Jennifer não podia acreditar que estava fazendo aquilo, seu orgulho
era mesmo uma droga. Mas o que ela poderia fazer? Dar o gostinho da vitória a
aquele três que ficavam lhe provocando não era uma opção. Escolhera provar que
eles estavam errados, e para isso enfrentaria as aulas; que graças a qualquer
coisa, Pryh aceitara lhe dar. A bailarina estava verdadeiramente comovida por
sua boa ação, embora uma vozinha no fundo de sua mente a advertisse de que isso
não a fosse comover mais tarde.
Ademais, contar a Teuk havia sido uma das situações mais
constrangedoras desde o pedido de desculpas. Como naquela ocasião ela precisara
enrolar para conseguir finalmente dizer que iria testar aprender algumas
coreografias com a mais velha das moradoras. Antes mesmo que dissesse que era
apenas um teste e se não gostasse não continuaria, Park estava rindo como Pryh
fizera, e claro, passou o café da manhã a provocando, e como se não bastasse,
recebera algumas mensagens de texto com detalhes não muito interessantes sobre
obrigatoriedades a serem aprendidas no decorrer do dia de trabalho. “Achei que atores fossem mais ocupados”
pensava ela depois de lê-las em seu intervalo e responder malcriadamente cada
uma.
E ainda tinha DongHae. Aquela não era a primeira vez que a bailarina
se perguntava o que havia feito de tão ruim em sua vida para merecer o rapaz
como parceiro de dança e roommate.
Devia ser algo muito grave para merecer um ser tão azucrinante no seu pé. E
agora aparentemente a chatice era contagiosa e estava passando para sua unnie
que se juntaram a clube do "vamos
atormentar a Jenny" e passara o café e caminho quase todo falando
sobre a aula que lhe daria aquela tarde. O que só dava mais corda para Hae
lançar olhares que valiam mais do que qualquer provocação verbal a bailarina.
Priscila por sua vez, nem sequer notava isso e continuava a tagarelar
animadamente. Ela realmente estava ansiosa e feliz por fazer aquilo. Talvez ela
mudasse de ideia depois de ver a cara de poucos amigos de Jennifer que se
refletia no espelho da sala de dança.
– Boa tarde! – a advogada, ainda radiante, entrou na sala
de dança seguida por uma Isis mal humorada.
– Porque que mesmo eu preciso estar aqui? – questionou a designer.
– Porque nada me tira da cabeça que você estava de complô com aqueles
dois vadios para me manipular a aceitar isso. Então queridinha você vai dançar sim! Além disso, vai ser bom para largar
de ser sedentária. – comunicou Jennifer.
A advogada apenas lançou um olhar de esguelha para a outra e seguiu
para a aparelhagem de som. Plugou o pendrive deixando a pasta que queria pronta
para ser executada.
– E então, vamos aquecer? – disse sorridente.
– Eu já fiz isso. – comunicou a bailarina sentando-se em posição de
índio perto dos espelhos. Priscila encarou-a com a sobrancelha levantada,
daquele modo como questiona se era verdade ou não. – Que foi? Não tenho culpa
das duas serem lerdas.
Isis deu um tapa no rosto na típica “palmface”, e a advogada revirou
os olhos encarando Jenny e depois um ponto fixo no espelho e então revirando os
olhos mais uma vez. Em seguida ela e a designer fizeram os devidos exercícios
de aquecimento, ouvindo vez ou outra os palpites de Jennifer.
– Então podemos começar? – perguntou a que estava sentada numa
impaciência visível.
– Na verdade não. – Pryh se abaixou pegando dois conjuntos de vestes,
um azul claro e outro rosa e jogou um para cada uma. – Vistam isso. – disse
apontando para o banheiro que havia na sala.
– Por quê? Olha o tamanho disso! – Jenny desdobrara os tecidos e
descobrira que se tratava de uma calça de malha com um cinto cheio de bordados
dourados alguns lembrando pequenas moedas e uma blusa de amarar de um ombro só.
Até ai estava tudo bem, não fosse o fato de que a blusa
era curta deixando pele demais a mostra. As vestes
de Isis eram iguais as dela, porém ao invés de rosa tinham uma tonalidade
clara de azul.
– Ah Jenny você já vestiu coisa bem menor em apresentações tenha dó!
– reclamou Priscila já olhando pra Aishi que pensava em abrir a boca. E depois
se voltando para a bolsa retirando um sinto igual ao delas só que com a base de
tecido no mesmo tom de azul royal da
calça que ela usava por baixo de um blusão. – E se for pra dançar que seja
usando a roupa certa, então não comecem.
– Já usei sim, mas isso em uma apresentação!
Não vejo porque tenho que me vestir assim só para aprender!
As orbes da mais velha reviraram mais uma vez, o que aparentemente se
tornaria um hábito durante as aulas. – Se quer saber, o cinto é uma das partes
que ajuda a dar o efeito legal quando você está dançando, conta metade do seu
esforço, e a blusa faz parte do conjunto
ué.
Isis fez um bico e então deu de ombros indo para o pequeno cômodo que
era uma mistura de quarto para guardar coisas que a bailarina usava e vestiário
com um banheiro no fundo. Jennifer cerrou os punhos e rumou atrás da outra
pisando duro. Nem havia começado a “aula” e tudo que ela queria era se trancar no
quarto.
– Malditos
sejam você e o Park! – reclamou antes de bater a porta.
Santos que ficou para trás apenas abafou um riso com as mãos mirando
o espelho e piscou travessa par o próprio reflexo. Estava animada para ver se
amiga e toda sua marra seria aprovada no primeiro dia, e como ela mesma lidaria
com sua fúria.
– Pronto. – Jenny apareceu bicuda seguida de uma Aishi que já
brincava com o barulho que o cinto fazia.
– Isso é legal! – disse a mais nova.
– Você se conforma muito rápido! – reclamou a bailarina olhando feio
para a menor e então se voltando para a mais velha. – E você não vai se trocar
não?
