não?
– Ah sim! – Priscila tirou o blusão e amarrou o cinto em torno do quadril, ao contrario das outras duas, sua veste era uma peça única. Um macacão azul feito de malha na parte que compunha a calça e o top tipo academia, e unindo essas duas um tecido semitransparente que terminava no local em que o cinto era amarrado, e, assim como as outras, o tecido da roupa se moldava perfeitamente as formas  de seu corpo.
– Que sacanagem é essa? Como assim sua roupa é a mais coberta e eu tenho que vestir isso? Tá de vadiagem de propósito é isso! – Jennifer se empertigou.
– Dá próxima vez mantenho minhas ideias pra mim. – Aishi sussurrou baixinho encarando a si no espelho enquanto fazia a melhor fisionomia de lástima que conseguiu.
– Achei que essa ia ser a melhor pra vocês me acompanharem, além disso, não tinha outras peças de ensaio limpas, às outras eram vestes tradicionais, e não são boas pra ensinar. Pelo menos não na primeira vez. – a advogada deu de ombros, não se abalando.
Jennifer passou mais uns bons quinze minutos reclamando, contudo depois de ser alertada que o tempo que elas concordaram de ensaio só começaria a contar a partir do momento em que o mesmo realmente começasse a garota se calou, ficando emburrada enquanto fazia os movimentos que a mais velha começava a tentar passar.
– Não consigo fazer isso! – reclamou pela décima vez enquanto assistia Aishi requebrar os quadris toda sorridente.
– Jenny o truque é no joelho! Afasta os pés um pouco... Não tanto! Agora movimenta os dois juntos... Não assim! Em sentidos inversos!... Não é tão difícil!
“Não é tão difícil, não é tão difícil, o caramba que não é difícil! Porque diabos eu não consigo fazer essa droga? Deve ser praga daqueles dois filhos da mãe, só pode! Argh! Mas que droga!” – reclamava mentalmente enquanto podia jurar ouvir a risada baixa de Teuk. Seus olhos correram toda a sala e a porta de vidro. Não havia sinal dele, ela não poderia estar ficando louca, poderia? – “Maravilha!” – seu lado irônico carregava seu interior – “Agora além de aturar isso estou imaginando aquele imbecil rindo. Muito bom Jenny... Muito bom!”
– Jennifer você tá me ouvindo!? – a voz da mais velha chamou a atenção da bailarina.
– Que!? Tô me deixa! Eu vou fazer certo agora okay? – respondeu.
E realmente fez, contudo, só depois de várias novas tentativas.
– Jenny você tá parecendo um zumbi! – dessa vez era Isis que reclamava do modo “automático” com que a bailarina imitava os novos movimentos, dessa vez com os braços.
– A não Isis até você não! – rebateu a outra se virando de costa para o espelho e botando as mãos na cintura. – Eu tô fazendo exatamente o mesmo movimento porque o meu tá errado?
– Achei que você fosse a primeira a reconhecer que dança precisa de paixão... – respondeu Pryh num suspiro. – Pode não ser as que você ama, mas essa também vai passar paixão... Seus movimentos tão ok, mas estão travados e seu rosto não demonstra os sentimentos da música... La Tes'alny passa paixão, entrega, mas também diversão. Se você sentir a batida seria como alguém que se diverte seduzindo... Ao menos eu acho isso.
– Não consigo sentir nada disso. – rebateu a segunda mais nova emburrada. – Se sente tanto porque você mesma não demonstra? Até agora só ficou ai corrigindo!
– Argh! – Priscila bufou.  – Okay! Isis volta a musica?
A advogada saiu pisando duro até o meio da sala enquanto encarava o espelho reclamando baixinho. Só quando os acordes da musica começaram ela fechou os olhos e deixou-se relaxar e quando os abriu novamente sorria pra Jenny de um jeito que só a fez irritar-se mais. Os movimentos começaram leves no quadril acompanhando a melodia calma do inicio da canção, seus braços oscilaram no ar com leveza e seus olhos fixos no espelho. Quando a batida mudou ela sorriu travessa, uma das mãos enlaçando-se nos próprios cabelos soltos e a outra brincando perto de suas curvas que bailavam de um lado para o outro; rodopiou algumas vezes até chegar próxima à frente da sala onde se concentrou no próprio reflexo, e, apesar de relutante, encarou a superfície como que ignorando a mesma e em seu lugar delineando mentalmente as formas de alguém que ela poderia querer entreter com sua dança.
Um sorriso lento desenhou-se nos seus lábios e ela mirava os próprios olhos, que até mesmo Jennifer tinha de admitir, tomavam um tom de malícia, brincando com os próprios cabelos ela girou ainda se movendo conforme o ritmo, balançando o tronco como as odaliscas faziam e parando no meio da sala ofegante com direito a uma ultima rebolada apoiada na ponta de um dos pés.
– Feliz agora? – disse quando terminou.
– Sim, mas eu tô cansada demais pra fazer isso! – ralhou Jennifer encostando-se a parede emburrada. Ela estava indignada por não conseguir fazer da forma certa.
