A manhã de sábado chegou fria e coberta por nuvens cinza, tons perfeitos para o humor que pairava no ar, e para completar o circo dos horrores, a típica cólica posterior aos transtornos de humor resolveu dar sinal de vida. O que fez com que duas das garotas não saíssem da cama tão cedo, e os homens tivessem de que se virar na cozinha, rendendo uma boa conversa e reclamações sobre os dias anteriores.
Temendo que tivessem de aturar mais um dia de assaltes inesperados os três decidiram-se por sair. Os colegas de trabalho de Kyu haviam marcado um jogo de futebol seguido de uma comemoração na casa de um dos companheiros que havia sido promovido, o que foi uma ótima desculpa para não ficarem em casa. E, mesmo que não permanecessem até o fim, eles achariam algo para fazer, a única certeza que tinham era a de que não queriam estar por ali. Então, rapidamente deixaram um bilhete dizendo que voltavam a tarde e seguiram para pegar o que precisavam antes de sair.
Quando DongHae ia saindo do quarto, Priscila saia de seus aposento, o rosto sonolento com expressão cansada, e uma aparência não muito boa, ainda vestida com pijamas e um casaco de lã por cima. Ele parou por um segundo, lembrando-se do que LeeTeuk havia lhe dito. No entanto apesar estar mais tranquilo pelo mau humor repentino ser culpa de um transtorno feminino, ele ainda estava magoado com o que acontecera no dia anterior. Idiota e birrento ele sabia, mas o  orgulho ainda falava mais alto.
– Hum... Bo-bom dia...? – a frase soou como uma pergunta em sua voz rouca, sua ressaca moral estava dando sinais de vida. Hae apenas fez um aceno com a cabeça. A advogada não sabia o que fazer quanto a suas ações exageradas, queria se desculpar, mas nunca fora muito boa com palavras, pelo menos não as que não se resumiam a uma defesa de um desconhecido e sim a sua, quando ela sabia que estava errada e não acreditava muito na justificativa. – DongHae...
– Os rapazes combinaram de sair, então vou indo, devemos estar de volta no fim da tarde. – disse ele a interrompendo e saiu caminhando, não dando chance para a garota terminar o que iria dizer.
Priscila suspirou, não o condenava totalmente por tratá-la daquela maneira, mas mesmo assim sentiu uma pontinha de raiva pela forma como ele não deixou que ela se explicasse. Ainda pensando numa solução para aquilo voltou para o quarto em busca da cartela Ácido Mefenâmico,[1] que as outras provavelmente também iriam querer e desceu para a cozinha.
Jennifer já estava sentada a mesa, vestia um moletom e uma camiseta, as pernas encolhidas sobre o estofado e alguma coisa que lembrava uma vitamina cor de chocolate dentro de um copo. Quando Pryh lhe disse “bom dia” a garota apenas levantou a mão num aceno e depois voltando a abraçar as pernas.
– Cólica também? – a advogada perguntou se dirigindo a geladeira para pegar água e já colocando um dos comprimidos na boca.
– Morrendo. – a outra respondeu meio abafado.– É nesses dias que eu queria ter nascido homem. – completou, ficando pensativa logo em seguida. – Mas acho que desisto da ideia, não ia ser uma bailarina tão brilhante se fosse do sexo oposto.
A mais velha riu, Jenny até poderia estar sendo rasgada por dentro, mas ainda restava um pouco do seu ego inflado.
– A Isis não desceu? – questionou a advogada estranhando a falta da maknae.
– Não só desceu como já saiu para rua. Aquela sortuda filha da mãe não teve cólica esse mês e saiu dizendo que precisava pegar algo com um dos amigos dela. – Jenny pegou o remédio e tomou também. – Tentei descobrir o que era, mas a vadia nem falou nada.
– Suspeito. Você chegou a falar com alguns dos meninos?
O tom de desconforto na voz de Pryh não foi totalmente disfarçado, a bailarina fez um movimento negativo com a cabeça e ficou observando a outra se juntar a ela para tomar seu café.
– Não, ouvi Teuk dizendo algo sobre sair para algum lugar, mas o recado foi dado a Aishi. Tanto faz, não estou disposta a lidar com o Sr. Perfeição nesse momento. – respondeu estalando a língua.
– Você deveria implicar menos com ele.