– Ah sim! – Priscila tirou o blusão e amarrou o cinto em torno do
quadril, ao contrario das outras duas, sua veste era uma peça única. Um macacão
azul feito de malha na parte que compunha a calça e o top tipo academia, e
unindo essas duas um tecido semitransparente que terminava no local em que o
cinto era amarrado, e, assim como as outras, o tecido da roupa
se moldava perfeitamente as formas de
seu corpo.
– Que sacanagem é essa? Como assim sua roupa é a mais coberta e eu
tenho que vestir isso? Tá de vadiagem de propósito é isso! – Jennifer se
empertigou.
– Dá próxima vez mantenho minhas ideias pra mim. – Aishi sussurrou
baixinho encarando a si no espelho enquanto fazia a melhor fisionomia de
lástima que conseguiu.
– Achei que essa ia ser a melhor pra vocês me acompanharem, além
disso, não tinha outras peças de ensaio limpas, às outras eram vestes
tradicionais, e não são boas pra ensinar. Pelo menos não na primeira vez. – a
advogada deu de ombros, não se abalando.
Jennifer passou mais uns bons quinze minutos reclamando, contudo
depois de ser alertada que o tempo que elas concordaram de ensaio só começaria
a contar a partir do momento em que o mesmo realmente começasse a garota se
calou, ficando emburrada enquanto fazia os movimentos que a mais velha começava
a tentar passar.
– Não consigo fazer isso! – reclamou pela décima vez enquanto
assistia Aishi requebrar os quadris toda sorridente.
– Jenny o truque é no joelho! Afasta os pés um pouco... Não tanto!
Agora movimenta os dois juntos... Não assim! Em sentidos inversos!... Não é tão
difícil!
“Não é tão difícil, não é tão
difícil, o caramba que não é difícil! Porque diabos eu não consigo fazer essa
droga? Deve ser praga daqueles dois filhos da mãe, só pode! Argh! Mas que
droga!” – reclamava mentalmente enquanto podia jurar
ouvir a risada baixa de Teuk. Seus olhos correram toda a sala e a porta de
vidro. Não havia sinal dele, ela não poderia estar ficando louca, poderia? – “Maravilha!” – seu lado irônico
carregava seu interior – “Agora além de
aturar isso estou imaginando aquele imbecil rindo. Muito bom Jenny... Muito
bom!”
– Jennifer você tá me ouvindo!? – a voz da mais velha chamou a
atenção da bailarina.
– Que!? Tô me deixa! Eu vou fazer certo agora okay? – respondeu.
E realmente fez, contudo, só depois de várias novas tentativas.
– Jenny você tá parecendo um zumbi! – dessa vez era Isis que
reclamava do modo “automático” com que a bailarina imitava os novos movimentos,
dessa vez com os braços.
– A não Isis até você não! – rebateu a outra se virando de costa para
o espelho e botando as mãos na cintura. – Eu tô fazendo exatamente o mesmo
movimento porque o meu tá errado?
– Achei que você fosse a primeira a reconhecer que dança precisa de
paixão... – respondeu Pryh num suspiro. – Pode não ser as que você ama, mas
essa também vai passar paixão... Seus movimentos tão ok, mas estão travados e
seu rosto não demonstra os sentimentos da música... La Tes'alny passa paixão,
entrega, mas também diversão. Se você sentir a batida seria como alguém que se
diverte seduzindo... Ao menos eu acho isso.
– Não consigo sentir nada disso. – rebateu a segunda mais nova
emburrada. – Se sente tanto porque você mesma não demonstra? Até agora só ficou
ai corrigindo!
– Argh! – Priscila bufou. –
Okay! Isis volta a musica?
A advogada saiu pisando duro até o meio da sala enquanto encarava o
espelho reclamando baixinho. Só quando os acordes da musica começaram ela
fechou os olhos e deixou-se relaxar e quando os abriu novamente sorria pra
Jenny de um jeito que só a fez irritar-se mais. Os movimentos começaram leves
no quadril acompanhando a melodia calma do inicio da canção, seus braços
oscilaram no ar com leveza e seus olhos fixos no espelho. Quando a batida mudou
ela sorriu travessa, uma das mãos enlaçando-se nos próprios cabelos soltos e a
outra brincando perto de suas curvas que bailavam de um lado para o outro;
rodopiou algumas vezes até chegar próxima à frente da sala onde se concentrou
no próprio reflexo, e, apesar de relutante, encarou a superfície como que
ignorando a mesma e em seu lugar delineando mentalmente as formas de alguém que
ela poderia querer entreter com sua dança.
Um sorriso lento desenhou-se nos seus lábios e ela mirava os próprios
olhos, que até mesmo Jennifer tinha de admitir, tomavam um tom de malícia,
brincando com os próprios cabelos ela girou ainda se movendo conforme o ritmo,
balançando o tronco como as odaliscas faziam e parando no meio da sala ofegante
com direito a uma ultima rebolada apoiada na ponta de um dos pés.
– Feliz agora? – disse quando terminou.
– Sim, mas eu tô cansada demais pra fazer isso! – ralhou Jennifer
encostando-se a parede emburrada. Ela estava indignada por não conseguir fazer
da forma certa.
A mais velha olhou-a furiosa, já estava querendo dar-lhe uma broca de
verdade, mas nada do que fizera até então havia resolvido. Só lhe restava
encerrar, pelo menos por aquele dia.
– Okay, mas de amanhã você não me escapa! Podemos terminar por aqui.
– disse por fim, sentando-se no chão e observando a garota sair marchando duro
para fora da sala.
~~~~*~~~~
Jennifer saiu porta afora pisando duro. Estava irritada, não queria
fazer aquilo, mas seu orgulho era maior do que tudo e por isso precisava fazer
aqueles ensaios para o comercial idiota. Não aguentava mais ouvir a voz de
Priscila explicando-lhes repetidas vezes a forma certa de se movimentar e
chamando sua atenção quando ela errava algo que a advogada dizia ser muito
fácil, e aquela demonstração só ferira ainda mais seu ego. Assim que saiu da
sala de dança soube que seu imediatamente que seu humor iria piorar, já que
recostado a parede oposta estava DongHae de braços cruzados aparentemente
esperando por algo que ela não soube identificar o que. A bailarina o olhou
rapidamente e virou o rosto, seguindo seu caminho sem olhá-lo.