A mais velha olhou-a furiosa, já estava querendo dar-lhe uma broca de verdade, mas nada do que fizera até então havia resolvido. Só lhe restava encerrar, pelo menos por aquele dia.
– Okay, mas de amanhã você não me escapa! Podemos terminar por aqui. – disse por fim, sentando-se no chão e observando a garota sair marchando duro para fora da sala.

~~~~*~~~~

Jennifer saiu porta afora pisando duro. Estava irritada, não queria fazer aquilo, mas seu orgulho era maior do que tudo e por isso precisava fazer aqueles ensaios para o comercial idiota. Não aguentava mais ouvir a voz de Priscila explicando-lhes repetidas vezes a forma certa de se movimentar e chamando sua atenção quando ela errava algo que a advogada dizia ser muito fácil, e aquela demonstração só ferira ainda mais seu ego. Assim que saiu da sala de dança soube que seu imediatamente que seu humor iria piorar, já que recostado a parede oposta estava DongHae de braços cruzados aparentemente esperando por algo que ela não soube identificar o que. A bailarina o olhou rapidamente e virou o rosto, seguindo seu caminho sem olhá-lo.
– Hey! Está fugindo de que? – DongHae gritou fazendo-a parar e se virar lentamente em sua direção.
– O que você quer? – questionou Jenny mantendo a pose superior e colocando a mão sobre o quadril.
– Eu? Nada. – DongHae sorriu. – Só estou aqui pensando como você é volátil.
– Volátil?! Eu? Ahn? – Jennifer franziu a testa.
– Estava toda relutante em não fazer a dança e agora olha só para você? – ele riu apontando para ela de cima a baixo frisando a roupa. – E o pior pelo que eu entendi você só leva esporro lá dentro.
– DongHae seu filho de uma... – Jennifer interrompeu a própria frase, respirou fundo e virando-se, chegou uma das portas do lado da sala que jazia trancada e saiu o mais rápido possível dali antes que fizesse uma besteira ou se irritasse mais.
DongHae ficou rindo sozinho um tempo até ver Isis e Priscila saírem juntas da sala de dança. Assim como fizera com Jenny ele observou as roupas alheias, aprovando, mais do que o necessário, a ideia do vestuário próprio para as aulas.
– Hae? – as duas disseram em uníssono quando interrompendo a conversa ao notarem a presença alheia.
– Olá moças! – ele sorriu amarelo e então se virou para a maknae. – Isis será que eu poderia conversa com a Priscila em particular por um segundo? – era nítida a mudança de tom dele para falar com as duas e o modo que usara antes para se dirigir a parceira de trabalho.
– Claro. – a designer sorriu e após um aceno deixou-os sozinhos.
Hae olhou para a advogada que o encarou por alguns instantes, tentando buscara em sua expressão alguma dica do que ele pretendia. Ele tinha uma expressão entre sério e desconfortável, mas ainda assim parecia animado com algo.
– Er... Como eu vou dizer isso...? – DongHae coçou a cabeça um pouco receoso de quais palavras escolher para fazer o convite. – Pryh, hoje à noite na cidade um grupo de dança de salão vai fazer uma apresentação... Um amigo meu conseguiu alguns ingressos, mas por falta de companhia ele me passou e então eu gostaria de saber se você gostaria de ir comigo assistir ao espetáculo. – DongHae respirou depois de cuspir tantas palavras de uma só vez.
– Hoje?
Ele fez que sim com a cabeça e sorriu para ela, dessa vez mais abertamente. O que só piorou a situação da advogada que não sabia como responder aquilo.
– Gostaria muito de ir, mas eu tenho um compromisso inadiável hoje. – Santos sorriu sem graça olhando para as próprias mãos, assim ela não viu a forma como o sorriso se transformou em uma careta. Quando seus olhos voltaram a face de DongHae ele já havia montado uma mascara para esconder o desapontamento. – Não podemos ir em uma outra noite? – perguntou tentando ser o mais simpática possível.
–- Infelizmente o espetáculo é só hoje... – respondeu DongHae um tanto sem jeito.
– Aishi! Que pena! Eu realmente não posso adiar meu compromisso... – concluiu em tom de desculpas. – Mas, porque não chama a Jenny? Ela vai adorar, afinal é dança!
– Você está louca? É como cometer suicido chamar aquela garota para... – DongHae revirou os olhos, socando-se mentalmente. Por pouco não deixara a palavra “encontro” escapara dos próprios lábios. –... Qualquer coisa. – comentou rindo tentando disfarçar o quão embaraçado se sentia.
– Hum...  É tem razão. – a advogada fez muxoxo e então voltou a olhá-lo e tocando-lhe o braço da forma mais displicente que pode tentou animá-lo. – Se houver uma próxima oportunidade eu realmente adoraria ir... – assegurou sorrindo e então se afastou para ir trocar de roupa.
– É quem sabe na próxima... – Lee disse baixinho em um tom desgostoso, enquanto encarava a forma que as pedras do cinto da outra refletiam o sol do dia irritantemente brilhante do lado de fora.

