Os dias se passaram com um pouco mais de calma, sem brigas significativas ou muito fora da rotina. Os rapazes completavam mais um mês na casa e um novo contrato, dessa vez, mais longo foi assinando. Eles haviam passado pelo período experiência infligidos no primeiro documento pela advogada. O dia da assinatura foi um pouco estranho, um sútil desconforto pairou no ar enquanto o novo contrato era lido, afinal, dois deles ainda estavam de certa forma emburrados, as meninas chegaram a cogitar a hipótese de que eles não estenderiam sua permanência ali, devido às circunstâncias.
Kyu evitava permanecer sozinho com Isis, salvo as boas horas em que estavam de frente a TV, empenhados em zera o novo game. A garota parecia normal com ele, mas o silêncio parecia gritar no tempo ocioso em que compartilhavam o mesmo recinto. E para piorar o rapaz passara algumas noites em claro revirando o momento que agora parecia curto demais ao passo que o peso do gesto parecia crescer.  Todavia ele não demostrou hesitação alguma em devolver os documentos devidamente rubricados às garotas.
DongHae por outro lado demorou um pouco mais de tempo que o necessário. Ele e Priscila ainda não estavam normais, o garoto permanecia conversando ou respondendo apenas o necessário. Depois de alguns dias isso já estava estressando a garota que teve ao menos mais duas tentativas de pedido de desculpas frustradas pelo bailarino que sempre tinha pressa para fazer algo ou ir a algum lugar. Hae não sabia se estava indignado pelo que a garota fizera ou pelo novo amiguinho “voz de ator pornô” que ela tinha arrumado. Mas, apesar disso ele ainda queria continuar na casa.
LeeTeuk por outro lado era o mais animado dos três, passara os dias se divertindo com Jennifer e seu “segredinho” sobre o pedido de desculpas. A garota parecia desconcertada por ter dado o braço a torcer, e, ao menos em sua cabeça, ter demonstrado fraqueza, ao desculpar-se. E a situação só piorava quando o rapaz começava algum assunto como se estivesse prestes a revelar o que ela havia feito. Assim, no momento em que o rapaz entregou os documentos e lhe deu um sorriso torto o que Jenny mais queria era lhe encher o rosto de tapas.
– Acho que agora está tudo certo. – Priscila falou antes que Jennifer pulasse sobre a mesa de centro da sala de estar e enforcasse LeeTeuk. – Cada um tem uma cópia e as outras ficam com a gente, e só para o caso de alguém perder vou deixar essas aqui no arquivo da biblioteca.

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– Pryh você não acha que a nossa multa ficou muito alta não? – a bailarina perguntou enquanto a mais velha abria a geladeira pegando alguns ingredientes que precisava. – Tudo bem, eles tiveram que pagar parte do valor adiantando quando vieram pra cá, e passaram no período de experiência, e, nós não vamos despejá-los de uma hora para outra, mas ainda assim... Sei lá.
A advogada sorriu de canto fitando a menor com uma expressão de que sabia muito bem onde a garota queria chegar com tais perguntas.
– Pensando em quanto pagaria caso causasse a saída de alguém Jennyzinha? – ela alfinetou com a sobrancelha erguida fazendo com que a outra arregalasse os olhos num falso ultraje.
– Eu? É claro que não! Por que faria uma coisa dessas?
– Vamos fingir que eu acredito nessa sua pose de vitima. De qualquer forma, o dinheiro da caução está guardado em uma conta separada, se um deles sair o valor está praticamente coberto, mas é claro que a pessoa que causasse isso de propósito também sofreria consequências. – advertiu. – E quanto ao valor, não está acima do estipulado para nenhuma das partes.
Concluiu Priscila e Jennifer fez um bico, pensativa.
– Acho que terminei. Vou subir e chamar os meninos, você e a Aishi arrumam a mesa. – comunicou.
Priscila seguiu pelo corredor batendo na porta dos quartos e abrindo as mesmas avisando seus respectivos donos que o jantar estava pronto. Poderia ter simplesmente batido em todas e falado mais alto como fazia Jennifer quando queria economizar tempo, porém não era o que precisava naquele instante. Deixou a ultima porta a esquerda do corredor por ultimo, dando uma batida dupla leve antes de entreabrir a porta.
