– Foi você quem errou a porra do passo, então não vem reclamar!
Era quarta feira, Jennifer entrava
pela porta da sala, e olha só, brigando com DongHae pela décima sexta vez no
dia, e esse numero não foi exagerado. Dessa vez a garota havia encasquetado que
ele fizera um movimento para a direção contraria durante o ensaio dos dois, o
que gerou uma briga imediata e outra durante o caminho de volta para casa.
– Eu já disse que estava certo caramba! Você mesma ficou me enchendo
o saco a semana passada toda para a conseguirmos pegar essa droga direito e
agora vem falar que é de outro jeito? Jennifer vai tomar um remédio para a
memória vai!
– Quem precisa tomar remédio para a memória é a sua...
– VOCÊS QUEREM FAZER O FAVOR DE CALAR BOCA!? – o grito furioso da
advogada assustou os dois que brigavam e LeeTeuk que até então assistia TV. –
Sério, Jennifer dá um tempo para a minha cabeça! E você DongHae, pouco importa
se foi direita, esquerda, ou no quinto dos infernos, só concorda com ela e
encurta a história.
– Pryh você está bem? Fica calma não precisa... – com essa frase
LeeTeuk conseguiu a ultima gota que faltava para estourar uma barragem.
– Tá tudo bem, inferno!! Porra, quantas vezes mais eu vou ter que
repetir isso hoje? Primeiro minha secretária, depois dois idiotas da firma e
agora você. Eu estou calma! Okay?
Agora se me derem licença eu tenho coisas mais importantes para a fazer do que
ficar aqui ouvindo vocês.
Após a pequena explosão a garota marchou furiosa para a o quarto,
seguida por Jennifer, deixando os rapazes com cara de taxo. Ambos cogitavam o
fato de Jennifer e Priscila terem sido possuídas por alguma entidade maligna, o
que não estava tão errado assim, afinal nem elas mesmas se aguentavam.
~~~~*~~~~
– Toma Kyu corta isso que eu vou preparando as outras coisas para o
jantar. – ordenou Isis passando duas cebolas para o rapaz que a encarou feio.
– Porque eu? Meu dia de ficar por conta da cozinha já passou!
– Porque você tá ai só jogando atoa e não ajuda em nada. Se eu bem me
lembro na ultima vez que você ficou por conta da cozinha quem teve todo o
trabalho foi o LeeTeuk, e EU TO MANDANDO!
– Mas você não disse agora pouco que queria fazer o jantar sozinha?
Isis respirou fundo, fechando os olhos.
– É eu disse que queria fazer sozinha, mas não disse que não queria
nenhuma e qualquer ajuda. E como já deixei claro você não está fazendo NADA
útil, e eu odeio cortar cebola então vai e faz isso!
O rapaz ia protestar dizendo que não era o dia dele na cozinha, mas
ponderou após se lembrar do relato da explosão das outras duas garotas. Talvez
Aishi não seguisse o exemplo, mas com o atual estado de espirito era melhor
prevenir-se. Além disso, deixar uma garota furiosa, que por acaso estava
segurando uma faca grande e afiada, não lhe parecia algo muito sensato. A
contra gosto ele deixou seu PSP e começou a descascar o vegetal. Logo seus
olhos estavam ardendo e arrancando alguns palavrões da boca do mesmo.
– Dá para a parar de xingar? Ou quer que eu taque detergente na sua
boca?
KyuHyun olhou para a não tão adorável maknae tentando entender porque
diabos ela estava falando aquilo. Principalmente se levado em consideração o
fato de que a garota já havia afirmado estar acostumada com o palavreado do
garoto enquanto jogavam vídeo game juntos.
– Isis, aconteceu alguma coisa? – ele ainda ousou perguntar, tentando
entender, mas tudo que conseguiu como resposta foi um pano de prato arremessado
contra seu rosto.
– Quer saber. SOME DAQUI! SAI! VAZA! RAPA FORA! Não quer ajudar, não
ajuda, mas também não fica reclamando. – ralhou ela meio raivosa, meio
chorando, logo em seguida arremessando o PSP – Anda logo e leva esse maldito
jogo junto!