~~~~*~~~~

Isis já havia se tomado banho e trocado de roupa quando ouviu as batidas na porta, quando abriu deu de cara com o mais velho dos rapazes parado a sua frente com uma fisionomia divertida. Olhando para os dois lados do corredor a maknae o puxou para dentro do quarto sem dizer nada, e só depois de fechar a porta se virou pra ele que já se acomodava numa poltrona perto da janela.
– E então... O que achou?
– Interessante... – Teuk tentou segurar o riso, mas sem sucesso algum. – E ela vai matar a nós três se desconfiar!
– Principalmente pelas encaradas que rolaram. Em alguns momentos eu cheguei a pensar que ela soubesse... – Aishi riu nervosa e LeeTeuk ficou sério, fingindo não ter sido diretamente afetado, se havia algo em que ele havia reparado era nisso. – Jennifer é muito teimosa às vezes, mas não acho que esteja tão ruim... Acho que por enquanto é birra. Ela vai conseguir se dar bem.
– Acho que sim... – Park meneou a mente indo longe, analisando os erros e acerto da garota.
–  A única parte ruim disso tudo é que você deve ter se divertido mais que a gente... Ah! E na próxima vez vê se ri mais baixo tá! Essa risada escandalosa quase fez tudo ir por água abaixo. – repreendeu a menor.
– Desculpe, não deu para evitar... O Kyu fez um comentário engraçado e...
– COMO ASSIM? O QUE ELE ESTAVA FAZENDO LÁ? Tem noção de que a gente “tava” seminua? – Isis quase caiu da cama com aquela nova informação, enquanto LeeTeuk engolia em seco, tinha plena noção... Ao menos  em se tratando de uma. –  O combinado era só você! 
– Hey! Calma ai... Não foi minha culpa, eles me viram entrando e até eu explicar o que eu ia fazer achei melhor mostrar logo o plano antes que Jenny percebesse. – Aishi o olhou feio e começou a estapeá-lo. – Ai! Out isso dói sabia? Além disso, a roupa ficou bem pra você também, e você foi bem durante o ensaio... A Pryh também. – ele tentou confortá-la, mas só gerando o efeito contrário.
Estar tudo bem do cara que a via como irmã mais nova a ver daquela forma, até mesmo DongHae, mas não KyuHyun.  Por algum motivo aquilo a deixava totalmente desconfortável. O final do discurso do melhor amigo também não a ajudara, além do que acabou despertando a pontada de mágoa que ela ainda sentia pelo almoço daqueles dois. Era infantil, porém, ainda assim ela voltou a sentir raiva da amiga mais velha. Se soubesse de que seu tiro sairia pela culatra não teria dado ideia nenhuma para o amigo.
– Se deixá-lo entrar mais uma vez, você morre ok? – disse de repente, assustando o outro. – Agora se me der licença, preciso dormir, aquela aula me matou.
– Tá bom, eu já sei que não sou mais bem vindo, não precisa me expulsar. – reclamou Park enquanto bagunçava o cabelo da mais nova e então se levantou seguindo para a porta.

~~~~*~~~~

KyuHyun estava deitado na própria cama, primeiro refletindo sobre as ultimas horas e os sentimentos que elas afloraram ainda mais em si e depois sobre os dois últimos dias. Ele ainda não conseguia entender o motivo de Isis estar tão brava com ele, repassou os momentos em que eles estiveram junto pela trigésima vez e não encontrou nada de errado.  O episodio mais rude dos dois foi pelo atraso quando foi busca-los não trabalho, mas que havia ganhado a maior parte de seu mau humor foi LeeTeuk e não ela. Eles mal haviam conversado...
– Eureca! – o ultimo diálogo com o mais velho dos rapazes voltou a sua mente. A garota devia ter ouvido, só poderia ser isso.
Rindo de sua própria lerdeza por não ter se tocado disso antes Cho largou o controle e desligou o X-Box, seguiu para o banheiro e tomou uma ducha enquanto refletia no que faria a respeito.
– Se ela ficou brava é porque tá com ciúmes. – pensou alto enquanto observava a água respingar de seu cabelo recém-lavado. – Será que se eu a convidar pra um jantar essa noite...? Não Kyu isso seria muito óbvio!
Fazendo caretas enquanto tentava lembrar-se de algum programa que não desse muito na cara o rapaz saiu do banheiro, trocou de roupa e então passou a revirar um site de eventos para gamers. Na cabeça dele era algo especial já que era a maior afinidade entre os dois, a qual ele não tinha com nenhum outro membro da casa, e de quebra ainda seria interessante. Depois de quase desistir lembrou-se de um panfleto que havia sido colocado no limpador de para-brisa de seu carro. Um dos cinemas independentes da cidade estava passando um documentário sobre maiores games com mais duas opções de longas baseados em RPG.
 – Isso deve dar certo. – afirmou para si mesmo. Agarrou o pedaço de papel e seguiu animado para fazer o convite a mais nova.
Cho nem precisou bater na porta, já que assim que levantou o braço pra fazê-lo, Park abriu a porta ainda rindo de alguma coisa desconhecida para o maknae. Teuk o cumprimentou com a cabeça e desceu as escadas.
– Posso entrar? – perguntou tentando ser educado.
Isis deu de ombro. Queria esconder a cara no travesseiro por saber que ele a vira dançar, e mataria o melhor amigo se ouvisse qualquer comentário.