– DongHae?
– Já estou descendo. – ele respondeu jogado na cama já imaginando o que a outra queria.
– Na verdade queria falar com você antes. – ela abriu a porta e deu um passo para dentro do recinto permanecendo ali até que o dançarino confirmasse que ela podia entrar. Só então fechou a porta e se aproximou da cama onde ele arrumava o corpo para se sentar.
– Sente-se. – ele disse daquele jeito formal que já estava irritando-a. Priscila olhou em volta, primeiro para a cama confortável que ela sempre adorou, mesmo antes da presença de DongHae na casa, e então para a cadeira perto da janela. Preferiu optar pela ultima. – O que queria falar? – questionou ele.
Pryh suspirou de leve, a pergunta soou como se Hae quisesse se livrar dela o mais rápido possível. Teve vontade de ralhar alguma resposta mal educada, mas tal atitude só geraria o efeito contrario da sua “missão” em abordá-lo.
– Eu vim te pedir desculpa por aquele dia. – comunicou ela e DongHae desviou o olhar do seu. As próximas palavras foram despejadas num jorro.  – E antes que saia pela porta novamente como das outras vezes, por favor, escute. Eu realmente não tinha a intensão de te jogar o chocolate, ainda mais quente. Não sei o que deu em mim naquela hora... Eu já estava bolada com algumas coisas, você deve ter notado a bagunça no meu quarto. – DongHae abriu a boca para dizer algo mas Pryh levantou a mão pedindo que ele esperasse. Eu sei que isso não justifica minha falta de tato, mas eu realmente não gosto que fiquemos dessa forma com que estamos esses dias.
A garota olhou para as próprias mãos de forma culpada. Qualquer reprimenda que o rapaz tinha morreu antes de chegar aos lábios, seu senso de justiça já o havia atormentado a cada vez que ele a impedira de explicar-se. Hae suspirou, também estava cansado daquilo, a verdade é que sentia falta de estar próximo a ela.
– Tudo bem. – o silêncio finalmente foi quebrado pela voz masculina. – Já está perdoada.
A menor sorriu um daqueles sorrisos de verdadeira satisfação, por enfim estarem se entendendo. Os lábios dele se repuxaram levemente nos cantos em reação a isso.
– Amigos? – a garota estendeu a mão para ele. DongHae olhou para aquela parte por alguns segundos.
– Amigos. – quando apertou a mão da advogada ainda sorria, porém era de forma travada, esforçando-se para que seus lábios continuassem curvados, no entanto a alegria anterior não mais habitava seu olhar. Sua mente tentava bravamente afastar o sabor acre que a palavra proferida deixava em seus lábios. – Melhor descermos ou o Kyu vai acabar com toda a comida sem nem pensar em nós.
A garota riu inclinando levemente a cabeça pra trás, não havia percebido a mudança de um sorriso para o outro. Encaminhou-se para a porta descendo a escada com Hae em seu encalço, quando chegaram à cozinha os outros já haviam começado a comer. O rapaz sussurrou um “não disse?” para a advogada que apenas balançou a cabeça e sentou-se num dos dois lugares vagos e começou a se servir, logo sendo acompanhada pelo outro.
O jantar foi regado por conversas sobre o que haviam feito durante o dia. KyuHyun estava desenvolvendo um sistema para a empresa e tentou explicar algumas coisas sobre isso, contudo não obteve muito entendimento dos presentes, e por fim se conteve apenas a comentar sobre  a fase nova que ele e Aishi estavam tentando passar no jogo que ela lhe dera. A designer parecia tão animada quanto o programador. LeeTeuk estava muito animado com o novo comercial que filmaria de uma fragrância de perfume em duas versões. A equipe ainda não havia escolhido a protagonista, pois segundo ele estavam entre uma modelo famosa e alguém que se adaptasse melhor ao perfil das personalidades de cada fragrância. A versão "Gold" era composta por notas frutais quentes, Jasmim Sambac, Gardênia e Canela, cujo tema seria dança do ventre com um toque moderno. A variante "Black" tinha notas florais com pimenta rosa e violeta negra, e a atriz encararia uma atitude mais hip hop sensual. Isis e Pryh se animaram com a ideia, a primeira por causa do amigo e a segunda pela já conhecida queda que tinha por danças do oriente médio.