– Hey! Está fugindo de que? – DongHae gritou fazendo-a parar e se
virar lentamente em sua direção.
– O que você quer? – questionou Jenny mantendo a pose superior e
colocando a mão sobre o quadril.
– Eu? Nada. – DongHae sorriu. – Só estou aqui pensando como você é
volátil.
– Volátil?! Eu? Ahn? – Jennifer franziu a testa.
– Estava toda relutante em não fazer a dança e agora olha só para
você? – ele riu apontando para ela de cima a baixo frisando a roupa. – E o pior
pelo que eu entendi você só leva esporro lá dentro.
– DongHae seu filho de uma... – Jennifer interrompeu a própria frase,
respirou fundo e virando-se, chegou uma das portas do lado da sala que jazia
trancada e saiu o mais rápido possível dali antes que fizesse uma besteira ou
se irritasse mais.
DongHae ficou rindo sozinho um tempo até ver Isis e Priscila saírem
juntas da sala de dança. Assim como fizera com Jenny ele observou as roupas
alheias, aprovando, mais do que o necessário, a ideia do vestuário próprio para
as aulas.
– Hae? – as duas disseram em uníssono quando interrompendo a conversa
ao notarem a presença alheia.
– Olá moças! – ele sorriu amarelo e então se virou para a maknae. –
Isis será que eu poderia conversa com a Priscila em particular por um segundo?
– era nítida a mudança de tom dele para falar com as duas e o modo que usara
antes para se dirigir a parceira de trabalho.
– Claro. – a designer sorriu e após um aceno deixou-os sozinhos.
Hae olhou para a advogada que o encarou por alguns instantes,
tentando buscara em sua expressão alguma dica do que ele pretendia. Ele tinha
uma expressão entre sério e desconfortável, mas ainda assim parecia animado com
algo.
– Er... Como eu vou dizer isso...? – DongHae coçou a cabeça um pouco
receoso de quais palavras escolher para fazer o convite. – Pryh, hoje à noite
na cidade um grupo de dança de salão vai fazer uma apresentação... Um amigo meu
conseguiu alguns ingressos, mas por falta de companhia ele me passou e então eu
gostaria de saber se você gostaria de ir comigo assistir ao espetáculo. –
DongHae respirou depois de cuspir tantas palavras de uma só vez.
– Hoje?
Ele fez que sim com a cabeça e sorriu para ela, dessa vez mais
abertamente. O que só piorou a situação da advogada que não sabia como
responder aquilo.
– Gostaria muito de ir, mas eu tenho um compromisso inadiável hoje. –
Santos sorriu sem graça olhando para as próprias mãos, assim ela não viu a
forma como o sorriso se transformou em uma careta. Quando seus olhos voltaram a
face de DongHae ele já havia montado uma mascara para esconder o desapontamento.
– Não podemos ir em uma outra noite? – perguntou tentando ser o mais simpática
possível.
–- Infelizmente o espetáculo é só hoje... – respondeu DongHae um
tanto sem jeito.
– Aishi! Que pena! Eu realmente não posso adiar meu compromisso... –
concluiu em tom de desculpas. – Mas, porque não chama a Jenny? Ela vai adorar,
afinal é dança!
– Você está louca? É como cometer suicido chamar aquela garota
para... – DongHae revirou os olhos, socando-se mentalmente. Por pouco não
deixara a palavra “encontro” escapara dos próprios lábios. –... Qualquer coisa.
– comentou rindo tentando disfarçar o quão embaraçado se sentia.
– Hum... É tem razão. – a
advogada fez muxoxo e então voltou a olhá-lo e tocando-lhe o braço da forma
mais displicente que pode tentou animá-lo. – Se houver uma próxima oportunidade
eu realmente adoraria ir... – assegurou sorrindo e então se afastou para ir
trocar de roupa.
– É quem sabe na próxima... – Lee disse baixinho em um tom
desgostoso, enquanto encarava a forma que as pedras do cinto da outra refletiam
o sol do dia irritantemente brilhante do lado de fora.
~~~~*~~~~
Isis já havia se tomado banho e trocado de roupa quando ouviu as
batidas na porta, quando abriu deu de cara com o mais velho dos rapazes parado
a sua frente com uma fisionomia divertida. Olhando para os dois lados do
corredor a maknae o puxou para dentro do quarto sem dizer nada, e só depois de
fechar a porta se virou pra ele que já se acomodava numa poltrona perto da
janela.
– E então... O que achou?
– Interessante... – Teuk tentou segurar o riso, mas sem sucesso
algum. – E ela vai matar a nós três se desconfiar!
– Principalmente pelas encaradas que rolaram. Em alguns momentos eu
cheguei a pensar que ela soubesse... – Aishi riu nervosa e LeeTeuk ficou sério,
fingindo não ter sido diretamente afetado, se havia algo em que ele havia
reparado era nisso. – Jennifer é muito teimosa às vezes, mas não acho que
esteja tão ruim... Acho que por enquanto é birra. Ela vai conseguir se dar bem.
– Acho que sim... – Park meneou a mente indo longe, analisando os
erros e acerto da garota.
– A única parte ruim disso
tudo é que você deve ter se divertido mais que a gente... Ah! E na próxima vez
vê se ri mais baixo tá! Essa risada escandalosa quase fez tudo ir por água
abaixo. – repreendeu a menor.
– Desculpe, não deu para evitar... O Kyu fez um comentário engraçado
e...
– COMO ASSIM? O QUE ELE ESTAVA FAZENDO LÁ? Tem noção de que a gente
“tava” seminua? – Isis quase caiu da cama com aquela nova informação, enquanto
LeeTeuk engolia em seco, tinha plena noção... Ao menos em se tratando de uma. – O combinado era só você!