– Que foi? – perguntou na defensiva, o que fez com que sua voz soasse um pouco mal humorada.
– Hum... Tá a fim de ir numa sessão de cinema independente? – perguntou se aproximando da cama da garota, e entregando o panfleto a ela continuou. – Eles tão passando um documentário sobre games, e depois podemos escolher um desses dois filmes pra ver.
Aishi pegou o flayer desconfiada, o média-metragem parecia interessante, e não seria tão cansativo para um documentário. Então ela passou as opções dos filmes. G.I. Joe e Tekken; Isis torceu a boca em desgosto, o primeiro filme era um dos preferidos de sua unnie mais velha.
– Não posso ir hoje! – disse devolvendo do papel a ele e deixando o corpo cair pra trás.
– Que? Por quê!? São bons filmes, baseados em games, achei que ia gostar! – Kyu sentou na cama, encarando-a indignado.
– Eu gostei. – ela deu de ombros. – É só que hoje estou ocupada.
KyuHyun semicerrou os olhos e a puxou pelas pernas até ficar perto dele.
– Ocupada? Não parece nem um pouco ocupada agora! Vai fazer o que? – insistiu.
– É que... – Isis tentou por a mente para trabalhar. Precisava de uma desculpa ou ele não a deixaria em paz. – Hoje tem um coquetel de um amigo que fazia teatro com a Jennifer... – disse a primeira coisa que lhe veio à cabeça. Por sinal aquilo não era de todo mentira, mas ela tinha que convencer a dançarina a marcar presença na festa. O problema é que Jenny já havia falado que não ia.
– E não pode cancelar? Deixe a Jenny ir sozinha!
Cho estava sendo teimoso, mas ele não estava a fim de se dar por vencido assim tal fácil.
– Não, é importante e eu vou. O filme fica pra outro dia. – sentou-se na cama, encarando-o com firmeza.
– Okay, amanhã então, vai ter outra sessão e vamos juntos. – o programador não deixou espaço para opção ou negativa vindas da garota e então caminhou rumo a porta. – Ah! E se vai no coquetel está atrasada, parece que você tem muita coisa pra fazer e se arrumar, né? – alfinetou sarcástico, e saiu do quarto.
A designer fechou os olhos, deitando-se novamente e enfiando o rosto no travesseiro para abafar um grito. Que droga ela havia feito? E o que ele queria dizer com muita coisa para fazer?

~~~~*~~~~

– Jennifer você precisa me ajudar!
A bailarina mal havia saído do banheiro quando foi abordada pela mais nova. Ainda estava enrolada em seu hobby rosa, com pantufas da mesma cor e uma toalha lilás enrolada na cabeça. Tudo o que queria naquele momento era deita-se em sua cama e esquecer todos os gritos da tarde.
– A gente precisa ir ao coquetel do Joshua! – disse com toda a convicção possível.
– Como? O McQueen? – Isis fez que sim com a cabeça. – Você mesma não disse que estava sem vontade de ir?
– Disse... Só que olha, se você pensar, vai ser uma desfeita muito grande nós não irmos! Você era quase sempre o par dele nas peças musicais, além disso, o Josh é um amorzinho. Que custa a gente ir? E você mesmo diz que não saímos junta desde que os rapazes começaram a morar aqui?
– Mas eu não tenho roupa!
– Tem sim! Você fez compras na semana passada e não usou nenhuma das peças, larga de ser mentirosa.
Jennifer levantou uma das sobrancelhas, estranhando o comportamento alheio. Por trás daquela mudança repentina de ideia com a festa “cheia de gente sem sal” – segundo a própria Aishi – devia ter alguma coisa. Porém era verdade que Jenny estava precisando sair, saber que veria pessoas que conhecia e que nenhuma delas teria olhos puxados e personalidade exacerbadamente irritante parecia um pensamento reconfortante para a bailarina.
– Tudo bem! – rendeu-se por fim.
– Obrigada unnie! Você é a melhor! – Isis deu pulinhos abraçando-a.
– Okay, okay, você já conseguiu o que queria agora me deixa procurar o que vestir e vai se arrumar, temos três horas ainda. Anda!
A Bailarina revirou os olhos para toda a animação repentina e passou a procurar as sacolas que nem haviam sido desfeitas. Acabou escolhendo um vestido rosa em viscose de uma alça e tachas na parte superior.  Só precisava de um sapato que combinasse, o que a fez lembrar se de uma sandália que estava no quarto de Pryh. Após secar o cabelo vestiu uma calça e uma regata e saiu à procura de sua unnie.
Deu duas batidinhas na porta, e entrou. Havia algumas roupas em cima da cama, o som no Dock Station do banheiro tocava uma faixa de New Age do Era. Jennifer deu uma espiada e a advogada estava deitada na banheira de olhos fechados. Não querendo interromper e também curiosa sobre o que ela estava planejando para aquela noite Jennifer foi futricar a agenda da mais velha.
“Neo Palatino – 21 horas – Jantar, Cary.”