Jennifer foi à única que não falou muito, estava irritada com os passos novos que estava aprendendo e por estar errando mais que o normal. DongHae havia passado o dia a alfinetando sobre isso e a ultima coisa que queria era dar mais motivos para que ele implicasse. O posto de troll ali pertencia a ela, e só dividiria com pessoas com quem simpatizava. DongHae não  estava incluso nisso, claro.
– Ah lembrei-me de uma coisa! Trouxe isso pra você. – Teuk tirou um CD de um quarteto sul coreano feminino da bolsa. – Acho que vai gostar da faixa cinco, tem um estilo árabe dançante.
– Agora que a Jenny fica sem a sala de dança. – Isis alfinetou rindo enquanto DongHae e KyuHyun olhavam confuso e a bailarina ficava bicuda, mais pelo presente dado do que por qualquer coisa.
– Você dança? – Kyu perguntou com uma cara de psico-pervertido que fez Priscila se encolher a cadeira.
Ela balançou a cabeça afirmativamente e voltou seus olhos para a sobremesa.
– Devia se apresentar pra ele Pryh. – Jennifer finalmente abriu a boca.
A advogada olhou feio pra ela, e Kyu pareceu animado, ao menos até ganhar um chute acidental de Isis.
– Ai! Quem foi o infeliz?
– Yaaaahh! Deu certo! – LeeTeuk gritou ao verificar uma mensagem que havia recebido, estava com cara de que havia conseguido algo muito bom.
– Pare de gritar!  – Jennifer que quase derrubara seu suco com o grito alheio deu um tapa leve no braço do ator.
– Havia indicado uma pessoa pra fazer a garota do CF e aceitaram. – falou ele mostrando todos os dentes num sorriso radiante.
– E quem seria a pessoa? – DongHae perguntou.
– Uma das garotas dessa casa. – o outro fez suspense, ganhando olhares arregalados, Isis sabia que não seria ela, pois não sabia dançar nada, Pryh primeiro ficou com medo, todavia se acalmou depois se lembrou que não dançava nada de hip-hop, então só sobraria... – Jennifer.
– COMO É QUE É? – a mesma se levantou com raiva. – Você tá maluco ou o que? Tenho milhões de coisas pra fazer, sem contar a coreografia da nova apresentação! Quem você pensa que é pra ter esse direito?
– Mas você não disse outro dia que gostava da ideia de comerciais musicais?
– Sim, hip hop até entendo, mas não esse tipo de dança! Não gosto da imagem passada, nem da exposição. Pode ligar pra quem é que seja o responsável e cancelar isso! NÃO TE PEDI NADA, ENTÃO NÃO SE META NA MINHA VIDA!
LeeTeuk a encarou por alguns segundos e então se levantou da mesa pedindo licença ao outros. Subiu escadas a passos pesados audíveis de onde eles estavam. Ele costumava ser um rapaz bem paciente, mas havia um limite pra isso.
Um silêncio recaiu sobre a cozinha, Kyu também se retirou, DongHae não sabia se terminava de comer ou se deixava as três garotas em paz para o que parecia ser uma DR iminente, ou se ficava pra ver a briga.
– Por que fez aquilo? – perguntou Pryh olhando o quanto Jenny continuava tranquila.
– Aquilo o quê? – Jenny perguntou dando de ombros. Isis foi a próxima a deixar o local ou acabaria batendo na amiga.
– Gritar com o LeeTeuk em pleno o jantar de quarta. Você deveria era agradecer por uma pessoa no mundo gostar de você. – Pryh colocou o próprio prato na pia. – Que eu saiba as pessoas ficam felizes por alguém apreciar seu trabalho a ponto de indica-la para algo que parece importante.
  DongHae não conteve um riso nasalado com a cara de indignação que Jennifer fez ao ouvir tais palavras.
– Hae, quem te chamou na conversa?  Eu grito com quem eu quiser. – falou alto para qualquer um da casa escutar. E então se virou novamente para o colega de trabalho. – E só pra te dar uma dica gostar de alguém nunca é uma boa coisa.