– Hey! Calma ai... Não foi minha culpa, eles me viram entrando e até
eu explicar o que eu ia fazer achei melhor mostrar logo o plano antes que Jenny
percebesse. – Aishi o olhou feio e começou a estapeá-lo. – Ai! Out isso dói
sabia? Além disso, a roupa ficou bem pra você também, e você foi bem durante o
ensaio... A Pryh também. – ele tentou confortá-la, mas só gerando o efeito
contrário.
Estar tudo bem do cara que a via como irmã mais nova a ver daquela
forma, até mesmo DongHae, mas não KyuHyun.
Por algum motivo aquilo a deixava totalmente desconfortável. O final do
discurso do melhor amigo também não a ajudara, além do que acabou despertando a
pontada de mágoa que ela ainda sentia pelo almoço daqueles dois. Era infantil,
porém, ainda assim ela voltou a sentir raiva da amiga mais velha. Se soubesse
de que seu tiro sairia pela culatra não teria dado ideia nenhuma para o amigo.
– Se deixá-lo entrar mais uma vez, você morre ok? – disse de repente,
assustando o outro. – Agora se me der licença, preciso dormir, aquela aula me
matou.
– Tá bom, eu já sei que não sou mais bem vindo, não precisa me
expulsar. – reclamou Park enquanto bagunçava o cabelo da mais nova e então se
levantou seguindo para a porta.
~~~~*~~~~
KyuHyun estava deitado na própria cama,
primeiro refletindo sobre as ultimas horas e os sentimentos que elas afloraram
ainda mais em si e depois sobre os dois últimos dias. Ele ainda não conseguia
entender o motivo de Isis estar tão brava com ele, repassou os momentos em que
eles estiveram junto pela trigésima vez e não encontrou nada de errado. O episodio mais rude dos dois foi pelo atraso
quando foi busca-los não trabalho, mas que havia ganhado a maior parte de seu
mau humor foi LeeTeuk e não ela. Eles mal haviam conversado...
– Eureca! – o ultimo diálogo com o mais velho
dos rapazes voltou a sua mente. A garota devia ter ouvido, só poderia ser isso.
Rindo de sua própria lerdeza por não ter se
tocado disso antes Cho largou o controle e desligou o X-Box, seguiu para o
banheiro e tomou uma ducha enquanto refletia no que faria a respeito.
– Se ela ficou brava é porque tá com ciúmes.
– pensou alto enquanto observava a água respingar de seu cabelo recém-lavado. –
Será que se eu a convidar pra um jantar essa noite...? Não Kyu isso seria muito
óbvio!
Fazendo caretas enquanto tentava lembrar-se
de algum programa que não desse muito na cara o rapaz saiu do banheiro, trocou
de roupa e então passou a revirar um site de eventos para gamers. Na cabeça dele
era algo especial já que era a maior afinidade entre os dois, a qual ele não
tinha com nenhum outro membro da casa, e de quebra ainda seria interessante.
Depois de quase desistir lembrou-se de um panfleto que havia sido colocado no
limpador de para-brisa de seu carro. Um dos cinemas independentes da cidade
estava passando um documentário sobre maiores games com mais duas opções de
longas baseados em RPG.
– Isso
deve dar certo. – afirmou para si mesmo. Agarrou o pedaço de papel e seguiu
animado para fazer o convite a mais nova.
Cho nem precisou bater na porta, já que assim
que levantou o braço pra fazê-lo, Park abriu a porta ainda rindo de alguma
coisa desconhecida para o maknae. Teuk o cumprimentou com a cabeça e desceu as
escadas.
– Posso entrar? – perguntou tentando ser
educado.
Isis deu de ombro. Queria esconder a cara no
travesseiro por saber que ele a vira dançar, e mataria o melhor amigo se
ouvisse qualquer comentário.
– Que foi? – perguntou na defensiva, o que
fez com que sua voz soasse um pouco mal humorada.
– Hum... Tá a fim de ir numa sessão de cinema
independente? – perguntou se aproximando da cama da garota, e entregando o
panfleto a ela continuou. – Eles tão passando um documentário sobre games, e
depois podemos escolher um desses dois filmes pra ver.
Aishi pegou o flayer desconfiada, o
média-metragem parecia interessante, e não seria tão cansativo para um
documentário. Então ela passou as opções dos filmes. G.I. Joe e Tekken; Isis
torceu a boca em desgosto, o primeiro filme era um dos preferidos de sua unnie
mais velha.
– Não posso ir hoje! – disse devolvendo do
papel a ele e deixando o corpo cair pra trás.
– Que? Por quê!? São bons filmes, baseados em
games, achei que ia gostar! – Kyu sentou na cama, encarando-a indignado.
– Eu gostei. – ela deu de ombros. – É só que
hoje estou ocupada.
KyuHyun semicerrou os olhos e a puxou pelas
pernas até ficar perto dele.
– Ocupada? Não parece nem um pouco ocupada
agora! Vai fazer o que? – insistiu.
– É que... – Isis tentou por a mente para
trabalhar. Precisava de uma desculpa ou ele não a deixaria em paz. – Hoje tem
um coquetel de um amigo que fazia teatro com a Jennifer... – disse a primeira
coisa que lhe veio à cabeça. Por sinal aquilo não era de todo mentira, mas ela
tinha que convencer a dançarina a marcar presença na festa. O problema é que
Jenny já havia falado que não ia.
– E não pode cancelar? Deixe a Jenny ir
sozinha!
Cho estava sendo teimoso, mas ele não estava
a fim de se dar por vencido assim tal fácil.
– Não, é importante e eu vou. O filme fica
pra outro dia. – sentou-se na cama, encarando-o com firmeza.
– Okay, amanhã então, vai ter outra sessão e
vamos juntos. – o programador não deixou espaço para opção ou negativa vindas
da garota e então caminhou rumo a porta. – Ah! E se vai no coquetel está
atrasada, parece que você tem muita coisa pra fazer e se arrumar, né? –
alfinetou sarcástico, e saiu do quarto.