– Hum, poderia, mas não estou inclinada a fazer isso. – rebateu ela fazendo cara de profissional séria. – Agora me conta, porque tá com essa cara de quem mandou o réu para a forca?
Priscila gemeu e se pôs a relatar o evento do fondue, a mais nova gargalhou imaginando a cena. Não era novidade que Hae era o segundo da sua lista de pessoas que precisavam ser trolladas com afinco.
– Ele deve estar puto! – concluiu Jenny limpando as lagrimas de riso.
– Não tem graça Jennifer!
– O que não tem graça? – Isis brotou na cozinha com duas sacolas na mão. – Ah! Bom dia! – pelo sorriso da garota suas “compras”, ou o que quer que tivesse ido buscar, havia lhe deixado de bom humor.
No final do café, as três estavam a par dos surtos do dia anterior e passaram algum tempo discutindo sobre o que fazer para pedir desculpa. Bem, pelo menos Pryh e Aishi. Jennifer se recusava terminantemente a dar o braço a torcer, argumentando que era de seu direito ter crises “tepeêmicas” e que quando elas moravam sozinhas simplesmente ignoravam os surtos.

~~~~*~~~~

As horas seguintes passaram de formar arrastada, no almoço resolveram procurar por um dos restaurantes em que costumavam ir aos finais de semana. A tradição havia ficado esquecida desde as entrevistas para os novos moradores, e parecia ser uma boa opção para animá-las. Porém não surtiu o efeito esperado. O clima frio e uma nevoa que encobria parte da vista do lugar quebraram um pouco dos ânimos.
– Nossa, isso aqui estava bem mais legal da ultima vez que viemos. – reclamou Isis.
Essa pequena frase foi o suficiente para que Jennifer ficasse se lembrando do episódio, foi o primeiro almoço com LeeTeuk, e o “famoso”, como ela o apelidara na época, passou a maior parte do tempo sendo bajulado pelas outras duas e se mostrando todo adorável. Irritante!
A refeição não durou muito e logo elas estavam em casa, a noção de que aquele era o primeiro dia sem qualquer sinal dos rapazes depois que eles se mudaram oficialmente foi um pouco desconcertante. Apesar de o silêncio ter agradado nas primeiras horas e servido para colocar as tarefas acumuladas em dia, depois de algum tempo começou a incomodar. O barulho e risadas dos rapazes serviam para animar a casa.
Aishi pensava sobre isso jogada em um dos sofás da sala de TV lendo uma revista, quando ouviu a porta se abrindo. Estava ansiosa para que os garotos chegassem então, rapidamente se sentou ereta. Alguns sons de passos depois, LeeTeuk apareceu com cara de cansado e com a regata jogada por sobre o ombro.
– Olá! – ele disse num aceno e já ia se dirigindo para a cozinha.
– Her... Oi... Teuk cadê os outros?
– Ah, o Kyu quis dar uma passada numa loja de eletrônicos para comprar não sei o que e o DongHae se voluntariou a ir junto. – respondeu o ator deixando Isis ainda mais impaciente para a chegada do gamer, a garota fez um gesto de que tinha entendido e deixou que o rapaz seguisse rumo à cozinha.
Tudo que LeeTeuk queria naquele momento era alguma coisa para beber. O dia não estava tão quente, mas a atividade física o deixou exageradamente morrendo de sede. Ele entrou na cozinha, dando de cara com Jennifer que estava com a cara enfiada na geladeira procurando algo que pudesse beliscar antes da próxima refeição.
–Senhor certinho, chegou cedo em casa! – Jennifer alfinetou virando-se rapidamente para ele e analisando sua expressão. Tentava decifrar algum sinal de magoa que o dia anterior pudesse ter gerado – Você está bem?
Ele respondeu um “sim” seco, se aproximando um pouco, pegou uma das garrafinhas de água que estavam na porta da geladeira e deixou a cozinha sem qualquer tentativa de comunicação com a garota. Passou novamente por Isis enquanto entornava o conteúdo da garrafa e seguiu escada acima em silêncio.
– O que você fez dessa hein? – Quis saber a maknae assim que viu a amiga passando com algo que parecia ser a sobra da sobremesa da noite anterior.