O player teria se espatifado, não fosse um rápido reflexo de Kyu em
proteger seu “pequeno tesouro”. Mas, seu
instinto não foi tão rápido a ponto de desviar de uma esponja molhada que
acertou suas costas poucos antes dele desaparecer porta afora.
~~~~*~~~~
– Me deixa adivinhar, também foi agredido? –
Teuk falou assim que viu o maknae chegando ao terraço.
Aquele foi o único lugar onde eles
conseguiram ficar a salvo, já que as outras duas garotas resolveram limpar a
casa depois do trabalho. E para a variar os expulsaram de seus afazeres para
despicar uma fúria sobre esfregões, panos e vassouras, passados no chão e
moveis dos cômodos com uma força desnecessária. Ao menos eram objetos
inanimados que estavam recebendo a tortura e não eles.
– Qual foi a arma da vez? – Perguntou DongHae
que estava esticado em uma das esteiras tentando dormir um pouco.
– Uma
esponja de louça, só espero que esse troço não manche. – Falou o mais novo
virando-se de costa, e ouvindo os outros dois rirem.
– Pelo menos foi algo macio. – LeeTeuk falou
meio azedo, passando a mão pelo ombro onde Jennifer havia lhe acertado o
controle remoto do DVD. O ator havia descido as escadas pouco depois e notou o
aparelho ligado sem ninguém por perto, perguntou a Isis se era ela quem estava
assistindo e com a resposta negativa da garota que já saia porta afora ele
desligou o eletrônico e virou-se rumo a cozinha. Mal havia chegado ao cômodo
quando sentiu algo acertar o meio de suas costas, e ao se virar deu de cara com
uma Jennifer furiosa.
– O que acha de comprarmos algo para acalmar
elas? – propôs Hae.
– Como o que? Um calmante daqueles que dão
para leões de zoológico? – indagou KyuHyun enquanto checava se seu jogo estava
realmente inteiro.
– Eu tô falando sério seu imbecil! Quem sabe
com um agrado elas não deixam essa urucubaca ir embora e voltam ao normal?
Fondue de chocolate com frutas vermelhas deve fazer bem...
– Você tá querendo um calmante ou
afrodisíaco? – Teuk não deixou passar o comentário sacana que veio a própria
mente.
– Filho da...
DongHae já ia começar a discutir com LeeTeuk,
mas suas palavras foram interrompidos por dois furacões carregando baldes.
– Ferrou, elas nos acharam! – Kyu disse
baixinho.
– Todo mundo ralando daqui porque a gente vai
limpar, ANDA LOGO!
Mais que depressa os garotos encarnaram o The
Flash e sumiram rumo a seus quartos onde ficariam até o jantar, ou pelo menos
dois deles, já que DongHae pegou sua carteira e
chaves e seguiu para a garagem, empenhado em comprar o que faltava para
por seu plano em pratica.
~~~~*~~~~
O jantar mais uma vez foi velado pelo mesmo clima lacônico e
desconfortável que andava recaindo sobre as refeições dos últimos dias. As
garotas juntas não proferiram mais que uma dúzia de palavras e os rapazes
apenas trocavam alguns olhares significativos, preferiam ficar calados a levar
esporro. Até mesmo DongHae que estava confiante em sua “missão”, a qual
começaria depois do jantar não quis fazer nenhum comentário sobre a postura
amuada delas.
Graças a um momento de “iluminação divina”, provindo sabe-se Deus de
onde, LeeTeuk se ofereceu parra lavar a louça, mesmo não sendo seu dia. O que causou
uma reação nem de longe esperava. Jennifer quase chorou com o gesto do rapaz e
lhe deu um abraço menos aguardado ainda, deixando o mais velho tão espantado
quanto se tivesse visto a “Loira do Banheiro” tomando chá com “Bloody Mary” na
sala de estar. Os outros não ficaram muito diferentes, e mais pareciam duas
estatuas enquanto observavam a bailarina deixar a cozinha seguida das outras
duas.
– Alguém pode explicar o que foi aquilo? – perguntou o ator ainda sem
entender.
– Não sei, mas acho melhor andar rápido com essa louça antes que ela
mude de ideia e venha te socar. – disse Kyu já deixando o cômodo.
– Hey não vai ajudar não? – indagou DongHae, que já juntava os pratos
para Teuk lavar.