A designer fechou os olhos, deitando-se
novamente e enfiando o rosto no travesseiro para abafar um grito. Que droga ela
havia feito? E o que ele queria dizer com muita coisa para fazer?
~~~~*~~~~
– Jennifer você precisa me ajudar!
A bailarina mal havia saído do banheiro
quando foi abordada pela mais nova. Ainda estava enrolada em seu hobby rosa,
com pantufas da mesma cor e uma toalha lilás enrolada na cabeça. Tudo o que
queria naquele momento era deita-se em sua cama e esquecer todos os gritos da
tarde.
– A gente precisa ir ao coquetel do Joshua! –
disse com toda a convicção possível.
– Como? O McQueen? – Isis fez que sim com a
cabeça. – Você mesma não disse que estava sem vontade de ir?
– Disse... Só que olha, se você pensar, vai
ser uma desfeita muito grande nós não irmos! Você era quase sempre o par dele
nas peças musicais, além disso, o Josh é um amorzinho. Que custa a gente ir? E
você mesmo diz que não saímos junta desde que os rapazes começaram a morar
aqui?
– Mas eu não tenho roupa!
– Tem sim! Você fez compras na semana passada
e não usou nenhuma das peças, larga de ser mentirosa.
Jennifer levantou uma das sobrancelhas,
estranhando o comportamento alheio. Por trás daquela mudança repentina de ideia
com a festa “cheia de gente sem sal” – segundo a própria Aishi – devia ter
alguma coisa. Porém era verdade que Jenny estava precisando sair, saber que
veria pessoas que conhecia e que nenhuma delas teria olhos puxados e
personalidade exacerbadamente irritante parecia um pensamento reconfortante
para a bailarina.
– Tudo bem! – rendeu-se por fim.
– Obrigada unnie! Você é a melhor! – Isis deu
pulinhos abraçando-a.
– Okay, okay, você já conseguiu o que queria
agora me deixa procurar o que vestir e vai se arrumar, temos três horas ainda.
Anda!
A Bailarina revirou os olhos para toda a
animação repentina e passou a procurar as sacolas que nem haviam sido
desfeitas. Acabou escolhendo um vestido rosa em
viscose de uma alça e tachas na parte superior.
Só precisava de um sapato que combinasse, o que a fez lembrar se de uma
sandália que estava no quarto de Pryh. Após secar o cabelo vestiu uma calça e
uma regata e saiu à procura de sua unnie.
Deu duas batidinhas na porta, e entrou. Havia
algumas roupas em cima da cama, o som no Dock Station do banheiro tocava uma
faixa de New Age do Era. Jennifer deu uma espiada e a advogada estava deitada
na banheira de olhos fechados. Não querendo interromper e também curiosa sobre
o que ela estava planejando para aquela noite Jennifer foi futricar a agenda da
mais velha.
“Neo
Palatino – 21 horas – Jantar, Cary.”
– Pera ai eles vão sair e ela nem falou nada?
Pryh safadinha! – riu-se e então passou a olhar o vestido que estava na cama
com mais atenção. Era sexy, e alguém morreria de ciúmes de vê-la, mas para isso
ela devia dar um empurrãozinho, afinal se nem ela mesma sabia do tal encontro
duvidava que o principal interessado na casa, depois da própria advogada,
saberia.
Andando sorrateiramente ela foi até o closet
da mais velha, abriu a parte de sapatos e não demorou em encontrar o que
queria. Saiu do quarto, deixando o calçado no próprio aposento e indo procurar
pelo “adorado” parceiro de trabalho, talvez assim ele criasse alguma atitude.
~~~~*~~~~
Há mais de trinta
minutos DongHae rodava pelos aparelhos da academia montada próxima a piscina
interna da casa. Aquela era uma forma de autopunição por pensar em convidar Priscila
para um “encontro” e ter recebido o que parecia um fora da advogada; Ele não
tinha ideia do que poderia ser o tal compromisso inadiável que ela tinha, não
soube e nem ouvirá nenhum comentário até o momento na casa, o que o fez
acreditar que aquilo era uma desculpa. Chegara à conclusão de que ela havia
inventado aquilo porque não se sentiria bem saindo com ele.
Com esse
pensamento na cabeça o rapaz deixou o aparelho que suava pra flexão e subiu na
esteira pela terceira vez, programando a velocidade media. As gotas de suor já
encharcavam sua regada, Hae esperava que com elas a vergonha que ele sentia
também fosse expelida para fora de suas células. Dessa forma, limpando seu
corpo das toxinas que vindas de seu ressentimento.
– Parece que
alguém aqui está com dor de cotovelo. – uma Jennifer com um sorriso debochado
entrou pela porta e sentou-se um pouco afastada no chão em posição de índio
enquanto observava os movimentos alheios.
– Não começa! –
advertiu sem nem olhava para a bailarina.
– Começar? Com o
que? – sorriu ela se alongando no chão enquanto via Lee desligar o aparelho,
jogar água no rosto e então enxugar os cabelos com uma toalha de rosto branca.
– Você veio aqui
para zombar de mim porque a Priscila não aceitou sair comigo essa noite não é?
Pode falar!
– Como é que é?–
Jennifer levantou do chão rapidamente. – Não me diga que a Pryh te deu um fora?
– a bailarina só faltou rolar no chão de tanto que ria.
– Espera aí, não
foi um fora! – Hae rebateu na defensiva.
– Não? – Jenny
enxugou um pouco das lagrimas que saiam dos olhos por rir tanto. – Para onde
você a chamou?
– Um espetáculo de
dança de salão, hoje à noite! – ele falou automaticamente.
– Dança de salão?
Seria daquela companhia que está fazendo turnê na cidade? – a garota perguntou
já sabendo a resposta. – Você sabe muito bem que o espetáculo de dança deles é
algo bem dinâmico e que o publico são casais que costumam ficar na plateia se
pegando não é?
Lee permanecia
mudo olhando para o chão envergonhado.