  Jenny adorava implicar com Hae, mas nunca o tratava tão mal quanto a LeeTeuk. Depois de ouvir essas palavras DongHae perdeu seu sorriso de deboche, sem querer, Jenny tinha “tocado” a ferida.
– Só não é uma boa coisa quando quem a gente gosta não gosta da gente.
Priscila, se ainda estivesse na sala de jantar, nem teria notado que Hae falava dela. Mas, além de estar com raiva da falta de gratidão de Jenny tinha um caso para estudar e deixou os dois sozinhos após lavar seu prato.
– Se ela te faz sofrer tanto por que não desiste? Você sabe que ela nunca vai mudar. – rebateu não se importando em ser delicada com a situação.
– Ela quem? – O rapaz nunca tinha falado dos seus sentimentos para ninguém, muito menos pra Jenny. A bailarina o fitou por cima dos óculos como quem diz: “Quer enganar quem?” – Se o LeeTeuk tem esperanças que você mude, a Pryh é um caso mais fácil. – replicou num sorriso triste.
  Jenny ignorou a parte ofensiva do comentário e continuou, derramando o resto da raiva que ainda sentia numa ameaça.
– Só te digo uma coisa, se você não for legal pra minha amiga eu te quebro na porrada. Sem nem pensar duas vezes.
– Você devia tentar ser menos violenta e dar uma chance pro Teuk. – DongHae sugeriu focando-se na parte prática da questão.
– Aish Hae, a conversa estava tão boa até você começar a dizer asneiras. – ela desconversou.
Hae se levantou da cadeira rindo, foi atrás de Jenny e cochichou em seu ouvido.
– Se o LeeTeuk consegue te irritar mais do que eu é porque ele meche com você não é? – sua voz soou irritantemente petulante, e ele ainda mantinha o sorriso torto enquanto deixava a cozinha.
Jenny ficou a ponto de explodir, mas isso só iria confirmar as palavras alheias. Juntando todo seu autocontrole ela se levantou da mesa e começou a lavar a louça, ao menos assim poderia descontar sua raiva em algo.

~~~~*~~~~

Batendo a porta com raiva pela primeira vez na vida, LeeTeuk trancou-se em seu quarto. Depois de andar em círculos resmungando por algum tempo ele deixou o corpo cair pesadamente sobre a cama. Seus olhos miravam o teto enquanto seus pensamentos iam cada vez mais longe.
  – Não é justo, não é justo... –            Repetia para si mesmo.
  Ele tinha plena consciência de que ela não o odiava tanto quanto queria demonstrar, mas não era certo Jenny descontar toda sua raiva nele, principalmente quando tentava ajudar em algo que seria bom para o reconhecimento da mesma.
– Aish! Que mulher complicada. Seria tão mais fácil se eu pudesse ignorar que ela existe. – No entanto, LeeTeuk sabia que era impossível.
Seus pensamentos foram interrompidos por batidas na porta que ele teimava em ignorar colocando a cabeça debaixo do travesseiro, não queria falar com ninguém naquele momento. Do outro lado Isis continuou insistindo por uns bons cinco minutos.
– Teuk, eu sei que você tá ai dentro! Abre a porta!  – gritou por fim, continuando ali por mais alguns momentos, e quando já estava pensando em desistir o moreno levantou-se de má vontade da cama e a destrancou. – Eu sei que vai parecer absurdo o que eu vou falar, mas ela não faz por mal.
A mais nova tentou acalmar o amigo que não parecia bem. Aishi jamais vira LeeTeuk naquele estado, e o fato de ter já o considerar não só um amigo, mas como um irmão só lhe deixava mais inconformada com a situação.
– Eu juro que estou tentando me convencer disso, mas tá difícil... – ele sentou-se na cama apoiando os cotovelos nos joelhos e escondendo o rosto com as mãos.
– Eu nem devia tá te dizendo nada, mas isso é bom sinal. – disse ela fechando a porta e indo se empoleirar ao lado dele. O garoto arregalou os olhos enquanto Aishi mantinha sua calma explicação: – Ela não se sentiria tão incomodada se não sentisse algo forte por você. Jenny só está lutando contra o que ela sente, de uma forma idiota, mas é isso...