– Ajudar? Por acaso eu já tive meus olhos maltratados picando cebola,
e depois fui praticamente feito de escravo pela Aishi. O LeeTeuk que quis se
oferecer, agora se vire!
– Aisshiiii... Esse piralho!
– Deixa, vamos acabar com isso aqui nós mesmos. Lava a louça que eu
guardo o que sobrou.
Com o trabalho em dupla não demorou muito
para que tudo estivesse no lugar e eles ficassem livres. LeeTeuk subiu para o
quarto, pegando um casaco e saiu dizendo que iria caminhar, o que era uma
desculpa para ficar sozinho e pensar na única reação carismática vinda de
Jenny. E, DongHae se retirou para o quarto para tomar banho, aproveitando para
dar um tempo antes de preparar o fondue que ele levaria para Priscila.
Cerca de uma hora depois ele subiu as escadas
com o potinho que havia comprado já aquecido. O cheiro de chocolate derretido perfumando
a bandeja que também continha um recipiente com morangos e marshmallows
coloridos. Ele sorriu vendo aquilo, estava realmente apetitoso.
Seguiu até o fim do
corredor e deu três batidas na porta, não ouviu resposta, chamou a garota e só
então ouviu um “tá aberta, entra e para
de barulho!”. Não era um bom sinal com relação ao humor da advogada, mas
mesmo assim ele não iria desistir. Quando entrou no quarto ela estava deitada
na cama, por cima do lençol, vestindo um moletom que ele não havia visto até
então. Haviam algumas roupas jogadas em cima do divã que ficava aos pés da
cama, e algumas no chão, o que ele achou estranho já que Pryh costumava ser bem
organizada, porém, mais uma vez ele ignorou os detalhes.
– Oi, eu... Hum...
Fiz algo para a você... Acho que vai gostar. –- disse ele depositando a bandeja
sobre a cama e segurando o portinho com a ajuda de um guardanapo.
Priscila se sentou
ereta cruzando as pernas em posição de índio, encarando fixamente o garoto e
depois a bandeja, e então voltando sua atenção para o rapaz. Contudo, seu olhar
agora continha algo entre uma raiva homicida e mágoa. Antes que o bailarino
perguntasse o que havia de errado a garota começou a gritar com ele.
– Não basta eu estar morrendo de dor de
cabeça, toda inchada, você ainda quer me deixar parecendo uma baleia!!?? –
enfureceu-se ela empurrando o pote de chocolate quente que se derramou sobre
DongHae, provavelmente causando alguma queimadura em seu abdômen. – Vai lá, trás refrigerante e pizza quem sabe
assim você não consegue me deixar cheia de estrias e celulites também!! –
concluiu se levantando da cama e saindo as pressas para o banheiro, batendo a
porta com força, deixando o outro dolorido e frustrado.
– O que aconteceu? – quis saber LeeTeuk que acabara de chegar e foi
logo encontrando um DongHae desconsolado descendo as escadas com o que a pouco
tempo foi uma agradável sobremesa.
– Nada só um iludido idiota achando que ia fazer um agrado e se
queimando, literalmente. – respondeu ele marchando para a cozinha, resmungando
algumas palavras de baixo calão.
– Ela não gostou? –
inquiriu Teuk enquanto o bailarino jogava as frutas com bandeja e tudo na cuba
da pia.
– Gostar? Não sei onde eu estava com a cabeça bancando o bonzinho
para agradar aquela garota. Além de ficar furiosa ainda me jogou chocolate
quente, ESSA MERDA QUEIMA!
– Hey! Calma ai cara, não precisa descontar sua indignação em mim
também. E me dá isso aqui. – disse Teuk, roubando o que sobrou do chocolate que
ia ser jogado no lixo. – Mas você já devia ter imaginado. O humor delas não
está o mais confiável. E meu, a Pryh desacatou um juiz, quer sinal mais obvio
que esse?
– Tem razão, o estupido sou eu. – respondeu ele apertando a ponta do
nariz com os dedos enquanto tentava respirar fundo.
– Não foi isso que eu disse...
– Tá esquece! Vou subir e tomar outro banho. – rebateu DongHae, já
deixando a cozinha.
Quando subiu as escadas quase trombou com Jennifer que descia os
degraus ainda admirando as unhas recém-pintadas de preto. Sim, aquilo era uma
bela reflexão do humor em que ela se encontrava então.