– Então você a
convidou para um encontro e ela disse não! – Jennifer falou sorrindo de canto.
– Espera você não
sabia que eu tinha convidado ela? – a
bailarina negou com a cabeça ainda sorrindo em deboche ao ser questionada. –
Então você só soube por mim? – dessa vez a resposta fora um aceno positivo. –
Aish! Ao invés de ficar ai que nem uma idiota rindo você deveria praticar os
passos da dança do ventre. Soube que
você é um horror nesse tipo de dança. – DongHae mudou o foco atacando onde
doía.
Jennifer parou de
rir e se aproximou a passos lentos dele.
– DongHae. – a voz
de Jenny não passava de um sussurro. – Porque você não sai do meu pé hein? Você
devia se preocupar com você.
O bailarino deu um
passo para trás com medo de que a maluca fizesse algo contra ele. A garota deu
mais alguns paços em torno do corpo masculino, parando à suas costas e
colocando as mãos em seus ombros. Lentamente o virou de frente para um espelho grande que havia no fundo da sala,
e, fitando os globos alheios, ela continuou.
– Você se acha
esperto, mas foi você que levou Priscila para almoçar ontem? – questionou.
– O que?
– Você já deve ter
percebido que minha unnie vive fugindo de alguém nessa casa né? – Jennifer saiu
de trás dele. – KyuHyun convidou Priscila para almoçar ontem e sem pensar duas
vezes ela aceitou. Enquanto você Lee DongHae está chupando dedo. Porque não foi
o seu convite que ela aceitou de primeira e não é com você que a unnie vai sair
essa noite... – a frase foi finalizada propositalmente.
– Com quem ela vai
sair essa noite?
– Você gosta dela
não gosta?
As duas perguntas
saíram ao mesmo tempo.
– Jennifer,
responda a minha pergunta!
– Só se você
responder a minha! – Jenny cruzou os braços, inabalável.
– Gosto. Priscila,
assim como Isis e diferente de você, é uma boa pessoa! – falou ele. – Agora me responda!
Jennifer sorriu.
– Se você quer
tanto saber por que não pergunta ela? – desafiou.
– É um homem ou
uma mulher?
– DongHae, se você
fosse um pouco agradável eu contaria para você, mas como você é totalmente
antipático vou deixar você sofrer com essa dor de cotovelo, mas eu digo uma
coisa. A companhia dela é muito BOA! – Jennifer frisou "boa" com uma
intensidade diferente. – Continue aí sofrendo com seu fora! – concluiu deixando
o ressinto e deixando o outro pensativo.
~~~~*~~~~
Jennifer subiu a escada, saltitante e ainda rindo. Porém assim que
chegou ao andar de cima teve o braço puxado e foi arrastada até o cômodo mais
próximo, no caso a biblioteca.
– Que você pensa que tá fazendo?
– Eu que pergunto isso: Que porra você acha que estava fazendo lá embaixo?
Sério você é tão idiota assim? – o tom de reprovação na voz de LeeTeuk era
gritante, mesmo que seu timbre fosse baixo.
– Do que tá falando?
– Do que eu tô falando? Jennifer não se faça de sonsa! Você não pode
ser tão burra a ponto de não saber que aquilo era brincar com os sentimentos
dele!
– Você ficou me espiando? – ela ainda tentou parecer indignada.
– Quer parar de mudar de assunto? – Park a sacudiu e então a empurrou
no sofá que ficava entre as estantes de livro, sentando-se na poltrona de couro
preto, suas mãos bagunçando os próprios cabelos. – Você ia gostar que fizessem
aquilo com você? Ia apreciar que esfregassem no seu nariz que o cara de quem
você gosta é legal com todos menos com você? E que ele ainda vai jantar com
outro ser saído do meio do inferno e recusou um convite seu por causa disso!?
Diga, ia achar isso engraçado se fosse com você?
A bailarina não conseguia proferir qualquer resposta, as palavras de
Teuk haviam sido mais fortes do que um tapa na cara. Nunca o havia visto tão
furioso, nem quando ela fazia suas brincadeiras e ele era o alvo, ou quando
gritara com ele no jantar. Naquela ocasião ele simplesmente descontara sua
raiva num bater de porta, contudo, agora que ela feria seu amigo ele explodia.
Queria sentir raiva disso, ou rebater com sarcasmo, todavia a verdade era que
ela estava de alguma maneira admirada com o ato de proteção.
– E então? Vai ficar calada? – o fluxo de pensamentos foi
interrompido pela voz desaprovadora de LeeTeuk.
Jennifer fungou.
– Eu estava tentando ajudar! Ele é burro e não faz nada, tá
totalmente na cara que ele gosta dela mais fica “lerdando”.
– Ajudar? Você ainda tem a audácia de dizer isso!? Para de ser
infantil e pensa um pouquinho – ele apontou para a cabeça dela batendo os dedos
nas têmporas – usa isso que você chama de cérebro pra alguma coisa que não seja
brincar com os sentimentos alheios!
LeeTeuk levantou-se ainda furioso e saiu
porta a fora, não queria ficar mais ali, só esperava que pudesse ter feito
algum pingo de consciência entrar na cabeça da mulher mais problemática que ele
já conhecera na vida.
~~~~*~~~~
– Jenny? – Isis entrou no quanto da
bailarina, algumas roupas e um sapato em mãos. O cabelo já escovado. Porém não
encontrou Jennifer, a passos rápidos tratou de ir até o fim do corredor, abrindo-a
porta da direita e entrando rapidamente. – Unnie!?
– Aqui! – respondeu a mais velha em frente a
bancada do lavabo onde um arsenal de maquiagem estava espalhado. Aishi
semicerrou os olhos, será que Kyu teria tido a audácia de trocá-la por
Priscila. – Que foi? – perguntou a advogada ao ver a mudança na fisionomia
alheia.
– Que? Ah, nada. Tá toda arrumada, vai a
algum lugar?
– Urrum.