– Nada. – retrucou a bailaria sentando-se no outro sofá. – Ele só está estranho comigo. – ponderou torcendo a boca em sinal de reprovação, mas antes que a outra fizesse qualquer comentário emendou: – Tanto faz, eu não me importo com ele.
– Não é? E você pretende receber gelo dele para o resto do tempo que em vamos morar juntos aqui é?
– Gelo? – Jennifer colocou um pedaço da sobremesa na boca.
– Sim, gelo. Teuk só vai responder coisas que são realmente importantes com: "sim", "não", "tá", "às vezes", "talvez" e outras palavras sem muito significado. Vai ficar te evitando e te deixar falando sozinha e principalmente ele não vai sofrer com nenhuma das brincadeirinhas de mau gosto que você faz. Vai te ignorar. – Isis sorriu inocente para o ponto estratégico que direcionara seu ataque.
– Ignorar? – Jenny revirou os olhos. A graça das brincadeiras, trollagens e pegadinhas são o fato das pessoas se sentirem afetadas, então o que adiantaria um LeeTeuk que a ignorasse? – Então como eu faço pra ele não me dar gelo?
– Se desculpe, oras! – Falou Isis e abriu a revista novamente, ignorando a cara de ódio que a outra fez antes de sair pisando duro quase trombando com Pryh.
– O que você falou pra ela? – perguntou para a mais nova que desistiu da revista e a jogou para o lado.
– Não muito, ela “reclamou” que o Teuk estava estranho então, eu falei que ele ia ficar dando um gelo nela enquanto não pedisse desculpas. – explicou Aishi.
– Humm... Espero que dê certo. Hey os garotos já chegaram? – perguntou Priscila esperançosa.
– Só o Teuk, Kyu quis comprar alguma coisa e o Hae foi junto. – esclareceu ela deixando a parte de que ele mesmo se voluntariou de lado. – Hey, você vai lá pra fora agora? – ela apontou para o maio estilo “engana mamãe” que a advogada vestia.
– Não vou ficar na piscina aqui de dentro, tentar gastar as calorias que aquele Petit gateau me rendeu. – respondeu já se levantando e saindo. – Hey, se me ligarem você atende pra mim e anota?
– Aham, mas tá esperando alguma ligação?
– O Cary não ligou ainda, ele tem que confirmar se vamos sair! – Priscila gritou já de algum outro cômodo da casa.
DongHae e KyuHyun entravam na sala naquele momento, o primeiro tinha o maxilar serrado e o segundo estava com um bico gigantesco, parecendo frustrado.
– Boa tarde seus sumidos! – Isis falou se sentando, estava ansiosa para mostrar seu “presente” para Kyu.
– Olá! – KyuHyun falou se jogando no sofá quase que por cima de Isis que começou a reclamar que ele estava grudento.
– Ah, oi Aishi! – DongHae respondeu meio apático, ganhando um olhar torto de Kyu, o ultimo jurava que o humor do amigo não estava tão ruim até alguns momentos. – Se me dão licença, preciso de um banho.
– Aconteceu alguma coisa? – Isis perguntou apontando para as costas de Hae.
– Sei lá, ele “tava” normal até agora pouco. – Kyu deu de ombros e então se lembrou de que ainda devia estar irritado com a Designer, mas já havia relevado o ocorrido, tinha assuntos mais importantes que só ela entenderia.
– O Teuk disse que vocês ficaram pra trás pra comprar alguma coisa. Cadê as sacolas? – perguntou a garota como se lendo os pensamentos dele.
Kyu bufou.
– Não fui comprar, bem eu ia... – Kyu fez cara de irritado. – Um colega disse que me conseguiria um jogo pra essa semana, mas parece que tenho que esperar o lançamento.
Aquelas palavras eram tudo que Aishi precisava ouvir. Ao contrario da indignação que o gamer esperava que ela compartilhasse a garota levantou-se animada e saiu puxando-o para cima e empurrando para o quarto dele. Em cima da cama uma sacola preta com um logo em prata de uma loja que ele conhecia bem. Antes que ele pudesse abrir a boca para perguntar o que tinha ali, ela tirou um disco de dentro da sacola e colocou em suas mãos.
– Achei que precisava pedir desculpas por ontem. – a garota deu de ombros meio sem jeito.