– Olha por onde anda. – reclamou o garoto e dobrou o corredor rumo ao
próprio quarto antes mesmo de Jennifer abrir a boca para replicar o tom
malcriado.
Jennifer chegou a parar alguns segundos e ficar olhando o rapaz de
andar tenso antes desse entrar no quarto e bater a porta em alto e bom som. Não
sabia o que tinha acontecido, mas boa coisa não devia ser. Dando de ombros ela
seguiu rumo a cozinha, estava morrendo de fome. LeeTeuk estava do lado de fora
das portas de vidro e não percebeu a garota que começou a andar em círculos em
busca de algo com açúcar o suficiente para dar uma melhorada em seu humor.
Quase cinco minutos depois ela resolveu optar por um pacote de
alfajor com cobertura de chocolate, mas claro abrir o pacote e manter as unhas
intactas não era um ofício lá muito fácil. E para piorar o hidratante que ela
usara nas mãos a pouco tempo estava fazendo com que o plástico metálico
escorregasse de seus dedos. Depois de mais algumas tentativas atrapalhadas, ao
invés de conseguir o que queria o pacote escorregou e quando a bailarina foi
pegá-la suas unhas ainda úmidas se estragaram, ganhando riscos e perdendo o
brilho.
Xingamentos saíram de sua boca num jato. Por pouco ela não jogou o
pacotinho no chão e começou a pisoteá-lo rogando uma praga nos malditos
fabricantes que não faziam algo mais fácil de abrir. Queria chorar, era uma
fraca que nem conseguia abrir um misero pacote de doce para saciar seu desejo
por uma cobertura de chocolate.
– Maldito dia! – resmungou fungando e jogando o pacote sobre o
balcão, os lábios crispados, segurando-se para não abri o berreiro ali mesmo. –
“Se ao menos pedisse ajuda, afinal
LeeTeuk estava ali perto” – o pensamento traiçoeiro foi rapidamente
descartado. – Não Mesmo! Isso vai abrir por bem ou por mal.
Mas alguns fracassos, e ela já estava para a jogar o pacote no chão e
pisoteá-lo quando ele despareceu de suas mãos. Olhou para frente e deu de cara
com LeeTeuk, que abriu a embalagem na primeira tentativa. Como se troço imbecil
se dobrasse as vontades das “mãos habilidosas” de seu mestre.
– Aqui pequena.
“MALDITO! CONVENCIDO! EGOCENTRICO!
IDIOTA” – as palavras afloram em sua cabeça
automaticamente ao ver a postura satisfeita com que ele entregou o pacote em
suas mãos. Ela queria arrancar aquele sorriso vadio daquele rosto, nem que
fosse no tapa. – “Aish! Porque ele não
some da minha frente, desaparece, vira fumaça ou vai para o inferno!?” – ainda
pensava ela o metralhando com um olhar furioso.
E para finalizar o momento péssimo, Teuk a encarou confuso, franzindo
o cenho e arriscando duas vezes no mesmo erro naquele dia fez a pergunta mais
desnecessária. – Tá tudo bem?
Jennifer mal percebeu, a sessão descarrego de palavras rudes foram
automáticas. Ela atirou sermões para todas as direções, tirando satisfação
desde as vezes que ele se esquecera uma luz acesa, toalha molhada deixada sobre
a cama, e, até os copos guardados no lugar errado, transformando o sorriso
torto dele em surpresa e então num revirar de olhos quase que grudados no teto.
– Argh, você e as outras duas estão numa TPM do diabo! – foram as
únicas palavras que deixaram os lábios do rapaz antes que se virasse e saísse.
Uma salva de palmas para ele e sua descoberta do milênio. Não era
obvia aquela afirmação!? Mas não, não era. Pelo menos não na escala a qual
atingiu as três garotas dessa vez. Nem elas se deram conta do humor “caixinha
de supressas”, ou numa definição melhor “caixa de Pandora”, em que se
encontravam durante aqueles dias. E o pior é que todas só perceberam
após seus ataques mais injustos. No entanto a
conclusão fora feita tarde demais, e agora nenhuma tinha certeza se
eles as perdoariam tão facilmente pela fúria gratuita.
~~~~*~~~~