A resposta murmurada e sem detalhes, havia
deixado Isis ainda mais cismada. Enquanto isso aparentemente alheia à indignação
que se passava no interior da amiga, Pryh terminava de combinada a toda atenção que Santos dava a
finalização do esfumado camurça claro com delineador gatinho e cílios postiços
que alongavam a parte externa, seus olhos ficavam ao mesmo tempo delicado e
misteriosos graças ao efeito felino. A boca por fim ganhou um tom de rosa
queimado puxado levemente para o vermelho.
– E então o que precisa? – Perguntou a
advogada quando terminou. – Vai sair também? – a pergunta soou animada, mas o
entusiasmo desvaneceu-se um pouco após a resposta da outra.
– Sim, eu e a Jenny vamos ao coquetel do
Josh...
– Achei que tinham desistido, e que você
fosse sair com o Kyu.
Isis arregalou os olhos para o final da
frase. Como assim, até aquele momento ela achava que a mais velha que fosse ter
a companhia do programador. "Porque
você o recusou." Sua consciência fez o favor de lembrar-lhe desse
pequeno detalhe.
– É... Não, eu tinha resolvido ir, precisamos
prestigiar o trabalho dele...
Não havia muita convicção naquela resposta, o
que só deixou a mais velha ainda mais desconfiada da decisão repentina. – Se tá
dizendo... – comento dando de ombros e começou a pensar numa forma de perguntar
sobre Kyu mais antes que fizesse a voz da maknae já estava lhe distraindo.
– E você vai sair com quem? Tá toda arrumada,
e com esse vestido lindo. Vai sair com o Hae?
A primeira reação à pergunta da mais alta foi
às bochechas coradas e um olhar surpreso, que logo foram trocados por um
balançar de cabeça em negação e um suspiro mal disfarçado. Ela ainda estava se
sentido culpada por recusar o convite dele.
– Vou jantar com o Cary. – contou por fim,
soando menos animada do pretendia. Não sabia explicar o motivo de estar daquela
forma se no fim da manhã se sentia feliz por ver o amigo. – Mas como sabia do
convite do Lee? – questionou ao lembrar-se que ela não estava por perto.
– Os ingressos eram do Teuk, ele achou que o
DongHae gostasse e tal... Agora eu realmente acho que ele mesmo devia ter
usado... Ou não, tanto faz! Pode me ajudar com a make? Procurei a Jenny e ela
não tá em lugar nenhum.
Pryh riu amarelo pra mudança repentina da
outra e após analisar o que Isis usaria aquela noite começou a trabalhar em seu
rosto, usando tons em degrade de pérola, acobreado e marrom claro e finalizando
a maquiagem
com um batom pink que mais nova escolheu. Os olhos ficaram harmonizados com o vestido
verde aqua que Isis avia escolhido. O modelo de mangas fofo ia até o meio das
cochas e o tecido se cruzava a frente do corpo em um plissado preso por uma
espécie de faixa de cetim que reavivava ainda mais as cores e dava um efeito
“ampulheta” ao moldar-se ao corpo garota.
– Estou implicando com suas sandálias. –
confessou Santos após ver a garota pronta já munida de uma bolsa-carteira com
spikes. – Já sei. – a garota saiu rumo ao closet e voltou dez segundos depois
com uma sandália
nude de salto alto fino. Tinha tira finas que a prendiam no tornozelo e mais
duas a frente que formavam um “x”, essas últimas contavam com pequenos spikes
prata, dando um ar despojado misturado ao delicado. – Experimente!
Isis a colocou nos pés e andou de um lado
para o outro desfilando pelo quarto e recebendo a aprovação da mais velha.
– Como vocês vêm se arrumar aqui e não me
chamam? – Jennifer brotou na porta do quarto, estava totalmente pronta, o
vestido que havia escolhido, uma sandália sorrateiramente emprestada e o cabelo
preso para trás deixando a franja de lado. – E você dona Pryh que nem avisa que
vai sair com o Agos, tô sabendo dessa vadiagem toda! Mas tudo bem... A gente se
acerta na próxima – ameaçou fazendo acenando com as mãos como se pedindo para
que ela aguardasse. – Agora adem logo ou vamos nos atrasar... Girls' night out!
– cantarolou a ultima parte.
Priscila e Isis não tiveram outra opção que
não cair na risada, e Jennifer se sentiu aliviada, toda a produção combinada
com uma pitada de arrogância necessária disfarçavam o fato de que minutos antes
ela acabou rendendo-se ao choro devido a bronca de LeeTeuk. Mas, aquilo já
havia ficando no passado e tudo que ela queria naquele momento era aproveitar-se
da festa do antigo companheiro de trabalho para distrair a mente.
– Pera se nós três vamos sair, e os meninos o
que vão fazer? – Pryh perguntou antes que as outras saíssem pela porta.
– Vão ficar em casa chupando dedo. – Isis
quem respondeu uma frase que seria típica da bailarina.
– Porque não os convidaram?
– Porque não. – as mais novas responderam
juntas.
– Ainda acho que eles adorariam ir. –
comentou, parte do motivo por estar com consciência pesada.
– Não inventa Priscila! – ralhou Jennifer.
– Quer apostar? – desafiou a mais velha.
– Não vou apostar nada porque se não formos
agora nos atrasamos e seu queridinho deve chegar daqui a pouco.
– É fácil, dá o endereço da festa pra ele e
eles vão depois. – argumentou outra vez.
– Melhor não. – Isis também estava relutante.
– Tudo bem. – Pryh deu de ombros.
– Falando em endereço, o convite tá com quem?
– a bailarina se lembrou de que não sabia o local da comemoração.
– Você tinha deixado no home office. –
lembrou-se a menor.
– Okay, passamos lá e pegamos. Tchauzinho
vagadiva, divirta-se e juízo heim! – jennifer despediu-se.
– Tchau unnie! – a maknae acenou e seguiu
logo atrás da bailarina.
– Vocês também! – Respondeu a advogada
recostando-se no batente da porta a tempo de perceber um KyuHyun emburrado entrando
para seu respectivo quarto. Num raciocínio rápido ela teve uma ideia, e saiu
correndo atrás das duas.