Kyu olhou para a garota e de volta para a capa ainda não acreditando que a figura desenhada ali era mesmo Lara Croft e ele havia conseguido a nova versão Tomb Raider que só sairia dali a quase duas semanas. Aishi sorria alegre sabendo exatamente o que o rapaz sentia, só não contava que a reação fosse tão esfuziante.
Aishi foi puxada pra si, rodada no ar o que a fez se agarrar ao pescoço dele para que não caísse. A risada dela ecoou meio estranha pelos movimentos, ele a abaixou encostando a testa na dela os olhos brilhando de alegria.
– Não acredito nisso! Tô tão feliz que poderia... – a frase não foi terminada, Kyu colou seus  lábios aos dela.
Isis não registrou completamente as ações do rapaz até sentir sua boca sendo invadida pela língua dele. Ela correspondeu ao beijo de modo automático, o cérebro reagindo aos instintos antes mesmo de processá-los. Sua respiração se tornou um pouco mais complicada, seus braços se apertaram ainda mais em torno dele enquanto as mãos do rapaz deslizavam sobre as pernas enlaçadas a cintura dele. A mente de Aishi tornou-se turva, seus sentidos ficaram mais aguçados, como se despertados pela primeira vez no dia.
Kyu percebeu o que estava fazendo e a colocou no chão se afastando um passo.
– Eu... Desculpa... Só fiquei feliz e... Isis eu não...
O rapaz murmurava pedidos de desculpas meio embolados, totalmente sem graça com o que fizera, mas Aishi não estava sequer absorvendo as palavras. Havia ficado espantada com a reação, queria que ele a perdoasse, mas de maneira alguma previa isso. Suas bochechas tomaram uma cor purpura o que deixou o outro ainda mais sem jeito, contudo ela logo balançou a cabeça, dizendo a si mesma que fora só uma reação involuntária e tratando de por um sorriso no rosto, mesmo não totalmente convincente e falando com a voz mais animada que conseguiu:
– Tudo bem, deixa pra lá. Agora será que dá pra gente jogar?
KyuHyun não sabia se ficava aliviado por não levar um belo de um tapa na cara ou se irritado com o pouco caso com que o beijo foi tratado. Todavia aquela não seria uma boa hora pra ficar irritado com isso, e além do mais, ele tinha um jogo pra zerar.
– Okay! Mas acho que também preciso de um banho né?
– Ann... Er então eu vou indo pra sala de jogos, e você me encontra lá? – Aishi se apressou em sair no quarto, seu rosto estava um pouco quente.
– Pode ser. Eu não demoro! Vê se não começa sem mim! – Kyu falou passando pelo quarto como um furacão pegando algumas peças de roupa enquanto a garota recolocava o game na sacola e pegava o X-BOX para instalar na outra TV.
– O que diabos você pensou que estava fazendo Kyu?
Seu reflexo no espelho o fitava com olhos atordoados, o cabelo havia sido bagunçado enquanto ele reprimia a si mesmo, dando uma aparência de quem recebera um choque elétrico. Provavelmente isso não estava tão longe da realidade.

~~~~*~~~~

O telefone já devia estar no quinto toque e ninguém da casa parecia ouvir. DongHae desligou a ducha irritado, e se enrolou na toalha e saiu para o quarto. Para piorar o telefone sem fio estava perdido em algum lugar sobre os travesseiros e chamou mais umas três vezes antes de ser achado.
– Alô! – sua voz saiu mais rabugenta do que a boa educação permitia.
– Hum... Desculpe acho que disquei o numero errado... – um homem falou do outro lado da linha.
– Com que você gostaria de falar? – DongHae perguntou usando toda a educação que lhe restava.
– Com a Pryh... Digo... Priscila Santos... – o cara respondeu numa voz arrastada que soou grave, mas para DongHae aquilo parecia voz de ator de filme pornô. Não que ele passasse seu tempo observando a voz desse tipo de ator, mas foi exatamente essa ocupação que ele daria para o homem do outro lado da linha, o qual ele já suspeitava quem seria.
– O numero está certo, mas a “Pryh” está um pouco ocupada no momento. Quem gostaria de falar com ela? – DongHae deu ênfase no apelido soando um tanto quanto territorialista aos ouvidos do outro.
– Cary Agos. – respondeu com certa altivez na voz, só para ver o que o outro faria.