– Pera ai eles vão sair e ela nem falou nada? Pryh safadinha! – riu-se e então passou a olhar o vestido que estava na cama com mais atenção. Era sexy, e alguém morreria de ciúmes de vê-la, mas para isso ela devia dar um empurrãozinho, afinal se nem ela mesma sabia do tal encontro duvidava que o principal interessado na casa, depois da própria advogada, saberia.
Andando sorrateiramente ela foi até o closet da mais velha, abriu a parte de sapatos e não demorou em encontrar o que queria. Saiu do quarto, deixando o calçado no próprio aposento e indo procurar pelo “adorado” parceiro de trabalho, talvez assim ele criasse alguma atitude.

~~~~*~~~~

Há mais de trinta minutos DongHae rodava pelos aparelhos da academia montada próxima a piscina interna da casa. Aquela era uma forma de autopunição por pensar em convidar Priscila para um “encontro” e ter recebido o que parecia um fora da advogada; Ele não tinha ideia do que poderia ser o tal compromisso inadiável que ela tinha, não soube e nem ouvirá nenhum comentário até o momento na casa, o que o fez acreditar que aquilo era uma desculpa. Chegara à conclusão de que ela havia inventado aquilo porque não se sentiria bem saindo com ele.
Com esse pensamento na cabeça o rapaz deixou o aparelho que suava pra flexão e subiu na esteira pela terceira vez, programando a velocidade media. As gotas de suor já encharcavam sua regada, Hae esperava que com elas a vergonha que ele sentia também fosse expelida para fora de suas células. Dessa forma, limpando seu corpo das toxinas que vindas de seu ressentimento.
– Parece que alguém aqui está com dor de cotovelo. – uma Jennifer com um sorriso debochado entrou pela porta e sentou-se um pouco afastada no chão em posição de índio enquanto observava os movimentos alheios.
– Não começa! – advertiu sem nem olhava para a bailarina.
– Começar? Com o que? – sorriu ela se alongando no chão enquanto via Lee desligar o aparelho, jogar água no rosto e então enxugar os cabelos com uma toalha de rosto branca.
– Você veio aqui para zombar de mim porque a Priscila não aceitou sair comigo essa noite não é? Pode falar!
– Como é que é?– Jennifer levantou do chão rapidamente. – Não me diga que a Pryh te deu um fora? – a bailarina só faltou rolar no chão de tanto que ria.
– Espera aí, não foi um fora! – Hae rebateu na defensiva.
– Não? – Jenny enxugou um pouco das lagrimas que saiam dos olhos por rir tanto. – Para onde você a chamou?
– Um espetáculo de dança de salão, hoje à noite! – ele falou automaticamente.
– Dança de salão? Seria daquela companhia que está fazendo turnê na cidade? – a garota perguntou já sabendo a resposta. – Você sabe muito bem que o espetáculo de dança deles é algo bem dinâmico e que o publico são casais que costumam ficar na plateia se pegando não é?
Lee permanecia mudo olhando para o chão envergonhado.
– Então você a convidou para um encontro e ela disse não! – Jennifer falou sorrindo de canto.
– Espera você não sabia que eu tinha convidado ela? –  a bailarina negou com a cabeça ainda sorrindo em deboche ao ser questionada. – Então você só soube por mim? – dessa vez a resposta fora um aceno positivo. – Aish! Ao invés de ficar ai que nem uma idiota rindo você deveria praticar os passos da dança do ventre.  Soube que você é um horror nesse tipo de dança. – DongHae mudou o foco atacando onde doía.
Jennifer parou de rir e se aproximou a passos lentos dele.
– DongHae. – a voz de Jenny não passava de um sussurro. – Porque você não sai do meu pé hein? Você devia se preocupar com você.
O bailarino deu um passo para trás com medo de que a maluca fizesse algo contra ele. A garota deu mais alguns paços em torno do corpo masculino, parando à suas costas e colocando as mãos em seus ombros. Lentamente o virou de frente para  um espelho grande que havia no fundo da sala, e, fitando os globos alheios, ela continuou.
– Você se acha esperto, mas foi você que levou Priscila para almoçar ontem? – questionou.
– O que?
– Você já deve ter percebido que minha unnie vive fugindo de alguém nessa casa né? – Jennifer saiu de trás dele. – KyuHyun convidou Priscila para almoçar ontem e sem pensar duas vezes ela aceitou. Enquanto você Lee DongHae está chupando dedo. Porque não foi o seu convite que ela aceitou de primeira e não é com você que a unnie vai sair essa noite... – a frase foi finalizada propositalmente.
– Com quem ela vai sair essa noite?
– Você gosta dela não gosta?
As duas perguntas saíram ao mesmo tempo.
– Jennifer, responda a minha pergunta!
– Só se você responder a minha! – Jenny cruzou os braços, inabalável.
– Gosto. Priscila, assim como Isis e diferente de você, é uma boa pessoa! – falou ele. – Agora me responda!
Jennifer sorriu.
– Se você quer tanto saber por que não pergunta ela? – desafiou.
– É um homem ou uma mulher?