~~~~*~~~~
Depois da conversa
com Jennifer DongHae havia passado enrolado mais algum tempo na academia e
depois resolvera se isolar no terraço, só retornando quando vira um taxi parado
a frente da casa. Que ele supôs estar levando a advogada. Voltando ao quarto
ele tomou um banho, mas nem isso lhe serviu para acalmar o que sentia; estava
com raiva de tudo, de Jennifer, de Pryh e seu amiguinho, Kyu, mas principalmente
de si mesmo. Bufando e xingando baixo, jogou-se na cama e ficou revirando, como
uma criança birrenta, os pensamentos conturbados o colocando num transe
masoquista. Passavam das nove da noite e pela fresta entreaberta da porta ele
ouviu o som de chamada do celular da advogada vindo do quarto ao lado. Por um
momento pensou que ela o tivesse esquecido e se levantou para olhar, mas antes
que chegasse a porta a melodia foi substituída pela voz feminina.
– Alô... – houve
uma breve pausa enquanto a pessoa do outro lado dizia-lhe algo – Okay, não se
preocupe, eu não esperei muito, já tô descendo. – a voz de Santos parecia
animada, e ele podia ver em sua mente o sorriso que ela certamente esboçava.
DongHae trincou os
dentes e apertou os olhos, sentindo-se irritado. Como ele não havia percebido
que ela estava em casa ainda? E porque ela tinha de transparecer-se tão
animada? O barulho do salto andando pelo corredor o tirou de alguns pensamentos
sádicos. Antes mesmo que percebesse ele estava parado em frente à própria porta
olhando as costas desnudas de Pryh. Só para piorar a situação ela estava linda,
o vestido preto embora tivesse mangas longas e uma frente simples – que ele
pode ver quando a garota voltou pelo corredor para deixar alguma coisa sobre o
aparador – possuía nas costas um decote profundo que descia até quase a base de
sua cervical. Os bordados de alguma pedra que ele não lembrava o nome
acumulavam-se em um “V” na base do decote chamando atenção para o quadril e
mais algumas seguiam uma linha curvilínea até se encontrarem ao ombro onde
havia mais pedras e ligavam-se delicadamente feito um colar na frente do vestido. Nós pés saltos altos pretos e o cabelo preso
num rabo de cavalo simples. Lee engoliu em seco, ela estava sensual na medida,
e ao mesmo tempo simples e sofisticada.
"Mas não é com você que ela vai sair essa noite" – o pensamento o
atormentou encarnando a voz de Jennifer.
Os trajes da
garota só serviram para aguçar sua curiosidade. Com passos leves e inaudíveis
como os de um felino que se esgueira entre a savana, DongHae seguiu para o
andar debaixo passando direto para a sala de estar. Abriu uma das janelas
laterais num ponto estratégico onde tinha uma boa visão da porta da casa, mas
não poderia ser visto.
Priscila sorria de
um jeito meigo para o loiro. O cara não devia ser muito mais alto que ele, mas
Lee não podia ter certeza daquela distancia. Terno preto, não totalmente
abotoado, camisa branca com botões demais abertos – ao menos na opinião de
DongHae –, sapatos sociais e cabelos desalinhados como quando ele queria dar um
visual despojados mas que leva um bom tempo para se arrumar. Bem afeiçoado e
podia ser considerado atraente para os padrões femininos. Pior do que todos os
atributos da concorrência, apenas o fato de que o tal Agos e Santos pareciam
bem entrosados.
"E deviam ser, afinal pelo que Jennifer frisou durante a tarde eles
pareciam gostar de jantar juntos frequentemente." – Lembrou-se ele.
DongHae balançou a cabeça tentando livrar-se do eco da voz da bailarina que se
repetia em sua mente.
Quando se focou novamente na cena do exterior
da casa já não ouvia mais o timbre sarcástico, nem qualquer outro som. Sua própria
pulsação batia tão forte em seus ouvidos e reverbando como uma vibração em sua
cabeça que era impossível assimilar qualquer outra coisa, a não ser Cary
arrumando com gentileza uma mecha solta do cabelo de Pryh. DongHae cerrou os
punhos, a respiração estava inconsistente. Quem o visse de longe poderia
compará-lo a um touro de festivais espanhóis, bufando, com o olhar mortal fixo
apenas no tecido vermelho brandido a sua frente. As pálpebras dilatadas e a
veia na lateral de sua cabeça saltada.
Cary colocou as
mãos nas costas da garota e a conduziu rumo ao carro. O professor podia
imaginar o calor que a pele dela emanava, quando a viu no andar de cima havia
imaginado por um milésimo de segundo conduzindo-a da mesma forma. Era
revoltante ver aquele loiro aguado que surgira do nada levando a de casa.
Virando-se rapidamente ele saiu rumo à porta, não tinha nenhuma coerência em
seus pensamentos, a única coisa que sabia era que aquele teatrinho acabaria
ali. De alguma forma ele mandaria aquele imbecil ir embora e se necessário
arrastaria Priscila para dentro de casa.
~~~~*~~~~
Nota da Autora: Olá garotas! E ai como vocês estão? Curtiram ou capítulo maior ou nem? Ao menos eu me diverti horrores escrevendo, sim eu rio da minhas próprias maluquices escritas, mas ainda ao imaginar a reação de algumas das minhas leitoras lendo XD
Pra quem ficou com dó do bias ali levanta a mão e bate aqui o/\o, mas enfim, tenho que agradecer a Jenny por essa cena porque tava difícil sair. Thi~~ pivete da Ahjumma também que sempre ta me socorrendo nas crises de ‘não consigo escrever’, não sei o que faria sem você
Enfim, o que vocês acham que vai acontecer? Ele vai atrás dela? Alguém vai pegar ele tendo um ataque? Vai rolar popcorn na porta da casa? Heim? Heim? E as fangirl das bailarinas, ansiosa pro comercial? Não sei vocês mais tô animada pra tudo isso! Vejo vocês na próxima!