  – Eu só queria entende-la melhor para saber como contornar essa situação. – Teuk "jogou" seu corpo pra trás fazendo um bico pensativo.
– O que posso dizer é que Jenny é só uma criança grande se protegendo dela mesma.
LeeTeuk meneou com a cabeça mostrando que havia entendido. Isis o puxou para se sentar.
– Agora melhora essa cara, temos que pensar em algo para aquela criatura teimosa aceitar o comercial.
O mais alto riu, dando um forte abraço e um beijo na testa da melhor amiga.
  – Obrigado, Aishi!

~~~~*~~~~

A advogada se mantinha concentrada estudando um caso no qual daria entrada no recurso do veredito no próximo dia. Buscava erros da procuradoria e repassava as provas apresentadas pelo promotor procurando alguma pela qual pudesse pedir anulação. De tão absorta que estava mal ouviu as batidas na porta e tomou um susto quando a voz masculina ecoou a sua frente.
– Priscila? – Cho a chamou com o corpo praticamente colado a mesa, Pryh deu um sobressalto na cadeira derrubando seu pote de canetas.
KyuHyun ainda a assustava, isso era um fato. O pior de tudo era que quando ele sorria torto como fez naquele instante na tentativa de parecer amigável enquanto se abaixava para ajudá-la  a catar as canetas. A mente da advogada o repelia e sua espinha teimava em gelar de uma forma desagradável. Podia ser exagero de sua parte, mas trombar com ele pela casa no escuro ainda a mataria de taquicardia.
– Posso falar com você? – pediu KyuHyun.
– Po-pode. – respondeu finalmente, retirando alguns papeis de cima da poltrona branca que havia sido colocada próxima – até demais – da mesa em que ela trabalhava. – Em que posso ser útil? – perguntou em um tom profissional que usava para clientes desconhecidos.
Por um breve momento o “mascotinho medonho” suspirou, perdendo ao menos parte da áurea intimidadora que Pryh via em torno do mesmo. A moça não sabia se sentia alivio ou ficava alarmada consigo por acha-lo “cuidável” devido à expressão triste.
– Preciso de ajuda... – Kyu confessou encarando o chão. – Se não resolver isso logo acho que vou ter um curto-circuito mental.
Priscila retirou seus óculos de leitura, colocou-os sobre a mesa e entrelaçou as mãos se inclinando na direção do outro.
– Por que eu acho que o nome Isis tem tudo haver com seu “problema”? – Perguntou sorrindo sinceramente enternecida por essa faceta dele. – Anda! Pode começar me contando o que tem acontecido entre vocês.
– Como? Ela disse alguma coisa?  – questionou ganhando uma negativa em forma de aceno.
– Não é assim tão difícil de deduzir que estava rolando algo.
Cho suspirou.
– Dias atrás, depois da nossa briga ela me comprou um jogo que eu queria e... Eu fiquei tão feliz e me deixei levar, acabei beijando-a...
KyuHyun despejou um relatório de seus últimos dias sobre a advogada que ouviu quase tudo sem interrompê-lo. Pryh só abria a boca para perguntar alguma coisa que ele não deixava claro sobre seus sentimentos, reações de Isis, ou a falta delas. O programador temia que caso se declarasse para a maknae não seria correspondido, já que ela nunca deixava claro o que sentia.
– E é isso... – concluiu ele por fim, deixando com que o corpo fosse largado no encosto de couro branco do estofado.
Santos o encarou torcendo os lábios de forma pensativa por alguns segundos antes de começar a falar.
– Não vou mentir, pode sim existir a possibilidade da Aishi te ver só como um amigo, mas de tão lerda que é Isis é quase incapaz de notar tanto os sentimentos alheios como os próprios. Sem contar, claro, da síndrome de pássaro.
– Como assim? – Cho pareceu não entender.