– DongHae, se você fosse um pouco agradável eu contaria para você, mas como você é totalmente antipático vou deixar você sofrer com essa dor de cotovelo, mas eu digo uma coisa. A companhia dela é muito BOA! – Jennifer frisou "boa" com uma intensidade diferente. – Continue aí sofrendo com seu fora! – concluiu deixando o ressinto e deixando o outro pensativo.

~~~~*~~~~

Jennifer subiu a escada, saltitante e ainda rindo. Porém assim que chegou ao andar de cima teve o braço puxado e foi arrastada até o cômodo mais próximo, no caso a biblioteca.
– Que você pensa que tá fazendo?
– Eu que pergunto isso: Que porra você acha que estava fazendo lá embaixo? Sério você é tão idiota assim? – o tom de reprovação na voz de LeeTeuk era gritante, mesmo que seu timbre fosse baixo.
– Do que tá falando?
– Do que eu tô falando? Jennifer não se faça de sonsa! Você não pode ser tão burra a ponto de não saber que aquilo era brincar com os sentimentos dele!
– Você ficou me espiando? – ela ainda tentou parecer indignada.
– Quer parar de mudar de assunto? – Park a sacudiu e então a empurrou no sofá que ficava entre as estantes de livro, sentando-se na poltrona de couro preto, suas mãos bagunçando os próprios cabelos. – Você ia gostar que fizessem aquilo com você? Ia apreciar que esfregassem no seu nariz que o cara de quem você gosta é legal com todos menos com você? E que ele ainda vai jantar com outro ser saído do meio do inferno e recusou um convite seu por causa disso!? Diga, ia achar isso engraçado se fosse com você?
A bailarina não conseguia proferir qualquer resposta, as palavras de Teuk haviam sido mais fortes do que um tapa na cara. Nunca o havia visto tão furioso, nem quando ela fazia suas brincadeiras e ele era o alvo, ou quando gritara com ele no jantar. Naquela ocasião ele simplesmente descontara sua raiva num bater de porta, contudo, agora que ela feria seu amigo ele explodia. Queria sentir raiva disso, ou rebater com sarcasmo, todavia a verdade era que ela estava de alguma maneira admirada com o ato de proteção.
– E então? Vai ficar calada? – o fluxo de pensamentos foi interrompido pela voz desaprovadora de LeeTeuk.
Jennifer fungou.
– Eu estava tentando ajudar! Ele é burro e não faz nada, tá totalmente na cara que ele gosta dela mais fica “lerdando”.
– Ajudar? Você ainda tem a audácia de dizer isso!? Para de ser infantil e pensa um pouquinho – ele apontou para a cabeça dela batendo os dedos nas têmporas – usa isso que você chama de cérebro pra alguma coisa que não seja brincar com os sentimentos alheios!
LeeTeuk levantou-se ainda furioso e saiu porta a fora, não queria ficar mais ali, só esperava que pudesse ter feito algum pingo de consciência entrar na cabeça da mulher mais problemática que ele já conhecera na vida.

~~~~*~~~~

– Jenny? – Isis entrou no quanto da bailarina, algumas roupas e um sapato em mãos. O cabelo já escovado. Porém não encontrou Jennifer, a passos rápidos tratou de ir até o fim do corredor, abrindo-a porta da direita e entrando rapidamente. – Unnie!?
– Aqui! – respondeu a mais velha em frente a bancada do lavabo onde um arsenal de maquiagem estava espalhado. Aishi semicerrou os olhos, será que Kyu teria tido a audácia de trocá-la por Priscila. – Que foi? – perguntou a advogada ao ver a mudança na fisionomia alheia.
– Que? Ah, nada. Tá toda arrumada, vai a algum lugar?
– Urrum.
A resposta murmurada e sem detalhes, havia deixado Isis ainda mais cismada. Enquanto isso aparentemente alheia à indignação que se passava no interior da amiga, Pryh terminava de  combinada a toda atenção que Santos dava a finalização do esfumado camurça claro com delineador gatinho e cílios postiços que alongavam a parte externa, seus olhos ficavam ao mesmo tempo delicado e misteriosos graças ao efeito felino. A boca por fim ganhou um tom de rosa queimado puxado levemente para o vermelho.
– E então o que precisa? – Perguntou a advogada quando terminou. – Vai sair também? – a pergunta soou animada, mas o entusiasmo desvaneceu-se um pouco após a resposta da outra.
– Sim, eu e a Jenny vamos ao coquetel do Josh...
– Achei que tinham desistido, e que você fosse sair com o Kyu.
Isis arregalou os olhos para o final da frase. Como assim, até aquele momento ela achava que a mais velha que fosse ter a companhia do programador. "Porque você o recusou." Sua consciência fez o favor de lembrar-lhe desse pequeno detalhe.
– É... Não, eu tinha resolvido ir, precisamos prestigiar o trabalho dele...
Não havia muita convicção naquela resposta, o que só deixou a mais velha ainda mais desconfiada da decisão repentina. – Se tá dizendo... – comento dando de ombros e começou a pensar numa forma de perguntar sobre Kyu mais antes que fizesse a voz da maknae já estava lhe distraindo.
– E você vai sair com quem? Tá toda arrumada, e com esse vestido lindo. Vai sair com o Hae?