– Hum, sei, o advogado. – sibilou o bailarino. – Quer deixar recado?
– Sim... Você... Ah, desculpe com que estou falando mesmo?
– Lee DongHae, um dos roommates. – A frase parecia errada de alguma forma, ou não impunha tanto quanto o rapaz gostaria de responder, mas não podia fazer nada quanto a isso.
Aquela conversa parecia conter mais do que se era dito literalmente, Cary fez uma nota metal de perguntar a Pryh sobre quem era exatamente Lee DongHae.
– DongHae, poderia avisar a ela para me ligar, surgiu um imprevisto que provavelmente vai  alterar nosso compromisso.
– Tá, eu aviso. Mais alguma coisa?
– Não, obrigado. Até mais. – Cary desligou retribuindo a educação, ou falta dela, usada na ultima pergunta.
DongHae jogou o telefone na cama e voltou emburrado para o banheiro, daria o recado depois que terminasse o banho BEM demorado. Quase meia hora depois ele desceu procurando a garota que saia da piscina e se enrolava em uma toalha.
– Priscila! – ele chamou quando ela não percebeu sua presença.
– Ahn... DongHae?
– O at... O seu amigo Cary ligou, pediu pra ligar pra ele porque surgiu um imprevisto. – falou indo direto ao assunto. – Era só pra te dar o recado.
Ela fez cara de confusa. Será que acontecera algo com Cary? Mas antes que pensasse em perguntar algo, Hae já estava caminhando rumo às escadas.
– DongHae! – ele se virou mantendo a postura distante – O.. Obrigada!
Ele aquiesceu e saiu. Priscila fez um muxoxo, subiu para o quarto e se trocou, ligando para Cary em seguida. Este explicou que estava dando uma consultoria para uma audiência extraordinária, o que fez com que eles remarcassem o jantar. Depois ela desceu novamente para a cozinha. Precisava de chocolates.

~~~~*~~~~

Depois do conselho de Isis, Jennifer passou algumas boas horas trancadas em seu quarto, estava nervosa, as palavras da garota ficavam ressoando em sua mente como um mantra sinistro. Na tentativa de ocupar a mente se ocupou em arrumar as partes do quarto que deixara sem mexer no dia anterior.
"Eu não vou me desculpar com ele! O que ele é? Ele devia pelo menos entender o meu lado como mulher, se fosse ao contrário eu entenderia... Ou não... Mas, eu não me importo com ele ou o que ele pensa, porque me desculparia?"  – Jennifer pensava enquanto organizava as prateleiras do seu guarda-roupa que estava uma bagunça.
– Droga! Eu me desculpo e volta tudo ao normal ou não me desculpo e aguento a tortura de tomar gelo?
Ela ponderou como seriam ambas a situações. Aishi só podia ter feito aquela insinuação de propósito, era muito divertido brincar com Teuk, e isso a estava lhe distraindo nos últimos tempos, se fizesse isso...
– Jennifer qual o problema com você? Pensa pelo lado bom pelo menos ele não é o DongHae e você não tem que mostrar “fraqueza” só porque ele é seu parceiro de trabalho. – A bailarina que falava sozinha jogou a peça de roupa que estava em suas mãos de lado e saiu a procura de LeeTeuk. – Que eu não em arrependa disso!
Buscou em todos os cantos da casa, terraço, piscina, garagem, sala de jogos, sala de dança, e todos os outros cômodos, mas não viu nem sinal do rapaz.
– Sabem onde está o LeeTeuk? Eu o procurei pela casa toda! – , que havia se juntado a mais velha para comer enquanto KyuHyun jogava a primeira rodada de Tomb Raider sozinho. O que era uma desculpa para ter tempo de absorver completamente a cena do quarto e encará-lo da forma mais normal possível.
 – Você procurando por ele? Você está bem? – Priscila riu recebendo um olhar furioso da mais nova. – Da ultima vez que o vi foi há uns dez ou quinze minutos ele estava indo na direção do quarto dele.
– Obrigada! – a bailarina agradeceu de má vontade, virou-se sobre os calcanhares e correu novamente para o segundo piso.
– O que há com ela? – Priscila olhou para Isis um pouco incrédula.