– Além do fato de estar acostumada a ser livre por não ser de se apaixonar muito, ela precisa se sentir confortável com a pessoa com quem namora. Você tem a confiança dela como a de um amigo. Não sei quão próximos estão, mas esse é o primeiro passo! Conhecê-la, mostrar que se importa e que estará lá quando ela precisar. Às vezes ela pode parecer distante, mas não é de propósito, faz parte de sua personalidade, o importante é deixá-la saber que tem pra quem voltar. Mas fazendo isso sem pressioná-la ou você terá o efeito contrário do que quer.
– E como raios eu vou conseguir um equilíbrio entre tudo isso? – Kyu exasperou-se subindo algumas oitavas do seu tom de voz.
Ao menos dessa vez a advogada não se assustou, estava começando a acreditar que podia ter mais conversas “decentes” com o rapaz. Não era totalmente confortável como alguns dos outros, mas ao menos não queria sair correndo a qualquer sinal de movimento bruscos vindos dele.
– Vou tentar pensar em alguma coisa. – ela tentou confortá-lo. – Mas, uma coisa eu digo: Ficar evitando a Aishi não é nem de longe a melhor saída. Como quer que a garota sinta algo se você fica fugindo dela?
KyuHyun fez um bico quase fofo pela reprimenda.
– Vou cuidar disso.

~~~~*~~~~

Quando terminou de secar e guardar todos os utensílios da cozinha Jennifer já estava mais calma, ao menos em relação as palavras de DongHae sobre Park. Ficou dizendo a sim mesma que as recaídas que tivera em relação ao ator foram ou por seu físico atrativo, ou por pressão das amigas. E só se irritava mais com ele porque ele era mais insuportável. Pessoas certinhas eram irritantes e pouco confiáveis, simples assim.
As explicações mentais que ela se dava enquanto folheava um livro na biblioteca foram interrompidas pelo telefone. Como estava perto atendeu no primeiro toque.
– Alô?... Sim é da casa dele, quem gostaria? – Jennifer sorriu maleficamente ao escutar a resposta alheia, e por pouco não se esqueceu da ligação.
– Ah, estou desculpe... Então Aime, ele deu uma saída, mas avisou que caso ligasse eu poderia confirmar tudo. – a bailarina usou um tom simpático enquanto gargalhava mentalmente.
Sua testa se enrugou por alguns instantes tentando se lembrar de quem era o nome informado. Não gostou muito da opção, mas já que ela mesma não era uma usou da primeira que veio a mente.
– Não, não vai ser nenhuma das duas. A Melanie está ocupada com um workshop e eu não posso viajar por algum tempo. – disse ela como quem pede desculpa, mas voltou a sorrir logo em seguida, ao que Aime a questionou.
– Nós conversamos, e a Priscila acabou aceitando, porque vai estar com a agenda livre na data. De qualquer forma, ela é bem mais próxima a ele. – sua voz havia tomado um tom ambíguo na ultima frase, e a mulher do outro lado pareceu captar isso, principalmente devido ao que disse em seguida.
– Oh! Claro que não! – respondeu Jennifer como se o pedido fosse uma trivialidade na qual seus envolvidos estariam totalmente acostumados.
– Como eu disse, eles são bem próximos e não vão se importar.
Jenny passou as informações que a garota solicitou e também se prontificou a receber o envelope que a outra iria enviar, já que o principal interessado andava muito ocupado e chegava do trabalho mais tarde que o usual. Aime não desconfiou do que ela pretendia, ficando muito grata por DongHae ter uma “amigas” tão solidárias como Jennifer e Priscila. Mal sabia ela dos planos da primeira para o roommate.  E, se tudo corresse conforme o planejado, quando sequer desconfiasse tudo já estaria pronto, e mudanças não seriam uma opção.
Depois de desligar o telefone a bailarina discou o numero do escritório da amiga mais velha dando algumas instruções a secretaria da mesma, que supostamente eram ordens de Priscila. Jennifer tomou o cuidado de lembrar a assistente da falta de necessidades de lembretes para a ocasião. Pois ela pessoalmente se encarregaria disso e dos outros procedimentos para que tudo saísse na mais perfeita ordem.
Seu plano de vingança estava armado. Sendo assim, ela guardou algumas anotações que fizera e subiu as escadas saltitando de dois em dois degraus.
“Se vire com isso Lee DongHae!” – foi o que pensou antes de fechar a porta do próprio quarto.


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