A primeira reação à pergunta da mais alta foi às bochechas coradas e um olhar surpreso, que logo foram trocados por um balançar de cabeça em negação e um suspiro mal disfarçado. Ela ainda estava se sentido culpada por recusar o convite dele.
– Vou jantar com o Cary. – contou por fim, soando menos animada do pretendia. Não sabia explicar o motivo de estar daquela forma se no fim da manhã se sentia feliz por ver o amigo. – Mas como sabia do convite do Lee? – questionou ao lembrar-se que ela não estava por perto.
– Os ingressos eram do Teuk, ele achou que o DongHae gostasse e tal... Agora eu realmente acho que ele mesmo devia ter usado... Ou não, tanto faz! Pode me ajudar com a make? Procurei a Jenny e ela não tá em lugar nenhum.
Pryh riu amarelo pra mudança repentina da outra e após analisar o que Isis usaria aquela noite começou a trabalhar em seu rosto, usando tons em degrade de pérola, acobreado e marrom claro e finalizando a maquiagem com um batom pink que mais nova escolheu. Os olhos ficaram harmonizados com o vestido verde aqua que Isis avia escolhido. O modelo de mangas fofo ia até o meio das cochas e o tecido se cruzava a frente do corpo em um plissado preso por uma espécie de faixa de cetim que reavivava ainda mais as cores e dava um efeito “ampulheta” ao moldar-se ao corpo garota.
– Estou implicando com suas sandálias. – confessou Santos após ver a garota pronta já munida de uma bolsa-carteira com spikes. – Já sei. – a garota saiu rumo ao closet e voltou dez segundos depois com uma sandália nude de salto alto fino. Tinha tira finas que a prendiam no tornozelo e mais duas a frente que formavam um “x”, essas últimas contavam com pequenos spikes prata, dando um ar despojado misturado ao delicado. – Experimente!
Isis a colocou nos pés e andou de um lado para o outro desfilando pelo quarto e recebendo a aprovação da mais velha.
– Como vocês vêm se arrumar aqui e não me chamam? – Jennifer brotou na porta do quarto, estava totalmente pronta, o vestido que havia escolhido, uma sandália sorrateiramente emprestada e o cabelo preso para trás deixando a franja de lado. – E você dona Pryh que nem avisa que vai sair com o Agos, tô sabendo dessa vadiagem toda! Mas tudo bem... A gente se acerta na próxima – ameaçou fazendo acenando com as mãos como se pedindo para que ela aguardasse. – Agora adem logo ou vamos nos atrasar... Girls' night out! – cantarolou a ultima parte.
Priscila e Isis não tiveram outra opção que não cair na risada, e Jennifer se sentiu aliviada, toda a produção combinada com uma pitada de arrogância necessária disfarçavam o fato de que minutos antes ela acabou rendendo-se ao choro devido a bronca de LeeTeuk. Mas, aquilo já havia ficando no passado e tudo que ela queria naquele momento era aproveitar-se da festa do antigo companheiro de trabalho para distrair a mente.
– Pera se nós três vamos sair, e os meninos o que vão fazer? – Pryh perguntou antes que as outras saíssem pela porta.
– Vão ficar em casa chupando dedo. – Isis quem respondeu uma frase que seria típica da bailarina.
– Porque não os convidaram?
– Porque não. – as mais novas responderam juntas.
– Ainda acho que eles adorariam ir. – comentou, parte do motivo por estar com consciência pesada.
– Não inventa Priscila! – ralhou Jennifer.
– Quer apostar? – desafiou a mais velha.
– Não vou apostar nada porque se não formos agora nos atrasamos e seu queridinho deve chegar daqui a pouco.
– É fácil, dá o endereço da festa pra ele e eles vão depois. – argumentou outra vez.
– Melhor não. – Isis também estava relutante.
– Tudo bem. – Pryh deu de ombros.
– Falando em endereço, o convite tá com quem? – a bailarina se lembrou de que não sabia o local da comemoração.
– Você tinha deixado no home office. – lembrou-se a menor.
– Okay, passamos lá e pegamos. Tchauzinho vagadiva, divirta-se e juízo heim! – jennifer despediu-se.
– Tchau unnie! – a maknae acenou e seguiu logo atrás da bailarina.
– Vocês também! – Respondeu a advogada recostando-se no batente da porta a tempo de perceber um KyuHyun emburrado entrando para seu respectivo quarto. Num raciocínio rápido ela teve uma ideia, e saiu correndo atrás das duas.

~~~~*~~~~

Depois da conversa com Jennifer DongHae havia passado enrolado mais algum tempo na academia e depois resolvera se isolar no terraço, só retornando quando vira um taxi parado a frente da casa. Que ele supôs estar levando a advogada. Voltando ao quarto ele tomou um banho, mas nem isso lhe serviu para acalmar o que sentia; estava com raiva de tudo, de Jennifer, de Pryh e seu amiguinho, Kyu, mas principalmente de si mesmo. Bufando e xingando baixo, jogou-se na cama e ficou revirando, como uma criança birrenta, os pensamentos conturbados o colocando num transe masoquista. Passavam das nove da noite e pela fresta entreaberta da porta ele ouviu o som de chamada do celular da advogada vindo do quarto ao lado. Por um momento pensou que ela o tivesse esquecido e se levantou para olhar, mas antes que chegasse a porta a melodia foi substituída pela voz feminina.