~~~~*~~~~

– LeeTeuk? – Jennifer bateu na porta e não obteve resposta. – Estou entrando! – ela abriu a porta e fechou atrás de si pisando delicadamente sobre o tapete branco felpudo como se tivesse entrando em um campo minado.
Jenny olhou em volta, o quarto estava impecavelmente branco, os vidros da janela e espelho do guarda-roupa brilhavam, a cama estava bem arrumada. Park era muito organizado, parecia que tudo estava no lugar exato, e, por mais que lhe doesse o ego admitir, era muito mais organizado que seu próprio quarto. As chaves e a carteira estavam alinhadas a um relógio de pulso prateado dentro de uma espécie de “bandeja” que ela não se lembrava de ter visto antes sobre a cômoda e um livro que ela não conseguiu identificar estava colocado sobre o criado-mudo, um marcador em forma de pena de anjo de material inoxidável pendia de dentro dele.
– Parece que ele é o senhor perfeição em exatamente tudo. – ela falou em voz alta um pouco assustada.
– Hey! O que faz aqui? – um LeeTeuk com uma toalha branca enrolada na cintura, com cabelos  e com o peitoral molhados saiu de algum lugar.
Jennifer olhou-o de cima a baixo parando no seu abdômen, exatamente no caminho da felicidade que admirava no dia da piscina. Aquilo continuava tendo a irritante característica de a deixava um pouco tonta e sem palavras.
– Jennifer? Porque você está aqui? – ele a olhava um pouco desconfiado. – O que você colocou no meu quarto? Ahn? Alguma armadilha, bomba, ou sei lá, alguma coisa assustadora? – perguntou olhando para os lados, tinha certeza que era mais alguma das brincadeiras da garota.
– Eu... Er... Eu... Não!
– Ou você veio aqui me espiar saindo do banho? – ele riu da própria piada.
– O QUE? Você acha que eu sou o que? Ou melhor, você acha que você é o que? – a bailarina se indignou colocando a mão na cintura enquanto ralhava come ele – Nunca que eu perderia meu tempo te espiando trocando de roupa.
– Eu não disse "trocando de roupa" em nenhum momento! Eu disse saindo do banho... Isso quer dizer que você veio me espiar trocando de roupa?
– NÃO... Você é... Aish! – ela saiu pelo quarto e bateu a porta deixando LeeTeuk exatamente confuso.
– Deus, qual o problema dela? – pegando outra toalha ele a atritou em seus cabelos para secá-los.
– AH! – Jennifer abriu a porta novamente o assustando. – Eu vim aqui sem intenção alguma de ver você com pouca roupa ou nu. – a garota balançou a cabeça tentando dissipar a imagem que se formava em sua mente – Isso que eu vim fazer não faz nem um pouco o meu feitio e eu odeio fazer esse tipo de coisa, ainda mais com uma pessoa com a qual eu não me importo. Mas... Eu vim aqui lhe pedir desculpas. – ela falou a ultima frase o mais baixo que conseguiu enquanto olhava para os próprios polegares que faziam algum tipo de dança maluca se entrelaçando.
– Ahn? O que você falou? Eu não consegui ouvir.
– Além de tudo é SURDO! – ela se irritou.
– Você que falou baixo... Se quiser que eu escute fale de uma forma clara. – ele sorriu mostrando a convinha e demonstrando estar se divertindo com a situação.
– Quero me desculpar pelas coisas que te disse naquele dia, eu exagerei okay? – ela falou de uma forma robótica, seca, não demonstrando sentimentos, ou qualquer tipo de emoção.
– Tudo bem. – LeeTeuk aceitou as desculpas com um sorriso de vitória no rosto. Havia relevado a conduta das garotas desde a noite anterior, mas era formidável obter tais palavras da boca de Jenny.
– Só mais uma coisa. – a bailarina falou levantando um dedo e voltando a tomando uma postura de ameaça. – Isso tem que ficar só entre nós dois, se por acaso alguém souber que eu me desculpei... EU ACABO COM VOCÊ! Não duvide. – ela saiu do quarto batendo a porta, deixando o garoto com uma expressão assustada.
– Que jeitinho simpático ela tem. – ele falou piscando algumas vezes enquanto observava o lugar que a bailarina estava há alguns segundos.

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[1] Ácido Mefenâmico: Antiinflamatórios não-esteróides com ação analgésica utilizado para tratamento de cólica menstrual.


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