– Alô... – houve uma breve pausa enquanto a pessoa do outro lado dizia-lhe algo – Okay, não se preocupe, eu não esperei muito, já tô descendo. – a voz de Santos parecia animada, e ele podia ver em sua mente o sorriso que ela certamente esboçava.
DongHae trincou os dentes e apertou os olhos, sentindo-se irritado. Como ele não havia percebido que ela estava em casa ainda? E porque ela tinha de transparecer-se tão animada? O barulho do salto andando pelo corredor o tirou de alguns pensamentos sádicos. Antes mesmo que percebesse ele estava parado em frente à própria porta olhando as costas desnudas de Pryh. Só para piorar a situação ela estava linda, o vestido preto embora tivesse mangas longas e uma frente simples – que ele pode ver quando a garota voltou pelo corredor para deixar alguma coisa sobre o aparador – possuía nas costas um decote profundo que descia até quase a base de sua cervical. Os bordados de alguma pedra que ele não lembrava o nome acumulavam-se em um “V” na base do decote chamando atenção para o quadril e mais algumas seguiam uma linha curvilínea até se encontrarem ao ombro onde havia mais pedras e ligavam-se delicadamente feito um colar na frente do vestido.  Nós pés saltos altos pretos e o cabelo preso num rabo de cavalo simples. Lee engoliu em seco, ela estava sensual na medida, e ao mesmo tempo simples e sofisticada.
"Mas não é com você que ela vai sair essa noite" – o pensamento o atormentou encarnando a voz de Jennifer.
Os trajes da garota só serviram para aguçar sua curiosidade. Com passos leves e inaudíveis como os de um felino que se esgueira entre a savana, DongHae seguiu para o andar debaixo passando direto para a sala de estar. Abriu uma das janelas laterais num ponto estratégico onde tinha uma boa visão da porta da casa, mas não poderia ser visto.
Priscila sorria de um jeito meigo para o loiro. O cara não devia ser muito mais alto que ele, mas Lee não podia ter certeza daquela distancia. Terno preto, não totalmente abotoado, camisa branca com botões demais abertos – ao menos na opinião de DongHae –, sapatos sociais e cabelos desalinhados como quando ele queria dar um visual despojados mas que leva um bom tempo para se arrumar. Bem afeiçoado e podia ser considerado atraente para os padrões femininos. Pior do que todos os atributos da concorrência, apenas o fato de que o tal Agos e Santos pareciam bem entrosados.
"E deviam ser, afinal pelo que Jennifer frisou durante a tarde eles pareciam gostar de jantar juntos frequentemente." – Lembrou-se ele. DongHae balançou a cabeça tentando livrar-se do eco da voz da bailarina que se repetia em sua mente.
 Quando se focou novamente na cena do exterior da casa já não ouvia mais o timbre sarcástico, nem qualquer outro som. Sua própria pulsação batia tão forte em seus ouvidos e reverbando como uma vibração em sua cabeça que era impossível assimilar qualquer outra coisa, a não ser Cary arrumando com gentileza uma mecha solta do cabelo de Pryh. DongHae cerrou os punhos, a respiração estava inconsistente. Quem o visse de longe poderia compará-lo a um touro de festivais espanhóis, bufando, com o olhar mortal fixo apenas no tecido vermelho brandido a sua frente. As pálpebras dilatadas e a veia na lateral de sua cabeça saltada.
Cary colocou as mãos nas costas da garota e a conduziu rumo ao carro. O professor podia imaginar o calor que a pele dela emanava, quando a viu no andar de cima havia imaginado por um milésimo de segundo conduzindo-a da mesma forma. Era revoltante ver aquele loiro aguado que surgira do nada levando a de casa. Virando-se rapidamente ele saiu rumo à porta, não tinha nenhuma coerência em seus pensamentos, a única coisa que sabia era que aquele teatrinho acabaria ali. De alguma forma ele mandaria aquele imbecil ir embora e se necessário arrastaria Priscila para dentro de casa.


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Nota da Autora: Olá garotas! E ai como vocês estão? Curtiram ou capítulo maior ou nem? Ao menos eu me diverti horrores escrevendo, sim eu rio da minhas próprias maluquices escritas, mas ainda ao imaginar a reação de algumas das minhas leitoras lendo XD
Pra quem ficou com dó do bias ali levanta a mão e bate aqui o/\o, mas enfim, tenho que agradecer a Jenny por essa cena porque tava difícil sair. Thi~~ pivete da Ahjumma também que sempre ta me socorrendo nas crises de ‘não consigo escrever’, não sei o que faria sem você
Enfim, o que vocês acham que vai acontecer? Ele vai atrás dela? Alguém vai pegar ele tendo um ataque? Vai rolar popcorn na porta da casa? Heim? Heim? E as fangirl das bailarinas, ansiosa pro comercial? Não sei vocês mais tô animada pra tudo isso! Vejo vocês na próxima!
Amem-me, odeiem ou cobrem att no Ask ou Twitter!!